quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Nascimento de Jesus



       Esta interpretação esotérica revela aquilo que parece ser biográfico, geográfico ou histórico, mas constitui meramente o arcabouço para joias inestimáveis de verdades espirituais que se encontram ali interiorizadas.
                                                  [Evangelho de Mateus]

       Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, em dias do rei Herodes”.

       Jesus personifica o candidato que está buscando uma iniciação na escola esotérica situada e denominada como Belém. Este nome exprime: “sustentação espiritual”, que ali é estimulada conjuntamente aos primeiros degraus da iniciação. Tal escola vinha existindo muitos séculos antes do nascimento de Jesus.

       Praticamente todos os nomes hebraicos possuem um significado mais profundo do que aparenta, e escritores iluminados das histórias da bíblia frequentemente os empregam no sentido de veicularem certas ideias que permanecem ocultas, até que pesquisas desvelem os seus reais significados. “Belém da Judéia” induz ao significado de um santuário de ensinamentos místicos, cujo objetivo principal era louvar e servir ao Senhor.

       Herodes designa um regente terreno que é de estreitos horizontes, invejoso e destrutivo; por conseguinte, impede o desenvolvimento espiritual de muitas pessoas. Candidatos aos mistérios aprendem a viver a vida interior e permanecem desapegados, muito embora, outros em derredor, possam ser prisioneiros de um redemoinho de egoísmos, e se tornem envoltos em questões de poder e posição a qualquer preço.

       Nenhuma forma de paixão! É o primeiro teste a que o noviço deve se submeter no sentido de provar sua perseverança e lealdade aos ideais que deseja adotar em sua conduta de vida.

       A intenção do primeiro capítulo deste evangelho foi descrever o desenvolvimento da faculdade intuitiva, personificada em Maria; José representa meramente o intelecto iluminado. O passo seguinte para o grau de iniciação superior é trazer ao coração a qualidade do amor universal na ativa expressão personificada por Jesus.

       Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes

       Isto demonstra que o egoísmo do ego inferior teme ser suplantado pelo ímpeto interior que descerra mais qualidades altruístas.

       Herodes tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera”.

       O profundo significado desta passagem é que Herodes simboliza o materialismo mundano e deseja saber como e quando pode desenvolver um estado de iluminação interior.

       Certamente Herodes não compreende a verdadeira natureza do princípio crístico; daí requerer dos magos buscar com o mais escrupuloso cuidado e então retornar e explicar-lhe os detalhes essenciais.

       Agora a questão frequentemente tornada: quem eram os magos? De acordo com as tradições crísticas antigas seus nomes eram: Melchior, Kaspar e Baltazar.

       Melchior é nome grego que significa: “rei da luz”, pois Melchi significa um rei; Or ou Ur indica luz. Por conseguinte, ele foi citado como portador de luz, mas também manifestando a qualidade do puro amor; consequentemente o significado completo induzido para este nome é: “rei da luz e do amor”.

       Kaspar é mais recôndito, pois sua origem e propósito são traduzidos como: “depositário sagrado e mensageiro dos deuses”, sendo relacionado a Hermes e designando: “personificação da sabedoria divina”.

       Balthazar é ainda mais abstruso e difícil definir. A primeira sílaba Bal, obviamente corresponde a Baal, significando Senhor, ao passo que o restante da palavra significa: “riqueza espiritual de almas humanas”. Em sentido místico implica em: “senhor do poder e guardião da alma”.

       Melchior foi, provavelmente, o hierofante iniciador de Jesus, enquanto os seus dois companheiros atuaram como padrinhos, tendo sido na Terra seus tutores. Dai as qualidades de Amor, Sabedoria e Poder a Ele conferidos. O versículo 11 (Mt) afirma:

       Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe”.

       Neste drama espiritual os progressivos estágios do desenvolvimento da alma são personificados como individualidades. Dai que José, Maria e Jesus, representam sequenciais características de um candidato à iniciação e personificam, respectivamente, o intelecto iluminado, a intuição desperta e o coração amoroso.

      O texto diz ainda: “Prostrando-se o adoraram”. Em significação antiga isto quer dizer “veneração que é digno ou possuindo a qualidade do mérito, representativo de honra e respeito”. Estes são os atributos requeridos que justificam a iniciação superior.

       E abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra

       Estes são emblemas simbólicos, pois o ouro representa sabedoria; incenso implica em devoção a Deus com amor impessoal devotado à humanidade. Mirra, contudo, significa amargura, por conseguinte, foi presenteada a Jesus num presságio de seu futuro sofrimento e agonia na crucificação, pois é dito:

       Não há Cristo sem cruz”.

       Os presentes sugerem, também, estágios de progresso espiritual aos quais ele estaria destinado a atingir. Como o incenso deve ser consumido no sentido de liberar sua fragrância, assim o devoto se rende em devoção a Deus e serviço não egoísta em favor do próximo.

       Ouro é um símbolo do Sol e significa a sabedoria de Cristo como o Mensageiro de Deus.


       Mirra indica que a renúncia final do ego, como indicado pela cruz, deve preceder à Ascensão e aquisição da identidade com o Pai.

                                  [The Drama of the Soul – Shabaz Britten Best]
Rayom Ra
 
[Leia Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd em páginas on line ou em downloads completos ]
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário