“A
força crística desce através da simbólica Árvore, e até certo estágio do
processo iniciático de uma pessoa vem nascer no seu coração, tornando-se
humanizada. Isso está simbolizado quando Jesus nasce no estábulo entre os
animais. Os animais simbolizam os elementos bestiais que temos em nossas mentes
– os elementos impuros – todas as formas animalescas que possuímos em nossa
psique. E o Cristo Cósmico humanizado nasce como criança no estábulo”.
Figura 1.
Alquimia e Cabala são as duas grandes ciências
que o iniciado necessita entender a fim de caminhar na trilha de volta ao Éden.
Essas duas ciências – Alquimia e Cabala – estão simbolizadas no Livro do
Gênesis. A Alquimia está simbolizada como a Árvore do Conhecimento, que em
hebreu é chamada Daath. A Cabala está simbolizada no Livro do Gênesis como a
Árvore da Vida. Essas duas árvores representam a ciência ou a sabedoria
precisa, o conhecimento preciso que alguém necessita para conhecer Deus e
chegar à libertação do sofrimento.
Gnose é palavra grega que significa
conhecimento. Gnose encorpa o conhecimento de duas árvores: a Árvore da Vida e
a Árvore do Conhecimento do bem e do mal. Os livros do Gênesis e Revelação são
os veículos daquele conhecimento e estão codificando aquela sabedoria. Ao
examinarmos o Livro de Revelação precisamos ter em mente estarmos estudando
algo profundamente simbólico, e não estarmos a simplesmente trata-lo em nível
literal.
Conforme explicamos em anterior palestra ao
abordarmos as sete igrejas mencionadas pelo escritor João, em que ele dizia de
sete igrejas na Ásia, entendíamos pela Cabala não se tratar da Ásia, conforme
estava ali escrito, porém de עשיה Assiah, que é o mundo físico, o reino. E
aquelas sete igrejas são simbolismos de sete centros magnéticos que existem no
corpo físico e noutro corpo interno [etérico] que possuímos. Do mesmo modo
outros símbolos, nomes e palavras do Livro de Revelação são simbólicos.
Isso nos remete ao preciso significado
provindo do conhecimento que o Livro está indicando. Alquimia e Cabala
constituem-se na fundação para o iniciado. Elas produzem a base sobre a qual a
trilha pode tornar-se realidade. Então esta base é o entendimento fundamental
que todo iniciado precisa ter para se trabalhar no caminho certo. A Cabala e a
Árvore da Vida são mais ou menos um mapa, um símbolo. Aquela árvore codifica na
sua estrutura um guia que demonstra como ambas, a consciência e a natureza,
trabalham. E para o iniciado, para o estudante, para o aspirante realmente
entrarem diretamente no conhecimento contido no Livro de Revelação, necessário
entender a Árvore da Vida pelo próprio Livro de Revelação, uma vez que nele o
conhecimento da Árvore da Vida ali está contido.
Se não tivermos um bom entendimento de como
funciona a Árvore da Vida ou a Cabala jamais entenderemos o Livro de Revelação,
do mesmo modo que não entenderemos o Livro do Gênesis e todo o restante da
Bíblia sobre este assunto. Este símbolo codifica todo aquele conhecimento.
A árvore apresenta a gnose de uma forma
visual indicando estruturas e relações. Aquelas relações e estruturas existem
dentro de nossa própria psique. Estão dentro de nós. Demonstram como funcionam
nossos próprios sistemas psicológicos. Daí a necessidade de o iniciado entender
aquelas estruturas.
Ao examinarmos o Livro de Revelação e
estudarmos o seu texto observaremos que a linguagem é bem como de um sonho. É
linguagem bastante poética. Tem um tipo de estrutura, um tipo de tom que faz do
Livro algo diferente de todo o resto da Bíblia. E isso deve-se à linguagem com a
qual foi escrito. Revelação segundo o Livro do Gênesis é uma expressão da
língua cabalística ou raiz do conhecimento. E o tom e linguagem que o livro apresenta
demonstra um conteúdo bem maior do que simplesmente as palavras impressas
evocam.
Quando lemos, por exemplo: “E voltei-me para ver quem falava comigo e,
voltando, vi sete candeeiros de ouro, e, no meio dos sete candeeiros, um
semelhante a Filho de homem, com vestes talares, e, cingido à altura do peito
com um cinto de ouro”, e tomando esse trecho literalmente ficaremos muito
desapontados, uma vez que por este nível literal não é possível acessar o
verdadeiro significado exposto pelo livro inteiro. Imaginar somente uma pessoa
radiante não é suficiente.
O Livro de Revelação é um livro sagrado
exatamente porque demonstra e comunica uma ciência; é algo prático, não
meramente alguma coisa para ser acreditada que temos de utilizar. E isto é
realmente a natureza da Gnose ou Daath.
Infelizmente a maioria dos leitores da Bíblia
e Livro de Revelação falha em captar isto porque desconhece as chaves.
Estudamos Gnose, a Árvore da Vida e estudamos Alquimia para conseguirmos
aquelas chaves e usá-las na decifração dos símbolos contidos naquele Livro. E
para decifra-los precisamos entender algo sobre a Árvore da Vida.
A
ÁRVORE DA VIDA
Imaginemos ou
visualizemos uma esfera, um círculo, e coloquemos sobre aquela esfera o nome
Malkuth, que é palavra hebraica que significa “o reino”. Essa simples esfera é
algo a exemplo de um símbolo algébrico, matemático, representando muitas
coisas. Porém neste caso, naquilo que estaremos buscando representar nesta
palestra, diríamos ser aquele círculo a representação de nosso corpo físico.
Como se fosse uma pessoa. Então nós, assentes dentro de um veículo físico, estaremos
simbolizados por este círculo de Malkuth. Este círculo pende ou dependura-se de
um triângulo e o triângulo tem em cada ponta uma esfera.
E agora trazemos para a
nossa imaginação uma simples esfera, pendendo isoladamente acima de um
triângulo apontado para baixo. Aquele triângulo simboliza uma parte profunda de
nós, de nossa psique, com aspectos de nossa própria estrutura psicológica.
Temos então este corpo físico
simbolizado por Malkuth. E temos dentro de nós energia, representada na
primeira esfera junto a Malkuth, na base do triângulo pendente voltado para
baixo. Aquela esfera é chamada Yesod, significando a fundação. As duas esferas
no topo junto ao extremo do triângulo são Hod uma delas à esquerda, e a outra
chamada Netzach à direita.
Yesod ou a esfera mais
abaixo dessas três que estão acima de Malkuth, representa a energia que
possuímos, frequentemente chamada o corpo vital ou corpo etérico. É a energia
que transmite vida ou força ao corpo físico que possuímos. Então em certo
sentido podemos dizer que dentro da esfera de Malkuth, propriamente, temos
Yesod que entretanto, simbolicamente, está mostrada acima e separada de
Malkuth.
Após Yesod a próxima
esfera é Hod relacionada com nossa energia astral ou energia emocional. A
direita dela está Netzach relacionada com a mente, com o intelecto, com o
pensamento. Em sânscrito Netzach é chamada Manas. Esta representa o Manas
inferior relacionado com nossa mente.
Acima deste triângulo
temos outro triângulo apontado para baixo. No ponto mais baixo deste triângulo
está outra esfera chamada Tiphereth. Esta é Manas Superior, em sânscrito. Manas
é um termo que significa mente ou mais literalmente intelecto. Entretanto não é
intelecto do modo como normalmente pensamos. Em Netzach temos um tipo de mente
mais concreta, mais racional, e em Tiphereth temos um tipo de mente mais
intuitiva ou abstrata. Vemos então que a medida que estivermos nos movendo
adiante de Malkuth estaremos trabalhando com formas psíquicas mais e mais sutis: com mais e mais formas sutis de energia.
Figura 2.
O que estamos olhando
são as cinco esferas inferiores da Árvore da Vida. Estas cinco representam o
que Paulo chama de o homem terrestre. Ao lermos então o Livro de Revelação por
João, verificamos que João está realmente representando uma parte de nossa
psique relacionada com o homem terrestre, e essa parte de nossa psique recebe
instruções, sabedoria de outra entidade, de outra inteligência. Assim estas
cinco esferas nos são importantes para que compreendamos o Livro de Revelação.
Na medida em que penetramos nos simbolismos da Cabala conforme apresentado no
Livro de Revelação, os objetos se tornam muito complicados e bastante densos.
