quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Sacramento da Extrema Unção

  [Transcrição da áudio palestra Sacramentos da Igreja Gnóstica (9), Sacramento da Extrema Unção, dada ao vivo pela Rádio Gnóstica, que pode ser gratuitamente copiada em download]

“....o câncer pervasivo que está destruindo o corpo da humanidade é fatal. Este corpo vai morrer. A humanidade morrerá. Tudo o que existe morre. Cada partícula nascida morrerá. Cada universo nascido morrerá. Não há lei na natureza que estabeleça de a humanidade continuar para sempre – uma humanidade física como esta, uma humanidade psicológica”.

  O sacramento da extrema unção é o final dos primeiros sacramentos da Igreja Gnóstica. Neste sentido é a culminância dos sacramentos anteriores. Edifica-se após os sacramentos anteriores, os rituais sagrados e atos sagrados. Para compreendermos a extrema unção em sua verdadeira aplicação, em seu sentido esotérico e em sua profundidade, precisamos recordar o verdadeiro objetivo da gnose, que em hebreu é Daath: conhecimento. Daath é uma sefirote oculta; uma esfera na coluna central da Árvore da Vida.

  O conhecimento sobre a gnose ensinado nesse momento para a humanidade é dado com objetivo específico, diferente do conteúdo gnóstico de séculos anteriores. Isso é devido a que a humanidade está morrendo. 

  Observando a humanidade com olhos de um médico, ao deixarmos para trás nossos apegos, personalidade e agravos – observando-a cientificamente – como se fôssemos um extraterrestre ou clínico que estudasse um paciente, veríamos a humanidade como se ela fosse um organismo simples, um corpo que se encontra criticamente doente.

  Os sintomas dessa doença estariam tão visíveis por todo esse corpo imaginário que veríamos uma proliferação de sofrimento em tal diversidade e disseminação que nos confundiria.

  Veríamos um corpo que fora de nossa mesa de exames sofre de um câncer cruel. Se conhecemos algo da ciência médica sabemos que o câncer é considerado uma classe de doença em que as células dispõem de uma especial e incomum característica: a de ter um crescimento incontrolado e a disposição de invadir outras partes do corpo.

  Ao compreendermos a natureza do câncer num corpo físico e observando suas características, podemos constatar que idêntica série daquelas mesmas características tem infectado a psique da humanidade. A psique da humanidade está sofrendo de um câncer psicológico. Isso é evidente em todos os países, cidades e comunidades deste planeta. Esse câncer está predominantemente marcado com as mesmas características de um câncer físico, ou seja, o crescimento incontrolável e a predisposição para invadir e conquistar – a violência. Em outras palavras: o organismo da humanidade está se matando. Vemos isso em todas as partes: em guerras sem fim, em guerras sem claras razões, em guerras onde não existem ameaças, em guerras motivadas por palavras e por dinheiro. Pessoas matam pelo único prazer de matar.

  Vemos essa predisposição psicológica sendo enfiada garganta adentro de nossas crianças através da televisão, de games (jogos eletrônicos), de livros, da internet, de filmes. Nossas crianças de agora são distraídas muito mais com a violência, seja esta estritamente verbal ou mental.

  Todos nós, adultos ou crianças, somos conduzidos o mais possível a assistirmos, desde o início, a ensinamentos em como matar através da violência. Não somos levados somente a ensinamentos da violência física, mas também do emocional e mental através da crueldade no humor e no discurso. 

  A doença de que padece a humanidade é o sofrimento por sintomas visíveis em cada aspecto de nossa existência. Cada sistema responsável por manter nossa saúde e vida está desmantelado. Observemos todos os aspectos de nossas vidas de agora e vejamos o quanto de instável e imprevisível todas as coisas se têm tornado.

  Nossos sistemas sociais baseados em casamento e união de uma família estão fraturando à maiores percentuais, e na medida em que as taxas de divórcio crescem a estabilidade das famílias dissolve-se completamente. As famílias não mais vivem próximas umas das outras como antes, mas se espalham por todo o planeta. Elas não mais conservam o sentido da união tão necessário para o desenvolvimento de uma criança. Vemos nossa política, economia e sistemas ambientais, todos a ponto da destruição.

  Nós, organismos humanos, corpo da humanidade, cometemos um tipo de suicídio. E ainda nos recusamos em reconhecer que estamos doentes. Tal qual a maioria das pessoas destes tempos padecemos de doenças e as negamos. Quando finalmente acusamos uma doença tentamos culpar outra pessoa.

  A humanidade como um todo está sofrendo de grave doença fatal, porém persiste no idealismo de que “as coisas estão se tornando melhores”, que “o futuro será brilhante”, mesmo que objetivamente, cientificamente não hajam evidências para tal numa única área de nossas vidas.

  A principal evidência com que contamos como prova do progresso da vida é a tecnologia. Acreditamos nisso porque agora temos iPods e celulares e essa nossa tecnologia está tornando a vida melhor. No que falhamos entender é que a vasta maioria dos recursos de nosso planeta: a vasta maioria de nossa riqueza, de nossa energia, de nosso tempo está sendo usada para tecnologia militar: a ciência de matar. E a humanidade como única raça, está investida da ideia de como matar. Possamos ter alguns novos brinquedos, porém são uma gota num oceano das máquinas assassinas.

  Nossos suprimentos de comida estão minguando e ficando envenenados. Estão se tornando nada confiáveis. Nossas safras, devido aos experimentos com sementes e enxertos, tornaram-se muito vulneráveis e fracas. A fome no mundo inteiro não é mais uma distante teoria; torna-se crescente ameaça, e mesmo cientistas agora a temem. O suprimento de água se encontra no pior estado de nossa inteira história. Poucas pessoas têm agora acesso a água pura de antes. Testes em água, em maiores cidades, encontram rotineiramente combustível de foguetes, gasolina, resíduos atômicos e outras químicas. Pior: a água é repetidamente cíclica do organismo humano para máquinas e destas para o organismo humano, tornando-se crescentemente perigosa. Nosso ar está envenenado: a Terra está envenenada.

  Construímos tecnologias do que não entendemos. As grandes invenções do hoje são as ameaças do amanhã. O que é comemorado como grandes progressos espalha-se pelo mundo inteiro antes que fatais consequências sejam descobertas. Construímos armas nucleares que se decompõem em caminhos e câmaras secretas escondidos por todo o planeta, mas que vazam perigosa química para o interior do solo e águas, e ignoramos isso.

