domingo, 26 de dezembro de 2010

Antakarana - I

Para seguidores do esoterismo teórico o conhecimento do antakarana representa mais um importante subsídio acerca do Ego e seus vários segmentos estruturais. Conhecer e saber, guardadas as devidas proporções daquilo ao que temos acesso é importante por que o exercício da pesquisa nos obriga a meditar e a reflexionar sobre os diferentes temas, e assim nos transportam para outra realidade não alcançada pelos malabarismos comuns do intelecto voltado às causas unicamente materiais.

Para os esotéricos que nos acompanham, pretendemos destacar que o antakarana não é meramente uma figura metafórica, produto de elucubrações de místicos para justificar certas possibilidades a que o ser humano esteja incurso em seus diversos estados mentais. Embora todo esotérico e ocultista necessite saber cada vez mais, desejaria aqui acentuar que as denominações de esoterismo e ocultismo nem sempre significam exatamente as mesmas coisas, embora sejam comumente referidas como sinônimos. O esoterismo é amplo e natural, avança para a ciência concreta e oculta num leque bastante diversificado, enquanto que o ocultismo cuida mais especialmente de verter aos segredos da magia e suas forças, através, basicamente, da prática coordenada pela experiência. Entretanto, não existe uma demarcação rígida entre um e outro. Acima dos estágios de aspirante, místico e iniciado menor, o conhecimento equivale-se por que, ao natural avanço nas iniciações, o caminhante precisará já estar de posse das principais experiências facultadas pelos sete raios. Naturalmente falamos do conhecimento acumulado na alma.

Sabemos que a imaginação ocupa papel preponderante na vida do estudante esotérico, pois todo o conhecimento oculto necessita ancorar-se na mente do investigador e não propriamente nas limitações de seu cérebro físico tri-dimensional. Esta é a principal linha divisória que separa o ceticismo do ocultismo, por que o investigador e materialista cético, de modo geral, é incapaz de usar a imaginação senão unicamente evocar a racionalidade do cérebro. O cético vive basicamente de seu cérebro e mente concreta e raramente vai além, recusando-se a aceitar uma realidade transcendente à matéria, vivendo num círculo fechado, não desenvolvendo outros canais que ligam a personalidade ao verdadeiro Ego. Sabe, no entanto, que a origem da matéria como causa é nebulosa para a ciência, por que a matéria em última instância, não é um princípio - é nada - não existindo numa realidade definitiva senão em formas temporais de energia concentrada. E, contudo, o ceticismo não consegue negar por suas próprias pesquisas que os elementos ultramicroscópicos do átomo não são capturados, e nem se sabe exatamente como se apresentam, por que passam instantaneamente de um estado energético desconhecido para outro, deixando unicamente rastros de seus trânsitos.

Ainda bem que os maiores segredos do átomo permanecem por enquanto sob a tutela de grandes iniciados nas leis de Deus. Pois se com o pequeno conhecimento que a ciência dispõe já conseguiu construir bombas infernais e armas nucleares terrificantes que matam milhares em poucos segundos, imaginemos se a fera enjaulada nos homens sem Deus e não controlada por sua ciência já dominasse outros segredos atômicos, o que seria – ou não seria – da humanidade.

Diz-nos H.P. Blavatski sobre o Antakarana: “Esse término tem vários significados que diferem em cada seita e escola de filosofia. Assim é que Zankarâchârya traduz esta palavra no sentido de entendimento; outros de ‘o órgão ou instrumento interno, a Alma, formada pelo princípio pensador e o egotismo (ahankâra)’, ainda que os ocultistas o definam como o sendero ou ponte entre o Manas (mente) superior e inferior, o Ego Divino e a Alma pessoal do homem”

É sabido que o homem tem uma estrutura material, uma intermediária entre o material e o imaterial e a divina isenta de qualquer formação ou subordinação à matéria conhecida. As três grandes emanações do Logos ao construir os mundos e torná-los o campo das experiências e evolução das vidas, propiciam às correntes de energia e força por Ele direcionadas o sentido involutivo, o de aparente estática e o sentido evolutivo. As vidas trazidas para os estágios de experiências nesse grande círculo de manifestação cósmica do Logos Criador, descem inicialmente de um estado para nós subjetivo – embora já seja objetivo a partir do momento em que o Logos imprimiu seu desejo de manifestar a vida num Plano de Criação – se materializam por inerência de leis fora do real alcance de nosso entendimento, e por um longo período ascendem do objetivo para o subjetivo, operando simultaneamente em ambos os planos. Finalmente, num terceiro estágio, as vidas que se adiantam deixam para trás as leis regentes da matéria e meio do mundo, e se elevam sobre si mesmas para mundos superiores. Em outras palavras, ascensionam.

Essas longuíssimas experiências de muitos bilhões de anos terrenos, contados desde o nascimento, apogeu e fim de um sistema solar, somam-se na posterior encarnação do mesmo sistema solar, como é o caso do nosso. As vidas que não conseguiram alcançar os objetivos traçados para o primeiro sistema solar, voltaram para este com suas necessidades duplicadas, uma vez que cada manifestação de um sistema solar traz uma diferente mensagem que no aspecto evolucionário das almas elas devam incorporar. Assim, tanto numa como noutra manifestação do Logos, em seus grandes e menores manvantaras (1) há um mecanismo de reingresso das vidas com suas origens, considerado um processo de recordação para o posterior avanço a novos estágios. As vidas que cumprem os planejamentos traçados pelos mestres raciais avançam no carma, objetivando principalmente a expansão da consciência e libertação dos liames aprisionantes da matéria.