Estas cinco esferas nos fornecem uma estrutura básica pela qual uma grande
porção do livro pode ser compreendida.
Bem, estas cinco
representam diferentes níveis de nossa psique; mais e mais níveis sutis do
pensamento; mais e mais níveis sutis de qualquer tipo de processo psicológico.
Representam também os veículos daquelas formas de pensamento, daquelas formas
de comunicação. Nesta linha o nível físico, a esfera mais inferior de Malkuth
representa o corpo físico, através do qual recebemos certos tipos de informações
e através do qual desempenhamos tipos de ações.
Do mesmo modo quando nos
movemos para níveis mais sutis, dentro do nível de Yesod, temos um corpo de
energia ou corpo de chi, que é a fundação. E esta fundação está edificando
todas as coisas. Yesod ou o corpo vital é a origem da vida no corpo físico. Não
podemos ter um corpo físico sem energia, sem um corpo vital. Assim atuando em
nosso corpo físico aquela ação empoderada pela energia do corpo vital está
também insuflada pela mesma força.
Podemos atuar
fisicamente e energeticamente. Podemos atuar noutros níveis. Nesta linha
entendemos através da Gnose que não somente temos de fato este corpo físico e a
capacidade de atuar no seu próprio nível como temos também um corpo vital ou
corpo de energia, e a capacidade de atuar no nível deste. Possamos não admitir
isto; possamos não estar cônscios dele, mas ele existe.
Do mesmo modo quanto
mais ascendemos através dessas esferas mais nos damos conta de nossa capacidade
de atuar em diferentes vias. Assim em Hod, relacionada com o corpo astral – com
a emoção – esta esfera tem seu veículo. Tem um corpo. Detém um meio através do
qual a ação é expressada. Esta ação pode ser percebida de diferentes formas. Se
estivermos assentados dentro de nosso veículo físico, com este corpo físico
relacionado com Malkuth, temos ação emocional ou comunicação: coisas que
desempenhamos conectadas com nossas emoções.
Isto está relacionado
com o corpo astral ou a esfera de Hod. Porém se estivermos fora de nosso corpo
físico acontece do mesmo modo como em João, conforme relata o Livro de
Revelação, onde João é levado em espírito para fora do corpo físico a fim de
receber a revelação.
Naquele segmento ele
esteve agindo com outros veículos e não com o veículo físico. Temos assim
expressado nesta porção da Árvore da Vida diferentes veículos com variadas
densidades em variados níveis da natureza, cada qual proporcionando uma
capacidade de ação com sua particular maneira. Assim temos que o corpo astral
nos provê da capacidade para agirmos e nos comunicarmos no mundo astral, também
chamado de a quinta dimensão. E dentro da quinta dimensão temos o corpo mental
com a capacidade para agirmos através do veículo do pensamento. E este é
Netzach. Mais sutil ainda é a mente abstrata ou o corpo da vontade consciente,
Tiphereth. Este corpo acha-se num nível mais sutil da natureza: a sexta
dimensão.
Estes variados níveis ou variados veículos
que todos possuímos nos proporcionam os meios para receber e transmitir ação,
informação, sabedoria. E é ante a base desses veículos que o trabalho do
caminho da Autorrealização é conduzido.
Este é um dos mais fundamentais pontos que a
Gnose oferece ao iniciado. O caminho da realização da verdadeira natureza do
Eu, a verdadeira natureza da existência que não pode ser tratado só
fisicamente. Não pode ser realizado meramente através de crença. O caminho é um
trabalho de ação e de criação, e precisa ser levado a termo através de
sucessivos níveis de nossa pessoal e interior constituição.
Isso está simbolizado no Livro do Gênesis
pelos dias de criação. Sabemos haver seis dias em cujo período Deus criou o
homem e no sétimo dia Deus descansou. Esses sete dias estão relacionados com
estas cinco esferas e mais duas. Os primeiros cinco dias do Gênesis estão relacionados
com aquelas cinco esferas.
É pois importante a qualquer pessoa desejosa
de realmente entender como superar o sofrimento e como entrar diretamente no
conhecimento do divino -- compreender muito bem o que são estas cinco esferas
dentro de nós.
O que é realmente o corpo
físico? Como ele veio existir? O que o empodera, o anima? O que em verdade é a
mente? O que é emoção? O que é sonho? O que é prestar atenção? Estas questões
precisam ser compreendidas com base na Árvore da Vida. A Árvore da Vida é o que
organiza estas informações dentro de apropriadas estruturas. Sem isto fica
fácil cairmos em armadilhas de teorias e ideias contraditórias. Quando
examinarmos o Livro de Revelação precisaremos manter a estrutura na mente.
O primeiro capítulo do Livro de Revelação é a
introdução de ambos: João, como o autor e pessoa que representa o iniciado, e
Cristo, aquele que está passando a sabedoria. É somente possível entendermos
esta relação com base no conhecimento do que seja a Árvore da Vida e como ela
funciona. Sem este conhecimento o Livro
se torna tão somente uma narrativa que soa como um sonho, sem qualquer impacto
em nosso momento a momento da existência.
Se alongarmos a Árvore – que já a tenhamos
delineada – nos aprofundando cada vez mais na estrutura de nossa psique,
começaremos a compreender o que João quer significar quando ele se refere ao
“Filho do Homem”, e por que estes termos são tão importantes para o nosso
entendimento.
O FILHO
DO HOMEM
As cinco esferas
inferiores nos representam. Além disso temos partes mais profundas de nossa
psique correspondendo aos níveis superiores do Ser – partes superiores de nossa
própria alma.
O segundo triângulo tem
mais duas esferas, uma em cada extremo. O primeiro, à esquerda, é chamado
Geburah que é a alma divina. Em sânscrito é chamada Budhi significando
literalmente “inteligência”. Essa inteligência é diferenciada de Manas
significando intelecto. Por essa via podemos entender a diferença entre fogo e
luz. Fogo seria Tiphereth: a chama que cresce, porém essa chama, esse fogo,
emite luz e essa luz seria Budhi, a parte mais sutil do fogo. Buddhi é um
aspecto de nossa alma. A outra esfera nesse triângulo é chamada Chesed ou
também Gedulah. Em sânscrito é identificada por Atman.
Na Gnose entendemos
Atman de diferente forma do que a entendida pelo induísmo. Certos intérpretes
das escrituras indús têm a concepção de Atman como o Ser absoluto, a raiz do
Ser, mas na Gnose vamos mais além. O budismo contesta o entendimento indu ou
bramânico de Atman, e a Gnose concorda com o budismo. O budismo estabelece que
Atman não é o Ser real.
A Gnose estabelece que
Atman não se acha limitada simplesmente à última definição do Ser. É
verdadeiramente nosso Ser, mas não a raiz do Ser uma vez que esse Ser de Atman
tem seu próprio Ser. Isso vai mais fundo. Atman ou Chesed, diríamos, é o que
denominamos na cristandade “nosso Pai” – o Pai individual ou a raiz – o Ser que
temos. É nosso próprio Ser interior. E esse Ser interior, Chesed ou Atman,
também tem seu próprio Ser interior. Aquele espírito, poderíamos ainda assim
dizer, eleva-se ademais sobre outro triângulo assente no topo deste primeiro
triângulo. Assim nosso Ser tem seu próprio Ser. Entretanto o Ser do Ser é
Não-Ser. Este é o ponto de vista do budismo – de que não há Ser. Em última análise isto é verdade, porém
precisamos entender que a realidade se desdobra em níveis e cada nível é
relativo.
Nesse sentido temos
agora em nossa imaginação uma solitária esfera que pende junto a base, e acima
temos um triângulo cuja figura está apontada para baixo. Mais acima temos outro
triângulo igualmente apontado para baixo, e ao alto destes, outro triângulo
apontado para cima. Este triângulo superior está no topo da Árvore da Vida. Tem
também três esferas, uma ao final de cada ponta. E este triângulo superior ou
triângulo supernal é o triângulo do Logos. Este triângulo representa o que é
classicamente reconhecido como a Trindade ou o Trimurti. Trimurti, termo sânscrito,
significa “trifacetado”. Ao examinamos o induismo encontraremos um bom
esclarecimento sobre o Trimurti. Veremos esculturas de um deus com três faces,
que é a Trindade. Um, porém com três aspectos. Temos de entender a Trindade ou
Trimurti como uma tri-unidade ou três em um. Na cristandade é conhecido pelo
Pai, o Filho e o Espírito Santo. No induísmo é conhecido como Brahma Vishnu e
Shiva. Na Gnose chamamos de primeiro, segundo e terceiro Logos.