  Pior de tudo é o terror que se espalha por todo o mundo de estarmos sendo mortos. Em passadas décadas a ideia de que se caminhássemos fora de nossas casas podíamos ser mortos estava somente limitada a uns poucos e específicos lugares no globo. Porém agora não podemos viver em qualquer lugar do mundo livres do temor em sermos assassinados. Crianças agora estão matando adultos. Não há segurança em parte alguma. Pessoas que antes pensavam estar a salvo em subúrbios ou no campo, agora ficam aterrorizadas ao mandar suas crianças para a escola. Vivem com  a verdadeira e real ameaça de que alguém venha cometer algum hediondo ato de terrorismo e mate aleatoriamente junto a eles. A cada semana há novos assassinatos numa pequena cidade ou lugar pacato.

  Todas essas coisas e muito mais sobre o que não temos tempo para discutir são indicativos da doença que consome a humanidade. Se fôssemos um médico tendo de examinar esse corpo [imaginário da humanidade] deitado na mesa e considerássemos a extensão do câncer no corpo, veríamos o inacreditável número de pessoas no mundo que estão ativamente cometendo crimes, assassinando, procurando roubar de outros, manipulando, mentindo, tentando conseguir qualquer coisa por nada, obtendo vantagens econômicas, políticas ou sexuais. Pessoas escrevem aquelas mensagens spam. Planejam aqueles programas governamentais. Organizam os estupros e abusam de outros. Cometem crimes contra as pessoas. Todos esses modos de pensar são cancerígenos, destrutivos. Eles não se incomodam nenhum pouco com o inteiro organismo do corpo da humanidade; somente se preocupam com seus pessoais desejos, seus próprios apetites.

  Olhando para todas aquelas formas de desejo e as analisando como a um câncer e olhando a todos aqueles elementos cancerígenos no corpo da humanidade, vemos que o corpo da humanidade está muito próximo de ser inteiramente consumido por esse câncer psicológico.

  Todos temos internamente esses elementos. Nenhum de nós é exceção. Todos temos ódio, que é um câncer. Todos temos orgulho, que é um câncer. Temos lascívia. Temos inveja. Esses são males psicológicos causadores de nocividades a nós próprios e a outras pessoas. Somos a causa das doenças fatais de que a humanidade vem perecendo.

  Não há ninguém mais para culparmos. São nossas próprias ações momento a momento, dia a dia, que têm produzido as condições em que se encontra este planeta. A poluição, a destruição de nossos alimentos, a redução do bem estar pessoal, as disparidades das riquezas econômicas, a falta de uma segurança econômica e social no mundo, o terrorismo, a violência, o estupro. Todos esses elementos existem em função daquilo em que nos tornamos como indivíduos. Não foram as outras pessoas. Cada um que hoje vive carrega uma porção da responsabilidade uma vez que somos todos partes de um mesmo corpo. Estamos todos ligados. Nenhuma mente está separada de qualquer outra mente. Somos interdependentes. Afetamos a cada um e por isso nos infectamos mutuamente.

  As cidades estão se transformando em grandes bolhas de pestilência no corpo do mundo e produzem tanta desesperança, poluição e depravação que fazem o planeta tremer sob suas influências. Isso não é normal. O estado da humanidade não é normal. É um estado de enfermidade, de doença, de beira da morte.

  Entendo que algumas pessoas ao ouvirem minha elocução sentir-se-ão ofendidas e acharão que é muito negativa ou muito negra. Esse pensamento, essa ideia é o verdadeiro problema. É uma deliberada recusa para se olhar os fatos. Os fatos redundam em que necessitamos curar um mal doentio. Possamos acreditar que iremos melhorar, mas não iremos melhorar a menos que venhamos produzir as causas da cura. As leis são as leis. A natureza opera segundo as leis; não por crenças, não por boas intenções, não por idealismos ou otimismos.

Muito embora minha descrição da humanidade soe negra não me falta otimismo. Se faltasse otimismo por que eu me incomodaria em dar esta palestra? Há uma cura. Há uma solução para ajudar a humanidade, para nos ajudarmos. E encontramos isso no sacramento da extrema unção. E a solução está em olharmos para dentro de nossa própria mente. Esse é o objetivo da verdadeira Gnose, ou conhecimento espiritual – produzir mudança.

  Não estamos aqui para idealizar ou jogar com palavras. Não devemos ficar com medo de falar a verdade, de afirmar os fatos, ou olha-los. A gnose nos ensina a olhar os fatos como eles são e não como queiramos que sejam; não como deveriam ser, mas como de fato são. Como um médico, como um clínico, essa é a única maneira de tratar um mal. Temos de ver a enfermidade como ela é.

  O problema conosco é que estamos por demais enamorados de nós próprios e não queremos constatar fatos ligados com nossas próprias sujeiras, de nossa própria responsabilidade, de nossos próprios erros. Eis por que estamos imersos nos problemas existentes. Como um médico observando a humanidade, sob esse ângulo precisamos reconhecer que o câncer pervasivo que está destruindo o corpo da humanidade é fatal. Este corpo vai morrer. A humanidade morrerá. Tudo o que existe morre. Cada partícula nascida morrerá. Cada universo nascido morrerá. Não há lei na natureza que estabeleça de a humanidade continuar para sempre – uma humanidade física como esta, uma humanidade psicológica.

  Ainda. Mesmo na morte, há um elemento que persiste. Há um nível da existência que continua. Porém não está nessa baixa densidade da natureza em que vivemos. Aquela – eterna – está em níveis muito rarefeitos, muito supremos, muito sutis do chamado Paraíso, Nirvana ou Paranirvana. Esses são níveis da natureza que são eternos e neles todos temos um elemento que pertence àqueles níveis. É chamado de consciência, a natureza Buda.

  Se conseguirmos aprender a desenvolver aquela parte para criar o que chamamos uma alma, então podemos ser livres das leis controladoras das baixas densidades da natureza. Podemos nos tornar imortais, eternos... plenos, acima do sofrimento, acima da dor. Entretanto para fazermos isso precisamos curar nossa própria doença, a própria enfermidade.

  Antes, no passado, a humanidade vivenciou isso. A humanidade tinha ficado muito doente e morrera. Houve muitas raças neste planeta, não unicamente a nossa. A nossa aconteceu de ser a raça ariana, que é a raça sob jurisdição de Ares, o planeta Marte, relacionado com Samael, o grande anjo do julgamento, da justiça, a sefira Geburah.

