Dizem que os fanáticos são capazes de
qualquer coisa para inculcar a crença em seu deus e em seus ídolos. Porém, a
isso contestaremos que em tal caso os brahamanes e os rekhget-amens ou hierofantes egípcios não houvessem popularizado a
crença no poder do homem mediante as práticas mágicas, para disporem dos
serviços dos deuses; deuses que na realidade não são outra coisa que as
potências ocultas da natureza, personificadas pelos mesmos sacerdotes
instruídos, em que eles veneravam tão somente os atributos do Princípio Uno
desconhecido e sem nome.
Como expressa muito notadamente Proclo, o
platônico: “Quando os antigos sacerdotes
consideravam que existia certa aliança e simpatia mútua entre as coisas
naturais e entre as coisas manifestas e os poderes ocultos, e descobrissem que
todas as coisas subsistem no todo, fundaram desta mútua simpatia e similitude
uma ciência sagrada.... e aplicaram para fins ocultos tanto a natureza
celestial quanto a terrestre, graças as quais, e por efeito de certa
similitude, deduziram a existência de virtudes divinas nesta mansão inferior”.
A Magia é a ciência de comunicar-se com
potências supremas e supramundanas e dirigi-las, assim como de exercer comando
sobre as de esferas inferiores; é um conhecimento prático dos mistérios ocultos
da Natureza, conhecidos unicamente por uns poucos, por razão de serem tão
difíceis de aprender sem incorrer em pecados contra a Natureza.
Os místicos antigos e os da Idade Média
dividiam a Magia em três classes: Teurgia, Goécia e Magia Natural. “Desde há muito tempo, a Teurgia tem sido
apropriada como a esfera particular dos teósofos e metafísicos, disse
Kenneth Mackenzie. A Goécia é magia negra
e a Magia natural ou branca se tem elevado saudável com suas asas a uma alta
posição de um estudo exato e progressivo”. Os comentários colocados por
nosso copioso e sábio irmão são dignos de atenção.
Os desejos materiais, realistas dos tempos
modernos, têm contribuído para desacreditar a Magia e pô-la no ridículo. A fé
(em si mesmo) é um elemento essencial na Magia, e existia muito tempo antes de
outras ideias que presumem sua preexistência. Tem-se dito que se requer de um
sábio para se fazer de louco e as ideias de um homem devem ser exaltadas quase
até a loucura, isto é, as aptidões de seu cérebro terão de aumentar até um
nível muito mais elevado que o baixo e miserável estado da civilização moderna,
antes que ele possa converter-se num verdadeiro mago; por que ele, ao ir-se em
busca desta ciência, implica a certo grau de isolamento e abnegação.
Um isolamento muito grande, por certo, na sua
realização constitui-se por si só num fenômeno maravilhoso, num milagre. Por
outro lado, a Magia não é nenhuma coisa sobrenatural. Segundo expõem Jâmblico:
“eles, por meio da teurgia sacerdotal,
declaram que podem remontar às Essências mais elevadas e universais e até
aquelas que estão sobre os destinos, isto é, até Deus e o Demiurgo, sem fazer
uso da matéria nem assumir coisa alguma, exceto a observação de um tempo
razoável”.
Alguns já começam a reconhecer a existência
de poderes e influências sutís na Natureza, do que até agora nada sabiam.
Porém, como justamente notou o doutor Carter Blake: “o décimo nono século não é aquele que tenha observado a gênesis dos
novos métodos do pensamento nem a consumação dos antigos” ao que adita Mr.
Bonwich: “se os antigos sabiam muito pouco de nosso modo de investigação dos
segredos da Natureza, nós sabemos menos ainda daquilo que empregavam.
- [Magia: Sabedoria: a Ciência e Arte de
utilizar conscientemente poderes invisíveis (espirituais) para produzir efeitos
visíveis. A vontade, o amor e a imaginação são poderes mágicos que todos
possuem, e aquele que sabe a maneira de desenvolvê-los e servir-se deles de um
modo consciente e eficaz, é um Mago.