Figura 3.
A esfera mais à esquerda é chamada em hebreu
Binah, significando entendimento. A esfera da direita chamada Chokmah,
significa sabedoria. A do topo é chamada Kether significando a coroa. Estas
três são uma. São três aspectos da mesma força. E estes três aspectos em um, na
Gnose chamamos o Cristo Cósmico.
Cristo é uma força universal. Ao dizermos
Cristo não queremos dar o mesmo significado da mesma coisa como fazem os
cristãos. Não nos referimos simplesmente a Jesus de Nazaré, como uma só pessoa,
a um único veículo do Cristo. Concordamos que Jesus de Nazaré é um grande
iniciado, mas aduzimos que ele não foi o único. Entendemos que Krishna foi
também um Cristo, uma incorporação ou veículo desses três em um, dessa força. Mohammad
foi também um veículo do Cristo. Quetzalcoatl foi também um veículo do Cristo.
Moisés foi também. E houve muitos outros e não somente um.
Necessitamos entender que essa força – a
energia crística – é na sua base a expressão amor. Entretanto não é o tipo de
amor que nós pessoas terrestre possamos entender. Nosso entendimento do amor
encontra-se enraizado no materialismo, na matéria, na sensação. Quando pensamos
no amor nossa tendência é pensar em algo condicional, algo envolto em certas
condições e circunstâncias. Isso não é amor. O amor é uma energia ou uma força
além de qualquer entendimento conceitual que possamos vir a ter. Um
entendimento conceitual está limitado a Manas, ao intelecto. Mesmo em sentido
abstrato quando usamos a mente abstrata – a Tiphereth – se aquela mente
abstrata não estiver unificada com o Cristo Cósmico, ela não consegue
compreender o amor, não pode entende-lo.
Para entender o amor, a energia crística, o
Cristo precisa tornar-se humanizado em nós. Temos de experienciar aquilo. É o
único caminho para entendermos. Assim quando tratarmos do Cristo Cósmico temos
de considerar estarmos falando sobre algo no modo intelectual ou conceitual e sob essa vertente jamais o compreenderemos. E tanto quanto construamos uma
estrutura bem organizada em nossa mente, relacionada com o que tal coisa possa
significar, aquilo será coisa alguma.
O Cristo Cósmico cresce e se
manifesta guiado por nosso próprio impulso de amor. Aquele amor estará
caracterizado e expressado por diferentes meios e modos, através de cada um de
seus três aspectos. Porém no contexto exarado pelo Livro de Revelação
precisamos entender que essa força de amor se expressa como o Filho do Homem.
Então o que é isso, quem é esse, o que
significa Filho do Homem? Na Bíblia encontramos esses termos por toda parte.
Nas partes iniciais da Biblia, o original hebreu para Filho do Homem é בן-אדם [Ben-Adam]. Mais tarde passou a ser Ben-Enosh, בר אנש. Nos
últimos livros do Novo Testamento está em grego [υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου]. Em alguns
casos a frase literal se refere a uma pessoa comum. Porém em outros casos o
significado é de algo elevado, superior.
Na Bíblia o grande mestre Jesus refere-se com
frequência ao Filho do Homem. Porém ele diz de uma forma muito interessante.
Ele nunca diz: “Eu”. Ele diz sobre o Filho do Homem no sentido de ora ser ele
ora não ser. Ele afirma que o Filho do Homem será perseguido e ressuscitará.
Aqui ele está falando sobre ele próprio e ao mesmo tempo não está falando sobre
ele. Por que assim? Porque ele não é o único. O Filho do Homem é um símbolo de
como a força do Cristo Cósmico se expressa através de Chokmah, o Segundo Logos
– o Filho que se torna humanizado pela iniciação.
O modo como isso acontece é inusitado e um
tanto raro. A força crística desce através da simbólica Árvore, e até certo
estágio do processo iniciático de uma pessoa ela vem nascer no seu coração,
tornando-se humanizada. Isso está simbolizado quando Jesus nasce no estábulo
entre os animais. Os animais simbolizam os elementos bestiais que temos em
nossas mentes – os elementos impuros – todas as formas animalescas que
possuímos em nossa psique. E o Cristo Cósmico humanizado nasce como criança no
estábulo.
Para que um iniciado receba aquele tipo de bênção ele tem de cumprir certas tarefas. Não é simplesmente o fato de
acreditar em Cristo a fim de que aquela força crística nele seja nascida. Muita
gente pensa desse modo. Milhões de pessoas creem assim. Mas em meio a
essas podemos encontra Cristo vivendo, respirando, agindo, sacrificando-se?
Chokmah em hebreu significa “sabedoria”. Em
sânscrito sabedoria é “bodhi”. Quando aquela força se torna humanizada, quando
entra na pessoa a pessoa se torna algo diferente, um tanto nova, algo
distinta. Aquela força de Chokmah, aquela força do Cristo Cósmico traz amor de
sua verdadeira essência. Entretanto essa força conforme expressada através de
Chokmah, o Segundo Logos, manifesta-se pela lei do sacrifício. A força, a
vontade da energia crística é sacrifício, amor. Isso está perfeitamente
ilustrado no drama iniciático que Jesus viveu. Ele sacrificou-se completamente
pelo bem de outros.
A
CRIAÇÃO DO FILHO DO HOMEM
No budismo esse tipo de pessoa é chamada um
Bodhisattva. Sattva significa “essência de” ou “incorporação de” ou “veículo”.
Bodhi é “sabedoria”, indica Chokmah, o Cristo. Assim um Bodhisattva é a essência
do Cristo ou um veículo do Cristo, uma incorporação daquela força. Quando então
ao dizermos que Jesus é um grande Bodhisattva, Moisés é um grande Bodhisattva,
Quetzalcoatl, Mohammad, Krishna, todos esses professores são grandes
Bodhisattvas, estamos portanto dizendo que são incorporações de Cristo. E o
Filho do Homem é aquela Força Crística humanizada em Tiphereth, na alma humana,
em Manas, na mente, dentro do coração.
A meta é alcançada pelo iniciado que
primeiramente trabalha em bases diárias com a verdadeira Alquimia, a ciência da
Árvore da Vida. Segundo, por aquele que trabalha em bases diárias com
conhecimento da cabala ou da Árvore da Vida. Aquele que estiver trabalhando com
a ciência da Alquimia e com a ciência da Árvore do Conhecimento -- a Árvore da
Vida -- inicia um processo de aprofundamento de cada esfera da Árvore da Vida
nele próprio, com fogo. Aquele fogo é do Espírito Santo e também do Cristo uma
vez que os dois são um. Porém essencialmente o iniciado tem de trabalhar com
Alquimia para elevar em Malkuth aquilo que chamamos a Serpente de Fogo. Em
resumo: em sânscrito é o que chamamos de o kundalini. No Livro dos Números
Moisés explica que esta é a Serpente de Bronze.
Bronze é um símbolo muito importante na
Alquimia. É a combinação de dois metais: cobre e estanho. É um símbolo a
demonstrar que esses dois metais, cobre e estanho – um masculino e outro
feminino – representam o homem e a mulher, macho e fêmea que se amalgamam em
pureza, podendo criar o bronze. No Livro dos Números é mencionado que a
Serpente de Bronze cura os israelitas de seus problemas espirituais,
simbolizados por morte e doença.
No Livro de Revelação lemos que o Filho do
Homem é descrito como tendo os pés cintilando como bronze levado ao fogo e
refinado em fornalha. A fornalha é o Athanor ou o Matras do Alquimista. É o
forno alquímico simbolizado no leste como um “lingam yoni”. O forno é o
laboratório do Alquimista. Naquele forno são colocados os metais, cobre e estanho,
e amalgamados em pureza.
Se tomarmos essa Árvore da Vida que
visualizamos e a sobrepusermos em nosso próprio corpo, Malkuth estará onde
estão nossos pés. Nessa posição os pés do Filho do Homem são o símbolo de
Malkuth. Precisamos então entender que o Filho do Homem se torna Filho do Homem
pelo trabalho na Alquimia num forno alquímico, com pureza para formular o perfeito
amálgama de cobre com estanho. O processo eleva pela coluna espinhal do corpo
físico uma serpente de fogo. Isso é alcançado na primeira grande iniciação dos
mistérios maiores, que é chamada a primeira serpente de fogo.