  Na raça anterior (cuja atual humanidade mal se lembra dela na Atlântida) aquela humanidade também ficou muito doente, muito mal, com um câncer psicológico. Devido a isso a Igreja Gnóstica empreendendo todos os esforços no sentido de assisti-la, entendeu que o tempo se esgotara para aquele corpo que ficara tão doente, havendo chegado a hora dele morrer. Entretanto em vista de a Igreja Gnóstica ser a personificação da compaixão, do amor e do Bodhichitta (mente da iluminação), ela ofereceu uma oportunidade para qualquer membro daquela humanidade que, estando pronto para partir quisesse porém abandonar o desejo e a violência, que vindo saber da verdade de sua própria divindade interior escaparia assim da morte daquele corpo atlante para se tornar parte da geração de uma nova raça. Então o carma daquela época atlante desceu sobre eles e o corpo daquela humanidade morreu.

  Isso é lembrado nos Mistérios Gregos, nos Mitos da Babilônia e na Bíblia como “A Grande Inundação”. A história de Noé ou o Vaivasvata Manu é o grande dilúvio lembrado em todas as tradições mundiais. A grande inundação aconteceu quando a humanidade morreu e alguns puros elementos foram capazes de mudar a si mesmos e formar as sementes de um novo desenvolvimento para uma nova raça. Na Bíblia é apresentada assim:

  Viu o Senhor Jehovah יהוה que a maldade do homem [אדם Adão] se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau [רע ra] todo o desígnio de seu coração”. (Gen.6-5)

  A palavra “Ra” em hebreu é usualmente traduzida por mal, mas o real significado é poluição. Ra, poluição, não se refere à poluição do ar ou da água, refere-se à poluição do ser pelo sexo.

  Disse o Rabi Jehuda: “Não sois um Deus que tenha prazer no mal, nem o mal habita em ti” (Os 5, 5).

  Observamos que aquele que concede permissão ao destempero e sofre ao ser conduzido e guiado por ele, perverte não somente a ele próprio quanto àqueles que lhes chegam ao contato pessoal. Conforme já acontecido, embora o mal dos antediluvianos fosse grande e seus feitos malignos fossem muitos, ainda assim foi o Divino incapaz de a eles destruir, porém lança-los a um longo sofrimento por suas vergonhosas inclinações e hediondas práticas, das quais está escrito ‘que eles eram continuamente o mal’. Suas ações danosas são manifestas pela palavra Ra (poluição). De Er o filho mais velho de Judah, culpado daquele pecado, está escrito que “Er, porém, o primogênito de Judá, era perverso perante o Senhor, pelo que o Senhor o fez morrer” (Gen. 38-7.)

  Disse Rabi Jose: “Não é este pecado sinônimo com o que é denominado rashang (iniquidade ou transgressão)?

  Não” replicou Rabi Jehuda, “pois iniquidade é aplicado ao mal antes de tornar-se uma realidade, porém Ra refere-se àquele que se perverte pela dissipação de seus poderes vitais levando-o até o espírito impuro chamado Ra. Aquele que em consequência se rende ao impuro nunca alcançará a Vida Divina nem contemplará a face do Shekina, cuja desaparição do mundo anteriormente ao dilúvio aconteceu devido ao vício chamado Ra.

  Ai daquele que se entrega a isso, pois nunca experienciará a alegria de viver ante a presença do Sagrado. Ao invés disso se arrastará pela vida como cativo degredado e escravo miserável de Ra, o espírito impuro. São assim verdadeiras as palavras: ‘o temor do Senhor conduz à vida; traz noites pacíficas livres das visitas do espírito impuro Ra ' (Prov. XIX-23). E ainda são escritas: ‘o mal (Ra) não virá morar contigo (Os. V.4).

  Unicamente o puro na vida, no pensamento e nas ações pode dizer: ‘ ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum de Ra, porque tu estás comigo e fizestes-me habitar a casa de Deus para sempre’” (Os. xxxiii., 4-6). O Zohar

  Esta palavra “Ra” refere-se ao orgasmo, ao derramamento do semem, que – como toda tradição esotérica – no Zohar, no Talmud, na raiz da inteira tradição judaico-cristã, está dito ser o mais grave de todos os pecados. É assim porque quando o orgasmo é experienciado, a energia que é expelida e gasta deveria ser usada para produzir vidas, para trazer novas almas. Dessa energia, ao ser destruída através do orgasmo, todas aquelas almas estarão no efeito morte, negadas, impedidas. É isto o que os rabís dizem, segundo o Talmud.

  Na Bíblia está dito que Deus viu que a humanidade pensava unicamente em Ra, em fornicação animal; deste modo Deus enviou um grande dilúvio a fim de limpar a Terra de todo Ra, poluição... luxúria. Deus disse isso a Noé porque... “Noé (נח Noach Noah) era homem justo e íntegro entre seus contemporâneos; Noé andava com Deus [אלהים 'elohim] e gerou três filhos: Sem, Cão e Jafé” (Gênesis 6, 9-10)

  Geração vem de engendrar, gerar, genesis, criar. Isto é sexual. Noé era perfeito em sua geração sexual. Ser perfeito é ser limpo, livre da fornicação. E Noé gerou três filhos: Sem, Cão e Jafé” (Gênesis 6, 9-10). Esses três filhos são os três Corpos Solares: Astral, Mental e Causal. Estes são a Alma.

  A terra estava também corrompida à vista de Deus, e cheia de violência. Viu Deus a terra e eis que estava corrompida: porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra”. (Gênesis 6, 11-12).

Então veio uma grande inundação por quarenta dias e quarenta noites, conforme está relatado com a letra hebraica מ “Mem,” que também é o número quarenta. Mem representa as águas. Entretanto são as águas amargas (מרה); águas do veneno de Deus (סםאל). Essas águas destroem o ego e eliminam toda impureza.

  Inundação-Noé-Arca     

  Quando Buda estava alcançando sua iluminação houve uma grande inundação. A única maneira do Buda Shakyamuni sobreviver à grande inundação foi ser protegido por um rei serpente chamado Mucalinda. Aquele rei serpente é um Naga que, em outras palavras, é o kundalini. Dita serpente tinha nove cabeças relacionadas com os sete corpos da alma, a mais baixa esfera na Árvore da Vida.

