Para uma idéia mais aproximada possível do que seja a figura do antakarana e suas elevadas funções, não basta tão somente fazer-se uso da filosofia hermética, atendo-se a algumas máximas repetidamente coletadas de outros autores. Ao desejar que o antakarana represente algo - além de um item a mais do conhecimento esotérico - é necessário então meditar por algum tempo sobre sua existência no sentido de que esse esforço, configurado na própria energia do praticante, venha de fato preencher mais uma lacuna da genesis da alma. Nessa aplicação pessoal, o caminho mais eficiente é o da imaginação trabalhada em dois níveis principais: o da personalidade, segundo seus aprofundamentos, e o da alma propriamente, embora seja preciso além do esforço, uma determinação mais acentuada por que no início esse entendimento é bastante nebuloso e não se chega às suas bases com facilidade. Entretanto, pela frequência com que reflexione e medite, o esotérico avançará mentalmente para a ponte que liga as duas manifestações do Ego e por essa persistência ele certamente virá colher algumas reações das correntes de energia e força que automaticamente evoca. É sabido que, sob as luzes e normas do esoterismo, o exercício da imaginação sobre um determinado tema, conjugado à reflexão ou meditação, aproxima conscientemente despertando cada vez mais o conhecimento intuicional do assunto e de sua realidade.
Não obstante, para aquilo que diretamente estamos aqui tratando, um retrospecto se torna necessário no que concerne a natureza da alma para melhor nos situarmos com o antakarana. Recordemos algumas definições e ampliemos outras:
“A alma é o filho de Deus, o produto da união do espírito com a matéria” (D.K.)
Essa definição nos remete ao condicionamento da energia-alma tanto nos planos intermediários, quando o ser em evolução já começa a dissolver suas ligações com “o filho do homem”, como aos planos superiores no instante em que a vida se prepara para assumir sua identidade como “o filho de Deus”. Esse comentário pode parecer excessivamente ortodoxo e enigmático, algo bíblico, porém retrata as vias por onde todas as mônadas passam ou um dia haverão de passar. O filho do homem é a alma terrena – o eu personalidade – ao passo que o filho de Deus é a Alma-Espiritual já sob o domínio da tríade superior em atma-buddhi-manas. Entre um e outro se situa o antakarana que cumprirá o seu papel enquanto a chama imortal – a essência das essências, o princípio, o meio e o fim da manifestação-vida integrada - se descartará de todos os seus invólucros que constituem todas as suas almas. O exemplo mais eloqüente desse avanço está no homem Jesus - a personalidade unificada - que simbolicamente morreu na cruz, voltado para o Cristo mais acima que representa e se constitui na expressão integral da alma externa e interna do próprio homem. Então o antakarana, cumprida a sua existência como a ligadura entre o abaixo e o acima, volta-se também e completamente ao corpo causal ou alma cristificada.
“A união do espírito com a matéria resultou inicialmente numa alma universal, anima mundi, que detém todas as unidades de vida em todos os reinos, num véu único de matéria e consciência em diferentes graus de manifestação. Anima mundi podemos considerar como a própria existência da Mãe do Mundo, porque dela emergem todas as almas que povoam os sete mundos. Em Akaza ou Aether dos gregos, anima mundi, a substância original imaculada em seu princípio de existência, está associada à Mãe Cósmica ou Virgem Maria sendo o impulso que realiza no éter. Essa substância virginal, conhecida pelos orientais por Mulaprakriti, permaneceu e permanece em seu manancial saída de Parabrahman ou Deus Incognoscível, como o princípio do Deus feminino”. (Rayom Ra)
“A palavra alma emprega-se também para designar a soma total psíquica – o corpo vital, a natureza emocional e a substância mental, mas é também mais do que isso, uma vez que se chegou à etapa humana; constitui uma entidade espiritual, um ser psíquico consciente, um filho de Deus que possui vida, qualidade e aparência, uma manifestação única; em tempo e espaço, das três expressões da alma que acabamos de definir:”
1. “A alma de todos os átomos que compõem a aparência tangível.” – portanto o corpo físico biológico.