Subsequentemente o iniciado precisa fazer o
mesmo trabalho através de cada esfera, movendo-se para cima. Cada serpente é
elevada ante ordálias, testes e provas. Nada é dado gratuitamente; nada é dado facilmente. O processo de Alquimia é de profunda demanda.
O que acontece quando colocamos elementos
dentro de um forno? Eles são submetidos a calor e pressão – a serem purificados
– e esse processo não é agradável aos elementos que estejam dentro do forno.
Isso queima e o mesmo acontece com o iniciado que esteja sendo testado. Está
bem representado no livro de Jó. Jó é testado muito duramente e o fato
configura o que o iniciado deve passar interiormente pelos testes psicológicos.
Portanto nós, em nossas mentes, como criaturas,
temos muitos elementos no interior da psique que não nos pertencem. Se
estudarmos os evangelhos criteriosamente veremos que o veículo de Cristo, chamado Jesus, indicou repetidamente que para entrarmos no paraíso não podemos
ser adúlteros. Não podemos ser leões nem assassinos e de nenhuma maneira
impuros. Assim toda impureza que tenhamos intimamente não pode simplesmente ser
ignorada nem esquecida. Na Bíblia em nenhum lugar está dito que nossos pecados
simplesmente desaparecerão. Eles, de outro modo, precisam ser compreendidos, entendidos
e removidos. E isso é realizado através de exames completos.
Precisamos examiná-los em detalhes quando
eles ressurgem uma vez que passamos a enfrentar problemas. Eis porque Deus
permite a Lúcifer testar Jó. Deus precisa ver quão puro e bom ele realmente é.
Ele parece bom e muito devotado, mas seria assim mesmo no profundo do seu ser?
Então Lúcifer o tenta, o pune, põe-no em
situações bastante difíceis a fim de que todos os elementos dentro de sua mente
sejam estimulados. E coloca nele calor e pressão. Jó, é natural, sofre
intensamente e se estamos familiarizados com o livro vemos no final que ele
próprio se põe em provas, pois ele em si tem a capacidade da autoanálise. Ele
não se justifica, não se defende; ele analisa. Busca saber onde está o erro;
procura mudar o que deve ser mudado.
O iniciado deve fazer o mesmo e desse modo o
processo de elevação da serpente é de enfrentar dificuldades, testes, ordálias.
Eis o modo como nosso Ser profundo – Chesed – nos chama. Ele nos testa para ter
a certeza de que estejamos preparados para receber as bênçãos do nascimento de
Cristo dentro de nós.
E pouco a pouco, na medida em que mudamos
psicologicamente – conforme estejamos a
remover de nosso modo de pensar, de sentir, de nos comportarmos, a tudo enfim
que em nós esteja errado, que seja nocivo – viremos incorporar maior pureza em
nós próprios. E aquela pureza está incorporada no fogo.
Existem cinco serpentes relacionadas com
essas cinco primeiras esferas. Vencer cada uma é um longo e difícil trabalho.
Cada uma é muito demandante em seus respectivos processos e muitos falham em
suas tentativas de vence-las. Alguns se mantêm tentando e muitos desistem.
Investidos de muita paciência, com grande disciplina, grande dose de energia,
alguns devotos alcançam a completude das cinco serpentes de fogo. Esses vieram
trabalhando de há muito a fim de purificar os vários níveis da psique envolta
em seus problemas e enganos bem como muito trabalharam para provar suas
disciplinas e disposições em mudar.
Em sânscrito essa atitude é chamada Atmayagna
e o termo é muito interessante. Yagna significa “sacrifício”. Atma está relacionado
com Atman o “self” (Arcabouço do Ego). Assim este termo significa
“autossacrifício” e traz muitos níveis de entendimento. Em sentido mais elevado
o Ego real sacrifica-se a si próprio, e é nossa meta. Porém para alcançar
aquilo, primeiro de tudo o falso ego precisa ser removido.
Atmayagna indica que o falso ego – em outras
palavras o eu – tem de ser sacrificado. Tem de morrer. Isso está perfeitamente
representado na crucificação do iniciado. Diante da cruz estão perfilados todos
os elementos que devem morrer. Tudo o que seja impuro em nós, tudo o que acumula
carma, tudo o que causa sofrimento e está em oposição a Deus deve morrer. Todo
iniciado tem de sacrificar seu próprio sentido de ego. Sua real essência, a
verdadeira fibra de quem ele é tem de morrer psicologicamente. Não é algo por
mera crença, trata-se de ação. Não é algo a se fazer “algum dia”. É para ser
feito momento a momento segundo nosso nível e capacidade. Os pequenos
sacrifícios que fazemos a todo momento, dia após dia, são preparatórios para
grandes e esperados sacrifícios se pretendermos encarnar o Cristo.
Sobre qual base o sacrifício é realizado? O
sacrifício é da pessoal vontade. O eu, o ego é a pessoal vontade. É o “eu” que
demanda qualquer coisa. Aquele desejo é uma polaridade, um pêndulo do gostar e
desgostar, do desejo e aversão. Na essência porém, todo desejo está enraizado
no ego e todo ego está enraizado no desejo. Temos então de entender tratar-se
de uma escala ascendente de grandes e grandes pessoais sacrifícios, a cujo
processo precisamos nos desempenhar. Primeiramente temos de sacrificar todas as nossas
ideias egoísticas, em seguida sacrificamos nosso ser real em favor e
benefícios de outros.
Alguns aspirantes propõem-se a caminhar certa extensão desta estrada em direção a Tiphereth. E alguns chegam mesmo a alcançar
a quinta serpente de fogo com certa percentagem de purificação. Entretanto ao
longo da via podem ainda fazer isso egoisticamente: mais para seu pessoal
benefício. Ou mais porque desejam conhecer Deus. Ou ainda porque querem mais
experiências místicas ou conhecimento. Muitos realizam isso e ensinam segundo a
via percorrida. Esses professores são chamados pratyekas em sânscrito. Na
Bíblia são chamados fariseus.
O fariseu ou pratyeka é uma pessoa que
alcançou certo grau de desenvolvimento, porém aprofundado mais no sentido do ego
(self). Algo que seja somente dele. Alguma
coisa que o faz sentir-se empoderado, agraciado, sentir-se puro. Isto é
total egoísmo. Este tipo de pessoa, o pratyeka ou poderíamos chama-lo de um
nirvani com resíduos, atinge um determinado grau de desenvolvimento. Em outros termos
diríamos que trabalhou a criação dos corpos solares astral, mental e causal,
conseguindo atingir certo grau de avanço que lhe permite ter alguns poderes e um
percentual de entendimento.
Infelizmente porém não utilizou Atmayagna no
verdadeiro sentido e verdadeiro significado. Ele se submete ao sacrifício até
certo estágio. Oferece seus ensinamentos, estende ajuda a doentes, pobres e
famintos e às pessoas em geral na forma como é capaz de faze-lo. Entretanto
este tipo de pessoa, este tipo de andarilho na senda, para por aqui. Sente-se
muito puro, muito santo e seus ensinamentos parecem bastante bons. Escreve
muitos livros, lidera escolas, igrejas e muitos deles são grandemente
venerados pela humanidade, adorados como santos...porém não vão além.
Um iniciado querendo avançar para além desse
estágio terá que realizar um grande sacrifício. E a que sacrifício maior de seu
próprio self pode alguém ainda submeter-se? Desistir de coisas materiais é bom. Obter
dinheiro, alimento e roupas para pobres, doentes e carentes é bom. Divulgar
úteis ensinamentos para a humanidade é bom. Mas o que isso realmente custa a
alguém?
Dar-se é importante, porém sacrificar-se é
algo mais. Sacrificar-se significa dar-se por completo, incondicionalmente, sem
expectativa, sem conexões, sem esperar por nada de retorno. Mestre Jesus deu-se
exatamente. Deu seu tempo, seu sangue, sua vida. Grandes iniciados do leste: Naropa,
Padmasababa, Krishna, deram, deram e deram.
Lemos e estudamos histórias de iniciados que
deram, deram e deram às suas próprias expensas, à própria saúde e condições.
Entregaram suas vidas e isso é sacrifício verdadeiro. É desse modo que o
iniciado trabalha subindo a cada nível, a graus de esperados sacrifícios cada
vez maiores. Muito poucos demonstram inclinações de abandonar sua própria
vontade, seguir a vontade de Cristo e ser uma expressão Dele.