  Noé escapou da inundação porque foi-lhe recomendado para construir a Arca. A palavra Arca está relacionada com Arcanum, significando “um segredo, um mistério”. Aquele Arcanum é Tantra. Através do Arcanum – o conhecimento secreto de Daath, da Gnose – Noé pôde construir a Arca e flutuar sobre as águas do mesmo modo como fez Buda. Assim a alma, a natureza Buda – a consciência – é salva da destruição. O Arcanum é o sacramento do matrimônio: o como criar a alma – o nascimento espiritual. Estivemos falando sobre isso durante todo o curso.

 Nascimento ou criação é sempre uma combinação ou uma manipulação da energia. Quando fornicamos ou produzimos o orgasmo, do mesmo modo como fazem os animais, as energias de Yesod, a força sexual, é expelida e no mundo físico uma criação acontece. Essa criação é uma manipulação da matéria e energia. Na ciência esotérica, em cada tradição, isso está sempre acrescido dos quatro elementos: fogo, ar, água e terra Isso é profundamente simbólico.

  Hoje em dia as pessoas leem literalmente dessas antigas escrituras e tratados e, por conseguinte, rejeitam o conhecimento sobre os quatro elementos. O não iniciado nunca compreendeu que os quatro elementos referem-se aos níveis sutis da natureza, especificamente aos quatro corpos.

  Os quatro elementos, as quatro esferas, os quatro corpos, são obrigatórios a fim de formar um sacerdote ou sacerdotisa. No Zohar, num dos livros testemunhos da tradição hebraica, encontramos a seguinte descrição: “ E o Senhor Deus levou o homem através da criação (através de Gênesis) e o colocou no Jardim do Éden para cultivá-lo e mantê-lo ”.

  E cabe a pergunta: de onde ele o levou? A resposta vem dos quatro elementos: fogo, ar, terra e água que formam a base do corpo físico do homem e são simbolizados pelas palavras: “E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se partia e virava quatro cabeceiras ”. Esses quatro elementos são as letras hebraicas:

  א Aleph (o ar)

  ש Shin (o fogo)

  מ Mem (a água)

  נ Nun que condensa todos aqueles elementos dentro da Terra

  As primeiras três são as letras mães e a נ Nun é o sol. Nun simboliza o peixe. Está dentro da semente sexual, aqui na Terra, no corpo físico.

  Cabala a Árvore da Vida

  Esses quatro elementos e letras também simbolizam as quatro esferas mais inferiores na Árvore da Vida.

  Malkuth é a Terra, a terceira dimensão. Macrocosmicamente é o planeta Terra, enquanto que microcósmicamente é o corpo físico; isto é נ Nun.

  Yesod está na quarta dimensão, Éden.

  Relacionado conosco e com nossa alma é o corpo vital, o corpo energético, relacionado com a água, מ Mem, a água sexual.

  Hod está relacionado com o corpo astral, fogo ש Shin.

  Netzach é o corpo mental relacionado com o ar, א Aleph.

  Esses quatro elementos e corpos, quando caem na geração animal são chamados os quatro corpos do pecado. É através do corpo físico que cometemos atos, que usamos nossas energias de Yesod de maneira errada. Pensamos e sentimos através de Hod e Netzach. Hod é o corpo astral relacionado com a emoção e através do corpo físico abusamos disso. Netzach é o corpo mental por onde pensamos e o experienciamos através do corpo físico. Em cada um desses casos experienciamos esses corpos internos através de nossos três cérebros. Estamos falando sobre níveis de sutilezas na matéria e na energia; isso é importante compreender agora.

  Nosso cérebro físico, é o veículo do cérebro intelectual que por sua vez é o veículo do corpo mental. O corpo astral, ou o corpo dos desejos, o kama rupa, se processa através de nosso coração e sentimos isso no centro emocional. O corpo vital, relacionado com Yesod, experienciamos através de nosso cérebro motor-sexual-instintual como energia, especificamente energia sexual.

  Pecamos através desses quatro veículos psicológicos. Em outras palavras: cometemos erros. Temos nosso ódio, nosso orgulho, nossa luxúria, nossa inveja e eles se processam através dessas regiões, desses aspectos psicológicos. Tornamo-nos o Adão decaído, o Adão pecador e fomos expulsos do Éden... sofremos. Éden significa “felicidade, êxtase”. Não temos mais aquilo, não vivemos em êxtase, em felicidade. Vivemos em sofrimento, não mais no Éden. Éden é felicidade, êxtase. Somente nos aproximamos do Éden através do sexo; então abusamos do sexo e somos expulsos novamente.

  Vivemos em sofrimento, no inferno. Tentamos fazer o melhor disso, mas na verdade a vida torna-se pior a cada dia. Está se tornando mais dura. Pessoas que são um pouco mais velhas sabem disso por um fato, porque veem em seus tempos de vida quantas coisas mudaram e se tornaram piores e continuam a piorar, terrificando, especialmente se temos crianças... e desejaríamos saber o que virá para elas.

  O Zohar prossegue sobre esses quatro elementos:

 “ ... O Divino formou o homem desses quatro elementos e o colocou no jardim do Éden (no princípio antes do pecado), no qual o homem entra novamente toda vez que se arrepende de sua transgressão e conforme sua vida na boa lei (o Dharma), até que por fim, privado da mortalidade, ele é de novo colocado no jardim do paraíso. Ou seja, nele entra e se torna participante consciente da divina vida e vestido da imortalidade.

  “Vestir e manter”, significando manter e observar todos os preceitos da boa lei; obediência, e ao que isso imparte e empoderar-se com o poder para controlar esses elementos e beber do rio da água da vida – uma vez que a desobediência causa beber de águas amargas fluentes de e para a árvore do mal (Ra), simbolizando a tentação, de modo que, ao invés de administrar e controlar esses elementos, tornar-se-á seu escravo.

  Então acontece o que está escrito com relação às crianças de Israel quando vêm às águas de Marah: “Não puderam beber das águas porque se tornaram amargas” (Ex. xv.23). Desobediência à boa lei da retidão sempre, cedo ou tarde, resulta em amargura da vida, do pensamento e sentimento e somente pela retidão podem as palavras da escritura ser concretizadas.