Aquele que os emprega para o bem pratica a
magia branca; e o que os usa para fins egoístas ou maus é um mago negro. (2) Paracelso, emprega a palavra Magia para designar o mais elevado
poder do espírito humano para governar todas as influências exteriores com o
objetivo de fazer o bem. A ação de servir-se de poderes invisíveis para fins
reprováveis o denomina de necromancia, por que os elementais dos mortos são
frequentemente utilizados como meio de transmitir más influências. A feitiçaria
não é Magia. Fala-se desta na mesma relação que as trevas detêm com a luz. A
feitiçaria trata das forças da alma animal; a Magia trata do poder supremo do
Espírito. (F. Hartmann)].
(1) A respeito desta colocação, os ensinamentos
da igreja cristã sobre um mundo espiritual superposto ao mundo físico da
maneira como são passados, para muitos estudantes de magia é algo desprezível
mantido por pessoas ignorantes, bem diferentes de uma realidade
científico-espiritual somente encontrada em grandes e tradicionais escolas de
mistérios. Nada mais enganoso e discriminatório, em relação aos maus estudantes
daquelas boas escolas, pois no Velho e Novo Testamentos são encontradas
iniludíveis referências da simbologia oculta que magos entendiam, a começar por
Moisés que escreveu o Pentateuco.
A
magia está não somente embutida em toda a simbologia da Igreja, mas também
claramente assente na sua liturgia e muito mais especialmente, na missa,
copiados todos esses básicos modelos da antiga gnose como forças em si mesmas,
sendo peças importantes e incontestes na infraestrutura da igreja de Cristo na
Terra.
O
estudante de magia que despreza qualquer derivação ou denominação da igreja
cristã, por acha-la estúpida e idólatra, enredada no mercantilismo da fé e
artífice dos inomináveis crimes praticados contra a humanidade, precisará antes
de tudo entender que o cristianismo atravessou uma era negra da humanidade, em
que grandes representantes de Deus na Terra precisaram em muito ocultarem-se
das forças opressoras por que a humanidade necessitava viver nela mesma o seu
resgate cármico acumulado, conforme bem alertou Jesus ao dizer: “Não penseis que vim trazer paz a Terra,
não vim trazer a paz, mas a espada”.
Entendamos aqui onde está o ensinamento oculto e onde está a profecia terrena.
Os
mansos e sábios que se ofereceram ao mundo e que de tempos em tempos foram
supliciados e martirizados pelos déspotas mandatários, a isto desejaram passar
para que o exemplo da fé trazida pelo Maior de Deus, que encarnou a verdadeira
Luz, fosse reforçado e lembrado sem véus, pois além de suas corajosas pregações,
dos amargores e traição, foi cruelmente crucificado pelos homens sem luz,
perdoando-os.
Lembremos
também que homens com indignas participações sacerdotais na necessária religião
cristã, sabotaram os mais coerentes princípios esposados pelo Grande Mestre e
Profetas inspirados, sendo hoje, muitíssimos deles, pela lei de causa e efeito,
os ancestrais de suas próprias e atuais encarnações. (Rayom Ra)
(2) Neste particular é sabido que os
praticantes da magia branca usam os poderes da natureza na curva ascendente do
arco de manifestação da Vida, na forma de elementos positivos em evolução. O
mago negro utiliza-se dos poderes descendentes do arco para seus atos nefandos.
Sabemos que o arco compreende de um lado as forças e hierarquias de seres
elementais que descem para a formação dos planos ou dimensões, trazendo nele a
natureza “involucionária” na sua polaridade negativa. Opostamente, o outro arco
leva para cima todos os habitantes de reinos e hierarquias de seres elementais
nas suas realidades evolucionárias, após incontáveis eras de experiências e
avanços. (Rayom
Ra)
Fonte: Glosario Teosofico por HPB
Tradução Espanhol/Português – Rayom Ra
Rayom Ra
http://arcadeouro.blogspot.com.
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