Tornar-se uma expressão da vontade de Cristo
significa tornar-se a essência do sacrifício. Essa é a natureza de um
bodhisattva. Sattva é essência, bodhi é sabedoria crística que é o puro
sacrifício de si próprio. Não é fácil tornar-se a essência do próprio
sacrifício uma vez que o ego inteiro que todos nós temos interiormente é oposto
a isso.
Nosso ego quer estar confortável,
alimentar-se regularmente e bem. Quer belas coisas, facilidades, coisas
colocadas de maneira clara e compreensível a fim de que possa compreender tudo
o que aconteceu e o que virá acontecer. O ego quer saber: “minha esposa é a
pessoa certa para mim?”. “Estou fazendo a coisa certa?”. “Esse é o emprego
certo?”. “O que irá acontecer daqui a seis meses?”. “O que irá acontecer daqui
a um ano?”. “Terei uma casa, um trabalho, uma vida?”. “As pessoas gostarão de
mim?”. Isto é vontade egoísta. O ego sempre pergunta esperando algo para si
próprio.
Cristo nunca requer nada a Si próprio. Cristo
faz tudo unicamente em benefício de outros. O ego quer ensinar gnose, quer
ensinar budismo, quer ser um bom cristão. O ego quer ser respeitado, ser amado.
Nosso ego quer ser admirado, invejado. Nosso ego quer ter uma grande escola com
muitos estudantes. O ego orgulhoso gosta de se mostrar. Cristo quer
permanecer oculto.
O Cristo nasce no coração de um ser humano e
não é visível. Mas o orgulho deseja ser visto. Como poderia Cristo nascer no
coração de uma pessoa cheia de orgulho? No entanto o orgulho ainda permanece.
Pois aquele que alcança a quinta iniciação, que realiza os sacrifícios
requeridos e recebe aquela bênção ainda tem ego. Aquela pessoa entra em grande
contradição. Ela tem algo interiormente que é muito puro e algo interiormente
que é muito feio.
Muitos pensam que já são um bodhisattva: cada
um quer ser um bodhisattva, mas poucos entendem o sofrimento daquele caminho. O
iniciado que descobriu o quinto grande mistério permanece na posição de fazer a
escolha: “Permaneço com os Nirvânicos no
caminho pela trilha da espiral, lentamente, ou devo tomar o Caminho Direto, que
é de grande sacrifício e sofrimento?”.
Essa pessoa encara uma escolha que é verdadeiramente
incompreensível. Pois aquele que toma o Caminho Direto paga todo o seu carma
imediatamente, sendo-lhe requerido abandonar-se completamente para incorporar a
vontade de Cristo, que é amor e sacrifício.
Infelizmente a maioria dos iniciados, a
maioria dos estudantes caminha naqueles primeiros níveis baseada em sua pessoal
vontade ou submete-se à vontade de alguém. Em muitos casos encontramos
estudantes e iniciados que nunca aprenderam a agir por sua própria vontade; ao
invés buscam sempre conselhos para instruir-se como fazer.
O iniciante é especialmente vítima deste modo
de ser uma vez que não conhecendo o caminho deve buscar, perguntar e procurar
por esclarecimentos, pois isto é bom. Entretanto o iniciante precisa entender
que realizar a gnose é por meio de pessoal e íntima ação. Para integrar-se aos
ofícios do caminho o postulante precisa realizar a vontade do Ser, a vontade de
Deus, pois na primeira porção do trabalho aquela vontade é a do Mais Profundo
Íntimo – a Vontade de Atman, do self.
Estamos sempre procurando outra pessoa, um
professor ou amigo em busca de conselho, para perguntar o que devemos fazer e
nunca aprendemos a ouvir a voz de nosso Ser. Não saber a vontade do Ser é uma
forma de sofrimento. Isso está fora de questão. Entretanto não é uma resposta
irmos a um instrutor ou a um professor para buscarmos neles a voz de nosso Ser. Um
instrutor ou um professor não saberá a vontade de nosso Ser. Eles têm suas
opiniões que podem ser educativas, mas não significam estarem corretas para
nós. O verdadeiro iniciado num momento particular, diante da decisão entre o
Caminho Direto e o Caminho da Espiral, tem de saber a vontade do seu Ser. A
decisão se tomada pela vontade do self, será inevitavelmente pelo Caminho da
Espiral uma vez que os Nirvânicos são egoístas.
A pessoa que verdadeiramente aspira saber o
que seja o amor crístico tem de começar agora. Primeiramente desenvolvendo
esforços no sentido de conhecer a vontade do Ser, esforçando-se em sacrifício
para conhecer aquela vontade. Temos de estar inclinados a renunciar da urgente
demanda do ego em querer fáceis respostas; a renunciar da urgência do ego em
sempre pedir a opinião de outros para não ter de meditar.
O autêntico iniciado tem de aprender a
carregar um fardo, que é uma cruz. A cruz é pesada. Treinamos diariamente para
aprender a medida daquilo que estamos gerenciando a fim de sempre optar pelo
degrau mais difícil. Ou de maior dificuldade no sentido de não existir
respostas fáceis. Ou de maior dificuldade no sentido de termos de sacrificar
nossa pessoal vontade. Isto é somente possível intimamente pela nossa
própria intuição ou diretamente através da meditação.
Daí que -- o estudante que começar a treinar bem do
início para agir pela vontade do seu próprio Ser e não pela vontade de outra pessoa; seja qualquer professor, qualquer instrutor ou líder de qualquer movimento, e treinando diariamente para esta
finalidade -- este estudante alcançará no devido tempo aquele quinto grau de
iniciação e entenderá o que tem a fazer. Se a vontade do Ser for talvez para tomar o
Caminho da Espiral é o que ele tem a fazer e será bom. Entretanto se a vontade do
Ser seja talvez a tomada do Caminho Direto, o iniciado dirá então: “oh meu
Deus, como eu posso fazer isso..., mas devo”. O único que pode fazer isso é
aquele que sabe compreender a vontade do Ser.
Quando o iniciado entra no Caminho Direto sua
vontade é mudada uma vez que a vontade do iniciado está impregnada com a
vontade de Cristo. Esse é o nascimento que acontece quando a energia crística
nasce no coração daquele iniciado. Isso é somente possível para aquele que
percorre o Caminho Direto – a trilha direta – ou noutras palavras é o caminho
do bodhisattva. Os nirvanis, os pratyekas nunca acessam tais experiências a
menos que entrem no Caminho Direto. Aquela mudança é tremenda e determina o
nascimento do Filho do Homem.
O Filho do Homem é a humanização do Cristo
Cósmico dentro da pessoa. Então lendo o primeiro capítulo da revelação de João,
compreendemos que esta é uma conversa entre o iniciado e o Cristo que começa a
nascer nele.
João escreve:
“Achei-me
em espírito no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim uma grande voz, como de
trombeta, dizendo: o que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso,
Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadelfia e Laodicéia. Voltei-me para ver
quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos
candeeiros, um semelhante a Filho de Homem, com vestes talares, e cingido à
altura do peito com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como
alva lã, como neve; os olhos como chama de fogo: os pés semelhantes ao bronze
polido, como que refinado numa fornalha; a voz como voz de muitas águas. Tinha
na mão direita sete estrelas, e da boca saia-lhe uma afiada espada de dois
gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força”.
Os sete candeeiros de ouro são as sete
colunas espinhais de nossos sete corpos, e estes são as cinco serpentes, os
cinco corpos mais dois outros daquele triângulo relacionado com a alma divina e
Atman. Então o Filho do Homem aparece entre estes sete candeeiros ou as sete
serpentes de fogo. O simbolismo é muito profundo. Da boca do Filho do Homem
saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. Aquela espada é afiada porque ela
corta através da ilusão, corta através do ego, corta através da teoria. É de
dois gumes porque é tanto literal quanto simbólica.
O seu rosto brilhava como o sol em sua força.
Força é a virtude de Marte e Marte está relacionado muito de perto com Samael.
O sol é o símbolo de Cristo; então vemos aqui o Martiniano ou guerreiro da
força crística.
E prossegue João: “Quando o vi caí a seus pés como morto”. Isto é também muito
simbólico. O iniciado cai aos pés de Cristo, cheio de devoção e humildade. Como
o ego que deve morrer ao cair aos pés do senhor.