  Talvez entendamos porque todos os sacramentos são necessários a fim de compreendermos este um. Há grande profundidade nesta pequena passagem. Em resumo: ao aprendermos a estar psicologicamente em harmonia com a lei, o Dharma, que desce da Igreja Gnóstica através de Daath, naturalmente fará nossa alma, nossa psique, adentrar o Éden, tornando-a plena felicidade, uma vez que não estamos transgredindo qualquer das leis da natureza. Então bebemos das águas da vida, pura água sustenedora, e nutridora da alma. Porém ao transgredirmos a lei, a lei  dharmica, então aquelas águas se tornam amargas, em hebreu chamadas מרה Marah (Êxodo 15). Isso é interessante porquanto no budismo aquele que tenta Buda é Mara. Não é por acidente. A fim de pararmos de beber das águas amargas é preciso persistir na lei.

  Há outro exemplo bastante similar a este na Bíblia relacionado a quando Moisés (משה Moshe) conduz os egípcios para fora do Egito. Moisés representa a alma humana, o Bodhisattva. Moisés significa “nascido da água e fogo” ou “nascido de novo”, em outras palavras. Moisés está relacionado especificamente com Tiphereth, a alma humana. A sefira  Tiphereth está sobre os quatro corpos do pecado. Tiphereth, nossa consciência, nossa alma humana, pode guiar-nos para fora da servitude, da escravidão.

  Lembremos que é ressaltado no Zohar que quando bebemos das águas amargas nos tornamos escravizados pelos quatro elementos. Os quatro elementos estão relacionados com os quatro corpos do pecado. Tornamo-nos escravizados por causa do desejo. Os principais desejos são por sexo e dinheiro. Esses são os principais que têm escravizado a humanidade – sexo e dinheiro. A maioria das pessoas pensa diariamente em um dos dois. Seja sexo ou dinheiro, ou algumas vezes em ambos. É essa a escravidão que produz sofrimento.

  No livro do Êxodo, Moisés conduz os israelitas para fora do Egito, mas os egípcios os perseguem. Os egípcios simbolizam o ego, todos aqueles elementos identificados com o desejo. Assim em virtude deste sacerdócio, o mago do sacerdócio, Moisés, como um veículo de Deus, como ו “Vav,” conduziu os egípcios a cruzar as águas como se fosse por terreno seco, exatamente como Jesus quando andou sobre as águas. Depois de alcançarem o outro lado, as águas daquele mar matou os egípcios, exatamente como em Noé e a inundação. Isso é importante manter: lembrarmos de que as águas têm essa principal dualidade. Podem ser amargas ou doces. Dependemos de nossas próprias relações psicológicas com as águas.

  A água em nós é Yesod. Isso é מים Mayim, a água que precisamos trazer intimamente ש Shin, faze-la שמים Schamayin: paraíso. ש Shin é Cristo, fogo. Quando formos capazes de fazer isso beberemos daquela água e por ela seremos nutridos. A alma é nutrida mas o ego está envenenado. Este é um ponto muito importante.

  Qualquer um que venha praticando a Gnose sabe desses fatos. Quando levamos estes ensinamentos a sério e os colocamos em prática, começamos a efetivá-los, experienciando momentos quando nossa consciência sente felicidade, alegria, contentamento e paz, indescritíveis, totalmente novos, belos e inspiradores. Também experienciamos as ordálias, ou amarguras do ego, uma vez que sua própria transmutação começa a faze-lo sofrer. Enfrentamos provações: problemas e desafios ou nos vemos algumas vezes simultaneamente diante de ambas as situações experienciando a ambos os estados, consciencialmente felizes e sofrendo no ego. Isso pode ser assustador, confuso.

  Porém a resposta está aqui no livro do Êxodo:

  “Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água.

  Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara.

  E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber?

  E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe uma árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e ali os provou”. [Êxodo 15:22-25]

  Aquela é a árvore do conhecimento, Daath, Gnose. Quando transmitimos a força sexual trabalhamos diretamente com a árvore do conhecimento, Daath, a Igreja Gnóstica. Somos providos com um bálsamo de cura que cura a consciência, que nos nutre e sustenta mesmo que as outras águas nos sejam amargas. Eis por que depois disso diz-lhes o Senhor: se ouvirdes a voz do Senhor, teu Deus, fizerdes o que é certo diante de Seus olhos, ouvirdes intimamente a Seus mandamentos e observardes todos os Seus estatutos, então todas as doenças que enviei ao Egito não vos assolarão pois o Senhor vos irá curar. 

  A cura vem de Cristo, do alto. Moisés age como o intermediário o vaso ou veículo que entrega o bálsamo de cura. Moisés em nós é a alma humana que precisamos desenvolver. Esse desenvolvimento vem através do matrimônio, do casamento. Moisés nessa história representa uma alma humana que se torna num Bodhisattva, alguém que entrou pelo caminho direto, o caminho Bodhisattva. Esse caminho é distinto do caminho Nirvânico, do Shravakayana ou o Mahayana. O caminho Bodhisattva especificamente nesse caso é Tantrayana, Mantrayana. Esse é o mais elevado Tantra Yoga. É importante compreender essa distinção.

  Tal como Moisés, cujo nome é Moshe (משה), representa como fomos de novo nascidos através do tantra. Esse nascimento espiritual é a criação da alma, onde criamos os corpos solares, elevamos a serpente do kundalini através dessas esferas inferiores e despertamos a consciência. Criamos novos vasos, novos veículos dos quatro elementos. Esses novos veículos não tem nada a ver com aqueles que agora temos. Eles são diferentes; são puros, uma vez que não são feitos da fornicação. Na Bíblia são chamados “as quatro criaturas sagradas”, os quatro Chayoth.

  No livro de Ezequiel podemos também encontra-los. Essa criação ocorre conforme escrito no Zohar: “Abençoado aquele que estuda na doutrina secreta, pois quando o sagrado toma sua alma para si (Tiphereth) deixa o corpo formado dos quatro elementos para trás, elevando-o aos altos lugares diante dos quatro Hayoth ou criaturas viventes, a quem são destinadas as palavras: “Em suas mãos eles te sustentarão”.

  As quatro criaturas sagradas são os corpos solares enraizados no corpo causal que precisamos. Também representam os quatro corpos inferiores que são o touro, o homem, o leão e a águia – entendidos como o corpo físico, o vital, o astral e o mental. A coisa importante a apreendermos aqui é que essa criação unicamente ocorre da água doce através da transmutação. Então sobre a passagem que li de Moisés atirando a árvore dentro da água, o Zohar diz o seguinte: “... e o Senhor lhe mostrou uma árvore: lançou-a a Moisés nas águas e as águas se tornaram doces... e disse: se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus e fizeres o que é reto diante dos Seus olhos, e deres ouvido aos Seus mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma enfermidade vira sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois Eu Sou o Senhor que te sara”. (Ex. xv...26).