2. “A alma pessoal ou a soma total sutil e coerente, a que chamamos Personalidade, composta dos corpos sutis etérico ou vital, astral ou emocional e o mecanismo mental inferior. Esses três veículos têm semelhanças com os do reino animal no que respeita à vitalidade, sensibilidade e mental potencial; com o reino vegetal no que se refere à vitalidade e à sensibilidade e com o reino mineral no que respeita à vitalidade e sensibilidade potencial.” – portanto o ego inferior.
3. “A alma é também o ser espiritual ou união da vida e da qualidade.” – portanto o ego superior”.
E, “Quando se estabelece a união das três almas, assim chamadas, temos um ser humano.” - portanto, a perspectiva do Homem Total. (Minha Alma Sua Alma - Rayom Ra – D.K.)
Essa pequena amostra já nos dá a idéia do grau de dificuldade para se conhecer virtualmente a alma, senão por experimentações ou diretamente pela intuição, mas nesse último caso quando se detem o alcance de suas perspectivas pelo alinhamento correto através de seguidas considerações, reflexões, meditações ou apropriadas pesquisas. Tecnicamente, no entanto, podemos nos sair melhor quando entendemos o que sejam as tríades e os três setores que compõem a totalidade do ser humano acima referidos, tais como; 1. Alma-espiritual. 2. Entidade intermediária. 3. Um ser também tríplice. Este último organiza-se com um princípio intelectivo, com um princípio sensitivo emocional e com um princípio etérico-físico encarnado no seu reino, chamado na tríplice totalidade de personalidade ou ego inferior, cujo habitat ele precisa conhecer e transformar para poder crescer e tornar-se numa entidade integrada e autoconsciente.
Basicamente, a manifestação-vida conhecida genericamente por homem, é formada dos seguintes princípios temporais, idealizados pela mônada e tomados respectivamente das leis aplicadas a cada mundo ou plano no que concerne à matéria segundo as estruturas, rotações e vibrações de seus átomos.
A Mônada Divina Incriada ou Espírito
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Corpo Átmico – Espiritual
Corpo Búdico – Intuicional
Corpo Manas – Mental Abstrato
Corpo Manas – Mental Concreto
Corpo Astral – Emocional
Corpo Etérico – Éteres
Corpo Físico – Matéria
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Para a constituição das tríades que darão a formação dos corpos do homem, a mônada trabalha com seus dispositivos hierárquicos. Os planos do universo onde se acha instalado e em plena manifestação o nosso sistema solar, são sete. O esquema acima representa veículos que a entidade homem vem possuir, retirados de cinco planos construídos e trabalhados pelo Logos, embora com desdobramentos, pois o plano mental é um só, porém sob dois aspectos, e o plano etérico é também considerado físico. Os dois outros mundos conhecidos são o plano Adi e o plano Anupadaka segundo a terminologia oriental.
O plano Adi, é a residência do Logos, onde ele estabeleceu o Laboratório para suas atividades a fim de reger os mundos por Ele mesmo construídos com a matéria universal. Neste plano ou mundo, as mônadas aqui também se encontram, tendo vindo à existência com o próprio Logos, estabelecidas sob sete variações básicas ou raios. As mônadas também chamadas de espíritos puros conhecem os propósitos do Logos Criador, vindo se constituir de imediato numa Hierarquia operante em favor do Grande Plano da Criação. Por motivos que desconhecemos, as mônadas não podem descer além do plano imediatamente inferior – Anupadaka – ali se estabelecendo para seu trabalho.