Porém ele pôs sobre mim
a sua mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último, e aquele
que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e
tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve, pois, as coisas que viste e as
que são, e as que hão de acontecer depois destas. Quanto ao mistério das sete
estrelas que viste na minha mão direita, e os sete candeeiros de ouro; as sete
estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete
igrejas”.
Sobre estes simbolismos discutiremos em
próxima palestra. Mas o ponto para hoje é entender que a fim de apreendermos
firmemente e compreendermos os simbolismos deste Livro de Revelação,
primeiramente precisamos nos trabalhar diariamente. Temos de pôr em prática estes
ensinamentos. Aqueles textos não são feitos para meramente teorizarmos e
intelectualizarmos. Nos são dados como uma indicação do trabalho com que temos
de nos desempenhar. Para realizarmos as tarefas que estudaremos neste curso
estaremos trabalhando com isto de maneira prática.
Nesse primeiro capítulo vemos: “caí a seus pés como morto”. Isto é a
abordagem correta, a atitude correta. Para compreendermos as tarefas que Cristo
explica neste livro temos de cair aos seus pés. Temos de ser humildes,
renunciar aos nossos pessoais interesses, ao nosso próprio sentido daquilo que
pensamos e sentimos, e se observarmos este caminho, já tendo entendido os
ensinamentos, teremos feito aquilo. Caso já tivéssemos entendido Deus ou Cristo,
não estaríamos mais aqui. Não seríamos mais o que somos. Então cairmos ante os
pés do Filho do Homem é reconhecermos que não sabemos nada. Assim nos tornemos
humildes e trabalhemos sobre aquela morte interior.
PERGUNTAS
E RESPOSTAS
1. P. –
Pode nos falar um pouco sobre a afirmação de Mestre Samael que, a fim de
trabalharmos com o Segundo Logos precisaremos estar preparados para esquecer as
manifestações desagradáveis de outros?
R. – O Segundo Logos ou o Cristo Chokmah é a
força do amor e da compaixão, a força de sacrifício. Sacrifício é realmente
desistir da própria vontade em troca de beneficiar a outros. Fazer isto é
difícil. É difícil em bases diárias para realmente medir cada uma de nossas
ações, mesmo ao ponto do que sentimos e pensamos. Medir cada pensamento, cada
sentimento, cada ação, baseados em como afetaremos outras pessoas é muito
difícil, uma vez que nosso hábito é de sempre pensarmos em nós próprios,
naquilo que queremos, de que necessitamos e de que “pensamos” querer. Mesmo na
vida comum, na tranquilidade de nossa existência, isto é difícil. Quanto mais
sobre quando as coisas se tornam muito
difíceis ou sobre quando encaramos reais dificuldades. Normalmente nossa
tendência é de ficarmos mais obcecados, reclamantes ou lamentosos.
Quando as coisas vão ficando um pouco mais
difíceis começamos sentir dor, conflito, reclamar sobre aquilo, irmos conversar
sobre o assunto com nossos amigos, a dizermos: “Oh, é tão ruim, isto é
terrível; está acontecendo justamente comigo, blá, blá, blá...,” ... é tudo
ilusão. Nada é real, e fazemos daquilo um caos; tornamos tudo ainda pior com
nossa atitude.
E quando então as coisas da vida se tornam
piores que aquilo? Quando estivermos sendo perseguidos? E se não conseguimos
mudar as coisas quando fáceis e manobrar tudo com graça e humildade? Então,
concernente a outras pessoas, certamente nada conseguiremos fazer se nos
estiverem passando uma real e desagradável impressão ou estivermos tratando com
alguém já classificado.
Digamos por exemplo que temos um amigo; seja
membro familiar ou alguém a quem admiramos, mas nos está passando má
energia, nos causando má impressão e que possa estar fazendo coisas
questionáveis. Como verdadeiramente reagirmos àquilo? Normalmente reagimos
alheios ao nosso sentido de self. “Oh não posso acreditar nele, isso é
terrível, não posso acreditar que ele seja assim. Que má pessoa...” Ademais, se
aquela pessoa começa a direcionar aquele comportamento sobre nós ou fazendo até pior,
começamos também a reagir mais fortemente. Criticando, fofocando, acusando,
atacando.
Como então realmente aprender a receber
aquelas impressões e devolver amor? No budismo existe um ensinamento muito
profundo, sempre presente na cristandade, porém não de tal modo sistemático. A
prática diz respeito a essencialmente aprendermos como mudar o comportamento
com aquela pessoa. Comumente no budismo isto é ensinado como método de
meditação. Meditamos e imaginamos que a pessoa seja o centro de nosso problema.
Em nossa mente fazemos a troca de lugar; visualizando: “O que eu faria se
estivesse no lugar desta pessoa? Eu seria diferente? O que eu sentiria se fosse
ele/ela?”. O ponto disso é primeiramente entender o que a pessoa estaria
experienciando, porém mais do que isto seria compreender como eu a estaria
afetando. Ou uma pessoa está me tratando mal, por quê? Talvez eu merecesse
isto! Talvez eu tivesse feito algo que a estimulasse agir daquela forma.
Talvez haja algo que eu não esteja vendo e a meditação possa me mostrar.
Em bases assim esta prática nos ajuda
desenvolver maior entendimento sobre outros com mais paciência e amor. Pode
nos ajudar a ter compaixão por alguém mais. A coisa está naquela compaixão e no
amor que neste sentido significam a habilidade de relacionar uma pessoa com a via
certa. Não significa que sejamos moles ou doces nem exatamente que
aceitamos as bobagens da outra pessoa e permanecemos silentes. Pode significar
que temos de agir, de nos pronunciar e que unicamente tenhamos largado
aquela pessoa e a isolado.
Sabemos muito bem da gnose que se uma pessoa
estiver demonstrando comportamentos, emoções e pensamentos repetidamente
negativos, a isolamos por amor. Deixamos a pessoa de lado não por ser má, não
por ser cruel mas para isolar suas energias negativas que estejam irradiando,
uma vez que aquelas forças negativas são infecciosas e nocivas. Naturalmente a
pessoa isolada não entende e fica brava. Ela se torna vingativa, responsabiliza,
critica, ataca e sabota, nunca entendendo daquilo, mesmo que seja feito por amor. Isso
acontece tanto nas escolas gnósticas quanto nos grupos espiritualistas. Portanto
aquele que estiver sendo isolado olhe-se para si mesmo, medite e tente
entender: “Por que estou sendo tratado desta maneira? Talvez eu esteja
merecendo”.
2. P. – Todos nós temos nosso particular Pai que está no céu, Kether. Por que assim de
alguma mônadas desejar autorrealização e outras não quando todas elas são
deuses?
R. – Cada mônada tem sua própria
idiossincrasia bem como vontade própria. Por que umas desejam autorrealização e
não outras? Não tenho ideia.
3. P. – Enquanto
estivermos estudando para conhecer Alquimia será melhor nos abstermos da união ou
somente mergulhar na Alquimia sem realmente entender o que outros estão
fazendo, derramando uma vez ou outra e segurando de vez em quando? Isto é uma
forma de tantra cinza, mas não seria melhor do que derramar todas as vezes?
R. – Para realmente responder esta pergunta
por inteiro viria requerer muito tempo, uma vez que ela levanta muitos pontos.
A primeira coisa que eu recomendo é que o interlocutor deve estudar os livros,
os ensinamentos. A razão é porque quando estamos no começo deste trabalho ele
nos requer certo acúmulo de esforços, disciplina e vontade a fim de entende-lo.
E vem aí um ponto ante o qual o estudante
precisa tomar a decisão em fazer ou não. Estar indeciso não é unicamente como
perder seu tempo mas sim causar nocividade. Então direi que é muito importante
de fato compreender o que o ensinamento traduz, e significo que seja como algo
em nosso coração, algo que de fato entendamos, mas não pela exata via da mente.
Se temos aquele entendimento o trabalho
decorre normalmente, torna-se natural. E torna-se algo onde não podemos nos
imaginar não fazendo, uma vez que é alguma coisa que compreendemos. Em termos de como
devemos praticar, temos de ouvir de nosso coração, e quero significar a parte de
nosso coração que é verdadeira, a parte de nosso coração que é um pouco mais
estável diante dos desejos e paixões que sentimos.