  O que tudo isto significa; qual é a doutrina secreta ou ensinamento embutido nessas palavras? É que quando esta nossa vida humana torna-se escura e amargosa com dores e tristezas pelas fraquezas e falência para viver segundo a boa lei, há somente um agente ou poder que pode clareá-la tornando-a de novo pura, doce e limpa e que é a Divindade dentro de nós: “...sara todas as tuas enfermidades, quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; e quem farta de bem a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia”. (Salmos 103. 4-5).

  Foi através da intervenção de Moisés que as águas em Mara foram tornadas doces e por conseguinte ele representa o Messias. Em hebreu as palavras Moisés e Messias são identicamente próximas. Moisés representa o Messias porque ele representa o Bodhisattva, a alma humana que entra no caminho direto e recebe Cristo intimamente. O poder de curar vem de Cristo.

  Unção

  A palavra unção significa “um bálsamo, medicina, uma pomada”. Mas este sacramento não é correlato com qualquer unção comum; concerne com a extrema unção. Isso vem de “unção in extremis”, significando “um bálsamo ou pomada dado num caso extremo”.

  Nós nos encontramos num caso extremo. Na mesma medida em que nossa mídia, políticos e chamados líderes espirituais nos querem fazer acreditar que tudo está se tornando admirável, porém sabemos muito bem do terror, do medo e da incerteza que sentimos. Sentimos isso. Eis porque há tanto interesse em profecias como as de Nostradamus ou do Livro da Revelação. Todos podem sentir a iminente pressão. O Final dos Tempos acontecerá. O Apocalipse vem chegando. A humanidade morrerá. Este planeta morrerá. Então temos uma escolha a fazer: de receber a unção in extremis por Cristo através da consciência ou de a receber através de nosso ego?

  Nos evangelhos os apóstolos recebem um poder da cura. Assim é dito no livro de Marcos: ... “e eles expulsaram muitos demônios e ungiram com óleo muitos que estavam doentes curando-os”. Esses atos estão relacionados. Não estão separados. Esses três são a extrema unção.  Expulsarem demônios relaciona-se com nosso ego: nossos desejos, luxúria, inveja, etc. A unção com óleo refere-se a transmutação. A cura vem de Deus.

  O livro de Tiago diz sobre a extrema unção: se qualquer homem estiver doente entre vocês tragam-no ao sacerdote da igreja... não ao doutor, porém ao πρεσβύτερος, que significa “conselheiro” – em outras palavras: o sacerdote. E a oração de fé salvará o doente, e o Senhor crescerá nele; e se ele tenha cometido pecados, estes serão perdoados.

  O papel do sacerdote, mesmo nas modernas ou contemporâneas igrejas, é ser um curador, um doutor, um físico, a fim de curar e expulsar demônios. O papel do sacerdote não é fazer todos se sentirem melhores temporariamente, mas faze-los sentirem-se melhores permanentemente. Eventualmente, no início a medicina é dolorosa. A medicina é amarga. A verdadeira medicina, não a xaroposa, aquela medicina melosa que todos agora querem, mas a real medicina é amarga. A gnose prova-se amarga porquanto é amarga para nosso ego, mas se prova doce para a alma.

  Isso enfatiza parte da beleza do nome סםאל Samael. Samael vem de סם sam que pode significar poção, bebida amarga, veneno ou mesmo perfume. Termina com אל el, significando “Deus”.  Desse modo o nome Samael não é por ele próprio uma bebida amarga. Samael não é exatamente veneno, o que as pessoas usualmente dizem. É Sama-El. El significa “de Deus, vindo de Deus”. Samael não é um diabo ou demônio. Samael é a bebida amarga que Deus provê para curar. Samael é uma medicina. A gnose, o ensinamento de Samael, é medicina para a alma e veneno para o ego. Na tradição católica a extrema unção é também chamada “últimos ritos”. Vocês terão provavelmente ouvido que essa é uma forma de bênção dada à morte. É dada com a intenção do perdão ou remir de pecados.

  O sacerdote gnóstico também realiza a extrema unção de muitos modos. O primeiro e mais importante modo é pelo ensinamento. A principal medicina que a humanidade precisa agora é conhecimento. Infelizmente amamos a ignorância. Todos dizemos: “ignorância é felicidade”. Preferimos não conhecer a verdade. Preferimos continuar com nossa exata e pequena boa vida, tentando permanecer fora dos problemas, compensando nossos desejos, indo ao shopping, comprando coisas e vivendo otimistas.

  Não queremos ver a grande cena. Não queremos ver nosso papel nela. Não queremos ver como as coisas que compramos vêm a ter um impacto direto no bem estar das pessoas no outro lado do planeta . Não queremos ver isso, mas acontece. Não queremos ver que todas as roupas que usamos, todo o alimento que consumimos, todas as coisas que compramos vêm através do vasto sistema da economia que traz com ele um monte de abusos, corrupção, desigualdade e outros problemas. Não queremos ver a verdade do que está em nosso alimento, do que está em nossa água, do que está no ar. E não queremos ver o quanto contribuímos para isso diariamente. E não queremos nem mesmo ver o mais importante que é como se encontra o estado de nossa mente neste momento na base real de todo o sofrimento. Não queremos ver como cada pensamento, cada emoção, afeta a todos.

  O sacerdote gnóstico procura curar a doença da humanidade não pelo tratamento dos sintomas, o meio pelo qual a maior parte da medicina trata nesses tempos. Se estamos com tosse tomamos um calmante. Se estamos com dor tomamos um analgésico. Não queremos saber qual seja a causa. Unicamente pensamos: “vou logo melhorar”. Preferimos evitar a verdade. Permitam-me dizer-lhes: os cemitérios estão cheios com aqueles que pensavam que iriam melhorar. 

  Levar seriamente a gnose significa necessitarmos observar nossa pessoal inclinação em permanecermos ignorantes e precisarmos mudar essa condição. Isso nos exige muita coragem. Idiotizamos a nós próprios bem mais que qualquer um nos idiotiza.

  Há grande número de pessoas que chega para estes estudos provindo daqueles grupos que falam sobre conspirações, illuminati, sionismo, aliens, povo lagarto, o Banco Mundial e todas essas teorias, dizendo: “Eles nos fizeram isso. Eles me fizeram aquilo”. Esse é um caminho fácil a fim de evitar a verdade: produzimos a pior das ignorâncias em nós próprios. Produzimos a conspiração em nós mesmos. Somos os próprios culpados de nosso sofrimento.