Cada manifestação-vida, trazida a esse sistema solar para evoluir dentro dos parâmetros firmados pela inteligência e necessidade do Logos é uma mônada na sua origem. Os bilhões de mônadas e o Logos na sua generalidade necessitam obter experiências destes mundos criados, para avançar em consciência e poderes, mas devido às leis cósmicas e condições irremovíveis, as vidas, elas mesmas, precisam tomar para si as rédeas do progresso sob todas as condições e poderes dimanados pelo Logos Criador. Isso leva às vidas monádicas a buscar o conhecimento de seus habitat, de si mesmas e de suas origens sob os múltiplos e enganadores véus tecidos pela natureza. As vidas ao avançar para a autoconsciência começam a entrar num estágio mais dinâmico do processo evolucionário, mas ao mesmo tempo pleno de percalços, pelo fato de poderem trabalhar com certa desenvoltura com polaridades duais. O conhecimento das potencialidades dos reinos quer sob a experimentação científica como móvel objetivo quer pelo desnudamento dos véus de uma ciência oculta, trazem o homem para campos aparentemente opostos, sob parâmetros e visões de ângulos diferentes.
Os verdadeiros avanços das vidas no processo evolucionário não caminham necessariamente com a ciência material como muitos supõem. Os caminhos desta ciência são resultados das necessidades naturais para amparar material e socialmente as vidas e alavancar o processo da polarização mental. Os caminhos espirituais não se fazem dependentes da ciência e sua tecnologia, estas no máximo auxiliam, mas em nada determinam. Bilhões de vidas encontraram seus verdadeiros caminhos ao longo da história sem os confortos modernos, ao passo que muitos homens da ciência, e os seguidores de suas irreverentes premissas e axiomas, sendo reconhecidamente capazes intelectualmente, estancaram espiritualmente ante as metas estabelecidas pelo processo evolucionário. Pois na medida em que exploram as inesgotáveis fontes da matéria com ela cada vez mais se identificam, bloqueando as vias sensíveis de seus egos, afastando-se da fonte única e espiritual da qual são originários, e que necessitam reconhecer para nela avançar internamente.
Hoje há enormes enganos sobre a questão da evolução sob os aspectos religiosos, esotéricos e científico tecnológico. O homem afasta-se da sua simplicidade ao redescobrir as intermináveis vias das pesquisas de um universo microscópico e paralelo, conceituando em todas as minúcias possíveis as descobertas como novas e redentoras. Os impulsos da ciência atual são assustadores por estarem manipulados pelas mãos de homens despreparados espiritualmente que visam um caminho estritamente material.
Os parâmetros se invertem e a ciência cética acusa os homens do espírito de retrógrados e responsáveis pelas misérias humanas que a história oficial testemunhou. No entanto, os caminhos iniciáticos do espírito são os verdadeiros e em certas proporções os das religiões, por que nada restará do mundo quando a ambição do homem dominar todos os postos das poderosas organizações quer sejam elas reconhecidas como úteis e filantrópicas ou não. Já se esgotou o tempo de o homem moderno ter acabado com as misérias humanas sob abismais diferenças sociais e raciais por que há recursos monetários sobrando e tecnologia suficiente para vencer muitos dos agudos desafios. Mesmo com todas as pesquisas inúteis de centros tecnológicos especiais que gastam fábulas astronômicas e pouco produzem, bem como de experiências com foguetes espaciais que consomem inacreditáveis recursos, e por tantas outras pesquisas desnecessárias sumamente dispendiosas, sobram economias para transformar o mundo, estabelecer melhores metas para todos os povos e instituir um controle racional e humano da natalidade. A ciência também é de Deus!
Não vamos nos aprofundar nesse tema, já trabalhado noutros textos de nossa autoria para não fugirmos do cerne deste assunto. Entretanto, as alusões não foram ao acaso por que o antakarana e o que a ele envolve, representam para a humanidade avançada a sinalização de uma vertente que conduz à libertação de todas as limitações. Quando a humanidade compreender de fato que todos os recursos para seu autoconhecimento e felicidade estão dentro dela mesma, embora vivendo em dois mundos, poderá usufruir do potencial da matéria através da verdadeira ciência sem apegos, ambições e perigos.
Prosseguiremos.
Rayom Ra
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