25. A meditação perfeitamente concentrada sobre a luz despertada produzirá a consciência daquilo que é sutil, oculto ou morto.
Em
todos os ensinamentos de natureza ocultista ou mística encontram-se
frequentemente referências ao que chamamos “Luz”. A Bíblia têm muitas destas
passagens bem como as têm todas as Escrituras do mundo. Muitos termos são
aplicados a isto, mas o espaço só nos permite considerarmos os que são
encontrados nas diversas traduções dos Aforismos de Yoga de Patânjali, como
segue: A Luz Interior Despertada e A Luz na Cabeça (Johnston), A Luz da
Cognição Imediata, e Conhecimento Intuitivo (Tatya), Aquela Luz Fulgente e A
Luz do Alto da Cabeça (Vivekananda), A Luz da Corona e A Luz da Disposição
Luminosa (Ganganatha Jha), A Luz Interior e A Mente Cheia de Luz (Dvivedi), O
Resplendor na Cabeça (Woods), A Luminosidade do Órgão Central e A Luz da
Atividade Sensorial Superior (Rama Prasad).
Estudando-se
estes termos torna-se aparente que dentro do veículo físico existe um ponto de
luminosidade que, quando contatado, lançará a luz do espírito sobre o caminho
do discípulo, iluminando assim o percurso, revelando a solução de todos os
problemas, capacitando-o a atuar como portador da luz para outros. A natureza
desta luz é de um resplendor interno; sua localização é na cabeça, na
vizinhança da glândula pineal, e é a atividade da alma que a produz.
O termo
“órgão central”, associado a esta
luz, deu origem a muita discussão. Alguns comentaristas referem-no ao coração,
outros à cabeça. Tecnicamente, nenhum deles está inteiramente correto, pois
para o adepto treinado o órgão central é o veículo causal, o karana sarira, o corpo do ego, o invólucro
da alma. Este é o veículo do meio, dos “três veículos periódicos”, que o divino
Filho de Deus descobre e utiliza no decorrer de sua longa peregrinação. Estes
três veículos têm sua analogia nos três templos que se encontram na Bíblia
Cristã.
1. O
transitório e efêmero tabernáculo na mata virgem, típico da alma em encarnação
física, persistindo por uma vida.
2. O
Templo de Salomão, mais belo e permanente, típico do corpo da alma ou veículo
causal, de duração mais longa, persistindo por eons e cada vez mais revelado em
sua beleza, no Caminho, até a terceira iniciação.
3. O
Tempo de Ezequiel, até então não revelado e inconcebivelmente belo, o símbolo
do invólucro do espírito, a Casa do Pai, uma das muitas mansões, o “ovo áurico”
do ocultista.
Na ciência
da Yoga, que tem de ser trabalhada e dominada no corpo físico, o termo “órgão
central” é aplicado à cabeça ou ao coração, e a diferença é, primariamente, de
tempo. O coração durante os estágios preliminares de desenvolvimento no Caminho
é o órgão central; posteriormente é no órgão central da cabeça que a verdadeira
luz terá seu lar duradouro.
No
processo do desabrochar, o desenvolvimento do coração precede ao da cabeça. A
natureza emocional e os sentidos desabrocham antes da mente, como se verá se estudarmos
a humanidade como um todo. O centro cardíaco se abre antes do centro da cabeça.
O amor deve sempre ser desenvolvido antes que o poder possa ser usado com
segurança. Assim, a luz do amor deve estar funcionando antes que a luz da vida
possa ser conscientemente empregada.
À
medida que o centro do lótus do coração se abre e revela o amor de Deus,
através da meditação um desabrochar sincrônico ocorre no interior da cabeça. O
lótus de doze pétalas na cabeça (que é a correspondência superior do centro do
coração e o intermediário entre o lótus egóico de doze pétalas em seu próprio
plano e o centro da cabeça) desperta. A glândula pineal é gradualmente levada
de um estado de atrofia à plena atividade e o centro de consciência é
transferido da natureza emocional para a consciência da mente iluminada. Isto
marca a transição que o místico tem que fazer para o caminho do ocultista, mantendo,
como sempre o faz, seu conhecimento e consciência místicos, mas adicionando a
ele o conhecimento intelectual e o poder consciente do ocultista e iogue
treinado.
Do ponto
de poder na cabeça o iogue dirige todos os seus negócios e empreendimentos,
lançando sobre todos os acontecimentos, circunstâncias e problemas a “luz
interior despertada”. Nisso ele é guiado pelo amor, visão interna e sabedoria,
que lhe pertencem por transmutação de sua natureza amor, pelo despertar de seu
centro do coração e pela transferência dos fogos do plexo solar para o coração.
Seria
muito pertinente aqui a questão: “Como é
realizada a junção entre a cabeça e o coração, produzindo a luminosidade do
órgão central e a emissão do resplendor interno?” Resumindo, podemos dizer
que pode ser feito do seguinte modo:
1. Pela
Subjugação da Natureza Inferior – o que transfere a atividade de toda a
vida abaixo do plexo solar e inclusive o plexo solar, para os três centros
acima do diafragma: a cabeça, o coração e a garganta. Isto é feito através da
vida, do amor e do serviço, não por meio de exercícios respiratórios ou
posturas para desenvolvimento.
2. Pela
Prática do Amor – a focalização da atenção sobre a vida do coração e
serviço, e pela conscientização de que o centro do coração é o reflexo da alma
do homem e que esta alma, do trono ou assento entre as sobrancelhas, deve guiar
os assuntos do coração.
3. Por
um Conhecimento de Meditação – Pela meditação, que é a exemplificação do
aforismo básico da Yoga “a energia segue
o pensamento”, todos os desabrochamentos e desenvolvimentos que o aspirante
deseja, ocorrem. Pela meditação, o centro do coração, que no homem não
desenvolvido é representado como um lótus fechado virado para baixo - é invertido, virado para cima e aberto. Em seu
coração está a luz do amor. O resplendor desta luz, sendo voltado para o alto,
ilumina o caminho para Deus, mas não é o Caminho, exceto no sentido de que
enquanto palmilhamos aquilo que o coração deseja (num sentido inferior) esse
caminho nos leva ao próprio Caminho.
As
coisas ficarão mais claras se nos conscientizarmos de que parte do caminho está
dentro de nós mesmos, e isto o coração revela. Ele nos leva à cabeça, onde
encontramos o primeiro portal do Caminho propriamente dito e entramos na parte
do caminho da vida que nos afasta da vida corporal, até a completa libertação
da experiência na carne e nos três mundos.
É tudo
um caminho só, mas o Caminho de Iniciação tem que ser trilhado conscientemente
pelo pensador, atuando através do órgão central da cabeça e, dali,
inteligentemente, atravessando o Caminho que leva através dos três mundos, ao
reino ou reinado da alma. Pode-se afirmar aqui que o despertar do centro do
coração leva o homem à consciência da fonte do centro do coração, dentro da
cabeça. Isto, por sua vez, leva o homem ao lótus de doze pétalas, o centro
egóico nos níveis superiores do plano mental. O caminho do centro do coração
até a cabeça, quando seguido, é o reflexo, no corpo, da construção do antakarana
no plano mental. “Como é em cima, assim é
embaixo”.
4. Pela Meditação Perfeitamente Concentrada na
Cabeça. Isto produz, automaticamente, maior estímulo e o despertar dos
centros ao longo da coluna, cinco em número, desperta o sexto centro. O que
está entre as sobrancelhas, e em tempo revelará ao aspirante a saída no topo da
cabeça, que pode ser vista como um radiante circula de pura luz branca. Este
começa como mero ponto e passa por vários estágios de crescente glória e luz
radiante, até que o próprio Portal se revela. Nada mais é permitido dizer sobre
este assunto.
Esta
luz na cabeça é o grande revelador, o grande purificador, e o meio pelo qual o
discípulo cumpre o mandamento do Cristo, “Deixa
Tua Luz Brilhar”. E o “Caminho do
justo que brilha cada vez mais e mais até o dia perfeito”. É isso que
produz o halo ou círculo de luz visto em torno das cabeças dos filhos de Deus
que já receberam sua herança ou que estão por recebê-la.
Através
desta luz, como indica Patânjali, nos tornamos cônscios do que é sutil, ou das
coisas que só podem ser conhecidas pela utilização consciente de nossos corpos
sutis. Estes corpos sutis são os meios pelos quais atuamos nos planos internos,
tais como o plano emocional ou astral, e o mental. Atualmente a maioria de nós
funciona nestes planos inconscientemente. Através desta luz também nos tornamos
conscientes daquilo que está oculto ou que ainda não foi revelado. Os Mistérios
são revelados ao homem cuja luz estiver brilhando e ele se tornará um
conhecedor. O que é remoto ou o futuro também lhe é revelado.
[A Luz da Alma – Alice A. Bailey]
Rayom Ra
[Leia Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd em páginas on line ou em downloads completos ]
Muito interessante!Obrigada por essa mensagem!
ResponderExcluirQue bom que você gostou KaryEl. As obras de A.A. Bailey são esclarecedoras.
ExcluirMuita Paz,
R/R