  Os médicos gnósticos procuram resolver o problema examinando os quatro corpos do pecado. O que vemos fisicamente são exatamente os sintomas interiores. Nossa pobreza espiritual tem produzido nossa pobreza econômica. Nossa fascinação mental com a violência tem produzido a violência física.

  Todos os chamados especialistas dizem: “não há relação entre filmes violentos, TV e vídeo games com a violência cometida no mundo físico”. Eles não têm prova disso, mas todos nós em nossos corações sabemos que eles estão errados. Todos sabemos que sim, mas os especialistas dizem: “não há relação. Crianças assistem filmes violentos e jogam vídeo games violentos, mas isso não faz com que matem outras pessoas”. Todos nós sabemos bem mais. Cada um de nós sabe que isso é uma decepção. Examinemos qualquer sociedade onde tais entretenimentos não existem e constataremos neste tipo de sociedade que o crime é bem diferente ou completamente ausente. Temos de olhar psicologicamente para as causas da doença que está matando a humanidade. Essas causas psicológicas estão dentro de nós.

  Necessitamos conhecer sobre esses quatro corpos. Necessitamos saber de nós próprios. Conseguiremos isso através da prática desse ensinamento, através do despertar da consciência, através da realização dos sacramentos em nós próprios, incluindo o sacramento do sacerdócio.

  Isso não significa necessariamente nos tornamos um sacerdote no mundo físico. Lembremos: o sacerdote é a alma humana. Temos uma alma humana. A alma humana necessita tornar-se em nós num sacerdote interior, não necessariamente no mundo físico. Aquele que pratica magia, que pratica a cura está dentro de nós, não sendo o sacerdote em nosso templo externo ou igreja. Precisamos adentrar nos sacramentos do sacerdócio e chegarmos nesse sacramento de extrema unção, realizando isso primeiramente em nós para nosso próprio benefício.

  Inicialmente realizamos a extrema unção de nossa própria morte, a morte psicológica – de nosso pessoal psicológico – a morte mística. O modo como fazermos é aprendendo profundamente sobre nossa própria mente, ingressando pelo caminho da iniciação. Caminho este localizado na primeira das sete esferas da Árvore da Vida. Começa aqui e agora no corpo físico pelo despertar da consciência, pelo transformar de nossa energia, pelo duro trabalho. Não é nada fácil; não acontece automaticamente, não nos é dada de graça. Temos de conquista-la.

  O completo trabalho da morte psicológica e espiritual nascimento é somente possível através do casamento. Como pessoa solteira é possível preparar-se para isso. Conforme destacamos noutras palestras sendo pessoa solteira torna-se necessária uma série de preparação e isso é um período valioso e importante. Ademais, entrar numa iniciação, criar os corpos solares, requer um matrimônio e essa verdade encontra-se oculta na palavra hebraica para casamento.

  Há duas palavras usadas em hebreu para casamento: kiddushin e נישואים nishuaim. Kiddushin é aquela mais falada, mas realmente ela significa “betrothal”. É o período anterior à vida conjugal. De nenhum modo kiddushin denota santificado, de sacramento, de santidade, de pureza. Um casal se torna casado no momento que realiza o ato sexual; esse é um fato da natureza que está referido em o Talmude. Sexo é um selo do casamento. Na natureza o casamento não requer qualquer documento, nem mesmo requer o sacerdote de um rabi para abençoar o casamento. De acordo com o Talmude sobre o qual as religiões de judeus e cristãos estão baseadas, se você teve sexo você está casado. Ademais, isso não é meramente matéria religiosa. É uma lei natural. A união sexual é uma ligação de matéria e energia extremamente profunda.

  A outra palavra hebraica para casamento é נישואים Nishuaim, e essa palavra vem de uma raiz significando “elevar, crescer”. Temos falado sobre as quatro criaturas sagradas que nos elevam ao paraíso e que são os quatro corpos solares. Nishuaim ou casamento significa elevação: o modo de nos elevarmos a Deus é através do matrimônio.

  Quando olhamos mais profundamente à palavra vemos que está escrito Nun-Iod-Shin-Vav-Aleph-Iod-Mem. A primeira letra נ Nun simboliza a semente, a energia sexual, o peixe, a terra. No centro da palavra está a letra ו Vav, a alma humana, força de vontade, Tiphereth, o corpo causal solar. Em ambos os lados estão dois pares de três letras. No início da palavra está ניש Nun-Iod-Shin e no final estão אים Aleph-Iod-Mem. Entre estes pares está o ו Vav.

  ניש ו אים

  Observemos estas letras:

   נ Nun está relacionada com a terra e o corpo físico.

  ש Shin está relacionada com o fogo e com o corpo astral.

  א Aleph está relacionada com o ar e com o corpo mental.

  ם Mem está relacionada com a água e com o corpo vital.

  Há as quatro criaturas sagradas, os corpos da alma. Entre aquelas palavras em ambos os lados estão dois י Iods. O iod representa uma pessoa. Quem mais são eles senão homem e mulher, marido e esposa? O casamento é a união de duas almas. Através dessa união, empoderada pelo ו Vav, a espinha e a força de vontade, as quatro criaturas sagradas, a alma, conseguem realizar. Eis como Moisés tornou-se o Messias; nossa alma humana se torna um sacerdote.

  O vaso solar nos dá poderes, capacidades que são diferentes daquilo que experienciamos agora. Uma única pessoa pode trabalhar duramente a fim de eliminar seu ego, transformar sua força sexual e despertar sua consciência. Ela pode desenvolver capacidades na consciência que são úteis e belas, mas o casal em matrimônio que cria a alma trabalha numa oitava inteiramente diferente criando corpos internos que existem em outros níveis de existência.

  O corpo astral solar pertence ao mundo astral; é um vaso de ouro. Quando esse vaso está criado temos então poder no plano astral, no mundo astral. Temos a habilidade para trabalhar diretamente com o corpo emocional, curarmos a nós próprios e aos outros.

  Quando tivermos criado o corpo mental, que é um corpo de ouro que tem poder no mundo mental, pode ser utilizado para curar-nos a nós próprios e aos outros.