Paixões e desejos tentam nos empurrar em
direção a certos tipos de experiências, a certos tipos de sensações. E penso
que uma pessoa sincera reconhecerá aquele desejo, aquela vontade que tende a
conduzi-la a problemas. Daí que com sinceridade e entendimento vem o interesse
neste ensinamento e o desejo de mudar. Assim incorporando aquilo como nossa
visão e seguindo-a, parece-nos natural chegarmos à realização, pois
desejos e paixões que sentíamos nos iriam conduzir somente a problemas. E se
estivermos para renunciar aos desejos e paixões, que o façamos e não
desistamos.
4. P. – Como
é isso de existir hierarquias dentre os anjos se todos eles são perfeitos? Eles
alcançam seu particular nível após completar o caminho ou eles alcançam isso
durante o caminho e podem continuar para coisas mais elevadas?
R. Somos inclinados a entender o termo
“perfeição” como termo absoluto, mas não é. É semelhante ao termo verdade. Há
verdade, mas há níveis da verdade. Existe a verdade em níveis segundo o nosso
próprio desenvolvimento. Com a perfeição é a mesma coisa. Para alcançarmos a perfeição
no significado absoluto é tornar-se um Paramarthasatya. Mas para alcançar
aquele nível passamos por outros níveis de perfeição, por degraus de perfeição.
Todos os anjos -- e os Budas têm variados graus de desenvolvimento que
correspondem aos seu graus de perfeição -- nenhum deles é absolutamente
perfeito até que se torne um Paramarthasatya.
5. P. – Se
reagirmos ao comportamento negativo de uma pessoa enviando de volta a energia
do amor e não emoção, mas energia do chakra do coração, este auxílio ajudará a
dissolver a energia negativa enviada contra nós, e também podemos usar disto
para assistirmos nossos amados?
R. – Absolutamente sim, nenhum questionamento
quanto a isto. O espontâneo e verdadeiro sentimento de compaixão é a mais
perfeita forma de defesa que possuímos. Nada consegue penetrar nisto. E eis
porque lemos e estudamos esses diferentes mestres e professores que foram
terrivelmente perseguidos, torturados e abusados e ainda assim sempre
mantiveram a serenidade, sustentado amor para aquelas pessoas que deles
abusavam. Eles podiam ter passado por sofrimento físico e algo de sofrimento
emocional, porém aquele amor é tão forte, tão pervasivo e radiante que de forma
alguma eles foram prejudicados.
E aquela experiência acaba por tornar-se num
veículo de mudança, certo? Aquilo se torna num modo de até mesmo o perseguidor
ser beneficiado. Por exemplo: Paulo que era perseguidor de gnósticos viu então
a luz. E aquela luz é a luz do amor, aquela força crística que o ajudou a
entender no que o erro o estava tornando.
Há muitas histórias como esta. E também
relatos semelhantes nas história de Buda. Às pessoas que vinham a Buda com
grande ódio e ferocidade para ataca-lo ele respondia com tamanha serenidade e
amor que cada uma daquelas se transformava. Então sem dúvida que pela compaixão
em geral e pelo trabalho do cultivo das qualidades do Ser, podemos melhorar nossas
próprias vidas e as de outras pessoas. E ao mesmo tempo teremos uma natural
defesa contra as energias desagradáveis de outros.
6. P. – Poderia
nos explicar a diferença entre ser ferido física e emocionalmente e ser
prejudicado?
R. – Prejuízo real tem a ver com estados de
consciência. Alguém que esteja com uma incorporação de Cristo (um bodhisattva),
irradiando plenamente aquela força crística não pode realmente ser prejudicado.
Pode ser prejudicado quando se torna identificado. Um bodhisattva quando detectado
portando ódio, ressentimento, luxúria ou orgulho -- coisas que imediatamente
abram uma porta ou uma fresta pelas quais o dano possa adentrar -- então ele
pode falhar.
Aquilo pode criar um problema para ele ou
para alguém mais. Todos nós somos vulneráveis àquelas coisas enquanto não
alcançamos o estado de absoluta perfeição. Desse modo um bodhisattva – mesmo
quando possa incorporar a força crística – está ainda vulnerável uma vez que
ele ainda tem ego. E tal pessoa encontra-se submetida a tremenda luta para
manter a presença daquela força crística e não se identificar com o ego.
Isto é muito difícil, e sabemos de ver aqueles
iniciados, bodhisattvas, falharem. Eles cometem erros porque não são perfeitos,
não são o Cristo. Eles carregam aquelas sementes, mas cometem erros.
Infelizmente para a pessoa cujo trabalho naquele caminho a tenha levado a
realizar aqueles graus de desenvolvimento, aquilo lhe venha ser muito mais
difícil; primeiramente em ver o erro e
segundo a agir nele. E a razão disto é estarem trabalhando em níveis mais e
mais sutis, mais e mais difíceis de perceber e discernir. E aqueles seus egos,
aqueles aspectos da psique, tornam-se mais e mais espertos.
Então esta é a razão do porquê de mestre
Samael Aun Weor repetidamente enfatizar, enfatizar e enfatizar quão importante
é a meditação. É absolutamente essencial para o iniciante, sem a menor dúvida.
O principiante luta embora esteja trabalhando com níveis muito superficiais da
mente. E ainda assim não consegue! Portanto para a pessoa que esteja
trabalhando em níveis mais sutis é muito mais difícil, mais duro. Assim a
tendência de cometer um erro é muito maior e o impacto desse erro é também
maior.
7. P. – Um
bom exemplo está na Bíblia; os dois bodhisattvas, os dois reis Saul e Davi.
Saul falhou.
R. – Se lermos a história verificaremos que
Saul é um iniciado, mas tornou-se identificado com certas partes de seu ego e
falhou. Se olharmos melhor veremos em muitos, muitos exemplos como os iniciados
podem trabalhar e alcançar altos graus de desenvolvimento. Mas por quê
realmente falham? Por quê verdadeiramente um bodhisattva alcança grande altura
e então cai? Porque ele ainda tem ego e assim tem vulnerabilidades. Ainda não
transcendeu.
Sabemos por exemplo o caso do iniciado
Salomão. Ele alcançou grandes alturas de compreensão e então falhou. Aquele
iniciado chegou a certo estágio do desenvolvimento não percebendo a ilusão de
alguns egos. Então adentrou por erros e perdeu tudo. Vemos deste mesmo caso muitas
outras histórias. Assim, não é tão simples como: “uma vez trilhando o caminho temos a garantia de chegar à meta”. De
forma alguma. O caminho é por demais perigoso, entretanto aqueles perigos também
estão dentro de nossa própria mente.
8. P. –
Quando o bodhisattva Samael caiu, algum outro anjo assumiu o raio de força?
R. – Bem, precisamos entender algo. O Ser
nunca falha. O Mais Profundo, o Atman, nunca falha. Quem está no comando do
raio de força é o Deus Interior, o Ser, e aquele Anjo, aquela Entidade, aquela
Inteligência está sempre lá e sempre no comando daquele raio. Porém seu filho
falha, o seu bodhisattva. Daí que enquanto o bodhisattva estiver falhando o Mestre
tem de trabalhar em diferentes caminhos, através de outros veículos, outros
meios, outros métodos, até que o filho se levante.
9. P. – Quando
alguém trilha pelo caminho e o completa, não se torna um Paramarthasatya ou
isto é somente alcançado quando se trilha muitas vezes pelo caminho, como fez
mestre Aberamentho?
R. – Para se tornar um Paramarthasatya é
requerido um grau de conhecimento e entendimento que poucos, muito poucos têm
chegado a alcançar. Existem iniciados que se elevam até certo ponto e descem
de novo, elevam-se de novo e novamente descem, e a cada vez tentam ganhar
mais conhecimento a fim de ascender um pouco mais alto. E na próxima tentativa tentam
para de novo chegar um pouco mais alto. Então falando de forma geral esta é a
natureza do trabalho.
A alma humana, o bodhisattva, desce ou falha
segundo as circunstâncias na tentativa de alcançar mais conhecimento e mais
sabedoria, e cada vez que faz isso a tentativa se torna mais difícil, mais
dolorosa, mais arriscada; ainda assim ele o faz para conseguir mais
conhecimento. Alguns não ousam, não arriscam; daí que essas almas humanas
atingirão certo grau de desenvolvimento e naquele grau permanecerão. É algo que
discutiremos em detalhes no curso, mais tarde.
10.
P. – O que pode nos dizer sobre
Ahdi-buddha que reside em absoluta não manifestação; está ele mais além do
Glorian?