(1) Manvantaras, terminologia oriental, são as manifestações de universos que o Deus Incognoscível traz á objetividade, mesmo considerando as diversas dimensões ou diferentes estados da matéria. Há grandes e menores manvantaras. Aqueles relativos, por exemplo, a um período de 8.640.000.000 anos, representam somente um dia e uma noite de Brahmâ. Por outro lado, uma idade de Brahmâ ou uma centena de seus anos divinos iguala-se a 311.040.000.000.000 de nossos anos terrenos. Um manvantara menor pode representar a manifestação de uma galáxia, um sistema solar, uma cadeia planetária, etc. (Rayom Ra)

As três grandes correntes do Logos, estabelecem os diferentes estágios em que as vidas se acham incursionadas para a obtenção de suas experiências, sendo o Terceiro Logos o responsável pela plasmação dos mundos. Nesse estágio, a consciência dos grupamentos de vidas e da própria matéria em múltiplas formações ainda não se define. Isso somente ocorre com o trabalho magnético do Segundo Logos que vem formar os reinos desde regiões muito acima onde atua na matéria chamada elemental, até o mais profundo da matéria físico-densa representado pelo reino mineral. Daí, já no arco ascensional, virá edificar os demais reinos, em todos eles anexando suas qualidades que, basicamente, identificarão a nota crística com seus subtons que o Logos faz penetrar e externar em todo o sistema solar. Quando as vidas iniciadas - em transição para o meio do mundo - atinjam a etapa do conhecimento consciente entre matéria e alma, o antakarana é mais fortemente ativado, por ser justamente a ponte entre um estado e outro. Depois, num terceiro estágio, a presença do Primeiro Logos virá finalmente ativar as vidas de um poder permanente, o que significa para elas a posse gradual e cada vez maior das glórias de Deus.

A estrutura básica do homem como Personalidade, Ego e Espírito, tecnicamente falando, é análoga às características introduzidas pelas três expressões maiores do Logos Solar. Na primeira encarnação, o Logos enfatizou a necessidade de as vidas recém criadas em suas manifestações finitas, desenvolver o conhecimento da matéria, o que implicaria também no uso de seus poderes em ambas as polaridades. Ao mesmo tempo em que se manifestassem no mundo das formas mais densas, e dele obtivessem seus invólucros, as vidas se aprofundariam nas leis de regência da matéria estabelecidas pela ação construtora do Terceiro Logos.

Essa necessidade e o posicionamento de muitas vidas rebeldes às leis naturais resultariam para elas no adernamento das vias para a ascensão, o estancamento de seus momentos evolucionários e o conhecimento da magia negra. Evidente que as forças cósmicas do mal agiram com maior sucesso sobre essas vidas estagnadas, devido à imaturidade delas e a falta de um escudo mais poderoso da alma. Os poderes da personalidade foram exaltados e levados a ações extremamente eficientes nos confrontos com os opostos, quase se igualando aos poderes da magia negra desenvolvidos na Atlântida pelos mesmos egos em seus retornos ao plano físico, estimulados pelas mesmas forças cósmicas malignas.

É sabido que os egos implementados pelo conhecimento e práticas da magia branca, ou negra, trabalham basicamente nos poderes da matéria física. Suas conquistas, quer no bem ou no mal, impressionam mais pelos resultados visíveis e rápidos, dando a falsa visão de que os poderes espirituais sejam exatamente esses e o mais poderoso é aquele que obtém resultados tangíveis na forma. Esse engano foi o principal móvel que levou milhões de egos à derrocada e os aprofundou ainda mais na ilusão, arrastando-os pelos caminhos unicamente da via contrária. Mesmo os praticantes da magia branca, imaturos ainda quanto ao conhecimento da alma e da curva ascensional a que devam submeter as personalidades para a edificação consciente da manjedoura ou gruta para o nascimento da criança, caíram e ainda caem nas tentações dos efêmeros poderes materiais e egolatria, se afundando. Isso de fato acontece por que amantes dos poderes do ego-personalidade – polarizados unicamente na magia - se recusam a abandonar a idéia dos poderes pessoais, a morrer no tempo finito para renascer sob os verdadeiros poderes de Cristo nas iniciações maiores.

Temos assim que no primeiro sistema solar o antakarana foi alcançado e conscientemente trabalhado por poucos iniciados, justamente os de vanguarda e em número bem menor, que teriam vindo de outras cadeias planetárias, possuidores de iniciações de oitavas vibratórias acima daquelas externadas pelas vidas de nosso sistema solar. Quaisquer que tenham sido essas alternativas, as Hierarquias estabeleciam as metas dos que avançavam bem adiante da grande massa de egos e passavam a se constituir em seus mestres e guias.

No atual sistema solar, em nossa cadeia planetária cujo ponto focal e principal é a Terra, a vinda de Cristo estabeleceu indelevelmente para toda a humanidade a definitiva linha demarcatória entre os que se mantinham internados nos poderes físicos da matéria e os que buscariam desenvolver os poderes do Cristo Imanente. A novíssima mensagem traria o significado único de que num andamento bem mais rápido do que os avanços de milênios até então, a oblação à Cristo proporcionaria a bilhões a visão e experimentação de um mundo espiritual antes desconhecido. A criança nasceria nos estábulos do mundo, em qualquer lugar, sob quaisquer raças ou culturas, cresceria e traria o ego-personalidade a seguidos embates e derrotas para dar lugar ao homem do meio do mundo, morador em dois campos simultâneos: o da matéria e o do espírito, sob a tutela de um ego pensador, uma alma dentro de outra alma, descrita na filosofia oriental como o antakarana ou ponte entre dois mundos.

Rayom Ra

[ Leia Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd  em páginas on line ou em downloads completos ]
[ Os textos do Arca de Ouro, de autoria de Rayom Ra, podem ser reproduzidos parcial ou totalmente, desde que citada a origem ]

Nenhum comentário:

Postar um comentário