R. – Ahdi-buddha é o absoluto, o
absolutamente nada ou aquele Ser do Ser que reside profundamente dentro da
essência de todas as criaturas. Ahdi-buddha quando manifestando constitui o
Raio da Criação ou em outras palavras Avalokiteshvara, a força ou luz da luz,
amor e compaixão. E esta força quando mais se expressa e começa manifestar o
espírito e a alma é o Glorian. O Ahdi-buddha está antes disso.
11. P. – Samael
Aun Weor foi dhyani bodhisattva de Samael? Pode nos explicar a diferença entre
um e outro?
R. – Um Bodhisattva é um veículo de
sabedoria. Qualquer iniciado, qualquer alma que escolha pela vontade do Ser
em adentrar pelo caminho direto se torna um bodhisattva por direito. Ele encarna
aquela sabedoria. Quando aquele bodhisattva, aquela alma humana continua o
trabalho e é bem sucedido em alcançar grandes alturas, trabalhando através da
segunda montanha, ele adentra a terceira dimensão, e o Ser se torna um Logos,
um Cosmocriador. É isto?
12. P. – Temos
grupos de estudantes muito inquiridores hoje.
R. – Vejo isto.
13. P. – Quando
alguém se torna um Logos não significa que sua Mônada fundiu-se com seu pessoal
e íntimo Cristo e daí estará em comunhão com o Cristo Cósmico?
R. – Certo.
14. P. – O
que João quis dizer quando mencionou que estava no dia do Senhor?
R. – Bem, o que você acha que seja o dia do
Senhor, alguém sabe?
Plateia: Sabá?
Instrutor: Certo, o Sabá. Sábado relacionado
com Saturno, relacionado com a morte. Então é um dia santo. É um dia
relacionado com a morte do ego, relacionado com a Alquimia. E Binah,
naturalmente, porque Binah está relacionada com Saturno. Binah é o Espírito
Santo e há muita correspondência ali.
15. P. – Se
o trabalho é nos reunirmos com o Cristo e nos unir com um raio particular, como
passarmos mais além se isso significa ser um Paramarthasatya?
R. – O Paramarthasatya detém absoluto
conhecimento, absoluta consciência. Isso é realmente estar além – além mesmo do
raio. Pois o raio ou o Glorian é a expressão daquela trindade. Certo? Kether,
Chokmah, Binah. O Paramarthasatya tem ido bem mais que isso e entrado no
Absoluto. Então ao deter total conhecimento e incorporado de entendimento do
raio, isso estará acontecendo no nível de Binah, Chokmah, Kether, etc. Porém
mover-se além disso é adentrar no conhecimento do Okidanokh, o raio da criação:
o Ain Soph Aur, o Ain Soph e o Ain. E aquele conhecimento é vastamente mais
profundo do que simplesmente alguém deter o conhecimento de seu próprio raio
16. P. – Quando
as pessoas viajam fora do corpo, isso é somente no plano lunar astral ou eles
também vão pelo interior do plano mental ou mesmo do causal?
R. – Bem, precisamos compreender primeiramente
quando alguém está viajando fora do corpo, se isso significa exatamente que sua
psique estará deixando a forma física. Se olharmos a Árvore da Vida e
considerarmos estar na consciência de Malkuth teremos ainda muitas esferas para
deixarmos atrás. Temos todas as esferas de Klipoth e todas de níveis
superiores. Torna-se então uma questão saber onde estará o centro de gravidade
da pessoa? Seu centro de gravidade estará no ego? Ou então ela estará
provavelmente vagando em redor dos mundos infernais. Ou estará seu centro de
gravidade no corpo astral solar? Sendo assim ela/ele tem a capacidade de
adentrar naqueles reinos.
Se nós como estudantes estivermos dormindo e
lutando para ter qualquer tipo de experiência então, falando de modo geral,
quando tivermos qualquer tipo de experiência desperto ou mesmo em sonho, será
em dimensões inferiores. Entrar em dimensões superiores é um trabalho de
vontade consciente.
17. P. – Mestre
Samael Aun Weor é um Paramarthasatya?
R. – Até onde eu sei ele disse estar
trabalhando naquela direção.
18. P. – Qual
nível de desenvolvimento realmente necessitamos a fim de viajar além de nossa
galáxia?
R. – Necessário ter um corpo astral solar.
19. P. – O
que constitui um universo, e existem muitos universos?
R. – Cada esfera, cada sefirote é um mundo em
si mesma. E cada um daqueles mundos detém diferentes níveis e aspectos. Os universos
existentes estão relacionados com níveis superiores da Árvore da Vida e com
mundos superiores da cabala; então existem muitos. O que é difícil compreender
é eles serem tanto isolados como interrelacionados e para compreender isso
temos de meditar.
20. P. – Se
alguém trilhou a senda antes, alcançou a Autorrealização mas falhou e tem
perdido de novo todas as oportunidades para novamente trabalhar, este retorna
ao Absoluto como um elemental ou realmente retorna com qualquer desenvolvimento
que já tenha alcançado?
R. – Penso que para realmente compreender
essa questão há muitas palestras no website, onde é possível ler o processo do
raio de criação, e como a transmigração de almas acontece. Irei ao website para
dar uma olhada nos materiais lá existentes. Existem lá muitos escritos que
explicarão isso de modo mais completo do que eu possa fazer no tempo em que
estejamos aqui.
21. P. – O
que pode nos dizer de Judas Iscariotes; ele é um mestre?
R. – Naturalmente que Judas é um mestre, um
grande mestre da loja branca. Infelizmente penso existir algumas pessoas
achando que Judas fez errado. Entretanto sabemos ou
entendemos dos ensinamentos, que o papel desempenhado por Judas na vida de
Jesus foi sagrado e de grande honra. Mestre Samael explica que Judas Iscariotes
está agora trabalhando nos mundos infernais a fim de ajudar a humanidade.
22. P. – Como
pode um boshisattva que tenha completado seu trabalho e retornado ao seu deus
interior, cometer um erro e cair de novo, uma vez que ele já se tornou perfeito,
como seu Pai que está no céu é perfeito?
R. – Porque há níveis de desenvolvimento. A
coisa para ser entendida é esta: um bodhisattva quando se torna um bodhisattva
tem ainda de eliminar somente uma pequena fração do ego. Aquele iniciado
precisa então trabalhar intensamente por um longo período de tempo a fim de
eliminar a totalidade do ego.
Tendo alcançado a meta a pessoa está
ressurreta e entra em níveis adicionais de trabalho. Mesmo estando o ego morto
é possível cometermos erros visto que a perfeição é alcançada em níveis. Assim
mesmo grandes deuses têm cometido erros e está demonstrado em várias
mitologias, também em muitas histórias que mestre Samael nos conta.
Não seria por que alguém que tivesse
alcançado um grau de perfeição que se tornaria infalível. O carma é muito
complicado, mesmo para os deuses. Então para compreender o carma e agir
convenientemente todas as vezes, isso é somente possível para um Paramarthasatya.
Alguém abaixo desse nível de desenvolvimento -- qualquer um fora do Absoluto -- é suscetível de cometer erros. Isso é tudo.
23. P. – Seria
o Absoluto uma entidade tentando alcançar a realização nele próprio através do
trabalho de suas Mônadas?
R. – O Absoluto está além da concepção. É luz
incriada; é um tipo de Inteligência; um tipo de força que precisa conhecer-se.
Não tem atributos, mas se manifesta através de atributos para adquirir
autoconhecimento. Entendamos então que isso requerer muita meditação. Não é
algo de que possamos simplesmente dizer: “o Absoluto é um ser que sente isso e
aquilo”. Não é tão simples assim. É muito, muito difícil para nosso intelecto
entender o que seja o Absoluto e o que Ele não seja.
Fico feliz que todos estejam tão
entusiasmados. Estou certo de que voltarão com novas e difíceis perguntas para
a próxima palestra semanal. Então muito grato a todos.
POR UM
INSTRUTOR GNÓSTICO
Fonte:https://glorian.org/learn/courses-and-lectures/the-book-of-revelation/the-son-of-man
Anterior: https://arcadeouro.blogspot.com/2021/06/introducao-revelacao-gnostica.html
Tradução Inglês / Português: Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com
Rayom
Ra
Ver O Filho do Homem (2): https://arcadeouro.blogspot.com/2022/03/misterios-gnosticos-o-filho-do-homem.html