  Eis porque esses corpos são tão importantes. Não são exatamente para jogos, para unicamente irmos para outras dimensões, viajar daqui para lá porque é ”legal”. Nosso sacerdote interno necessita-nos para curar-nos a nós próprios e então para ajudarmos a irmãos e irmãs que estejam morrendo. Eis porque temos um triângulo do sacerdócio. Nos sacramentos do sacerdócio aprendemos sobre a sefirote Yesod e Hod. Yesod – a nona esfera – é a sacerdotisa do sexo, a magia sexual, o tantra. Isso é מים Mayim, as águas onde aprendemos a elaborar ש Shin, Cristo, por causa de נ Nun, o peixe.

  Também já ouvimos sobre o sacerdócio de Hod relacionado com o plano astral. Em algumas tradições isso é chamado magia natural, cerimonial mágico ou ritual mágico. Concerne com a emoção e está especificamente relacionado com a segunda câmara. Há uma terceira forma de sacerdócio chamada magia hermética relacionada com a mente, em Netzach. Esse é outro nível de magia.

  Essas três esferas Netzach, Hod e Yesod são chamadas o triângulo do sacerdócio ou o triângulo da magia. Magia vem de magi, sacerdote. Repito: o objetivo da magia do sacerdócio não é ganhar poder para demonstração ou jogos, para dominar pessoas ou atender aos desejos delas; essas coisas são goécia, magia negra. Magia branca (puro sacerdócio) é sempre desempenhada segundo a lei de acordo com a vontade de nosso Deus interno e sempre para benefício de outros em primeiro lugar.

  A maior parte do tempo quando adentramos nesses estudos, a primeira coisa que queremos é dominar as mente de outros. Algumas vezes os estudantes dizem: “É tão legal, você devia ver a gnose” e querem falar a todos sobre isso e se os outros não gostam os estudantes ficam aborrecidos. Eles desejam que os outros os sigam. Isso é desejo de dominar outros a fim de que façam o que se queira. Essa vontade ou desejo de querer dominar outros para servir aos seus interesses não é bom. Esse é somente um exemplo. A qualquer tempo ao querermos que outros façam o que desejamos construímos uma porta aberta para a magia negra. Ao agirmos com essa intenção desempenhamos a magia negra, mesmo que seja unicamente na mente ou coração através de pensamentos ou sentimentos.

  Através da magia do sacerdócio, o sacerdote (Moisés, nossa alma humana) eleva o fogo do espírito santo por esses corpos. Especificamente, esses mesmos os corpos relacionados com a magia do sacerdócio, o triângulo do sacerdócio. O kundalini, o poder do espírito santo ilumina os corpos internos e propicia ao sacerdote o poder de desempenhar o que chamaríamos de “milagres”. Esse é um poder sobre os quatro elementos; um poder do sacerdote, nossa alma humana, sobre os quatro elementos, os quatro corpos, os quatro mundos ou as quatro esferas inferiores... o sacerdócio abaixo de Tiphereth. Eis porque nas antigas tradições sempre vemos milagres relacionados com os elementos água, fogo, ar, terra. São simbólicos.

  Através do processo da criação de corpos solares, o pináculo do templo interior está relacionado com Netzach, a mente. Isso está simbolizado nas tentações com que Jesus se defrontou quando esteve no deserto.

  “O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra”. (Mateus 5-6)

  Jesus não sucumbiu a essa tentação, porém Simão o Mágico sim. Lembremos a história de Simão escrita no livro dos Atos. A fim de se mostrar aos outros, demonstrar quão grande mestre ele era e convencê-los de sua mestria e sua doutrina, ele comandou os elementos do ar a conduzi-lo pelo ar de modo que pudesse voar. Em outras palavras: ele falhou naquela tentação. Então os apóstolos oraram a Cristo e as forças do ar levaram Simão e ele caiu morrendo. Em outras palavras, ele falhou. Isso está na Bíblia e é simbólico das tentações e ordálias nas quais estamos diante delas quando trabalhamos no triângulo do sacerdócio.

  Seremos tentados a nos mostrar aos outros, a parecermos impressionantes, a termos admiradores, a sermos respeitados, a que nos sigam; coisas desse tipo. Voar pelo ar é simbólico da mente; mostrar-nos o quanto somos inteligentes, habilidosos, o quanto espertos somos, o quão excelente damos uma palestra, o quão bem falamos sobre a gnose, coisas também assim. Essas são tentações em que estamos diante delas.   

  Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: ‘Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar’”.(Mateus 4:8-9)

  Muitos que trilham esse caminho obtêm sucesso na criação dos corpos internos. Recebem as bênçãos e os poderes nos mundos internos. Devido a terem criado os corpos da alma podem lembrar-se de vidas passadas; podem dar belos ensinamentos em suas palestras e discursos e podem interpretar sonhos. Detêm muitos poderes e habilidades, porém a maioria falha quando tentada no mundo da mente. Essas são as pessoas mais perigosas que encontraremos. Elas expõem a doutrina belamente, mas haverá em suas doutrinas um sutil veneno, uma água amarga – Mara o tentador. Essas pessoas são chamadas Simoníacas e já falamos sobre elas em palestra anterior.

  Para aqueles de nós que estão adormecidos e não tem poderes internos, é muito, muito difícil identificar quem é quem. Como podemos descobrir quem está superando as tentações e quem está caindo nelas? Como um estudante encontra um bom professor? Como um estudante sabe em quem confiar? A resposta é que temos de despertar nossa pessoal consciência. É o único caminho para sabermos. Precisamos criar nosso próprio sacerdote interior. Se seguirmos o nosso íntimo ao longo do caminho aprenderemos como saber quem é quem. Se seguirmos as pessoas físicas ou o que todos dizem, então permaneceremos na ignorância.

 O sacerdote gnóstico (dentro de nós) que supera essa tentação, que criou o corpo causal solar, recebe Cristo. Para aprendermos mais sobre isso temos cursos completos e muitos livros por ser verdadeiramente enorme trabalho. É o caminho direto para a libertação absoluta. Esse sacerdote, seja homem ou mulher, desempenha-se de seus trabalhos nesses níveis: mental, emocional, energético e físico. Tudo o que faz é para o benefício de outros. Não requer nada para si próprio. Nenhum prazer, nenhum reconhecimento, nem seguidores ou dinheiro. Faz o que faz simplesmente por amor.

  Por outro lado, aqueles que caíram pela tentação detêm muito dos mesmos poderes, mas buscam por eles próprios. Isso pode ser bastante sutil. A diferença entre eles é difícil de vermos. Entretanto se entendermos que esses níveis Hod e Netzach, especificamente, estão relacionados com a quinta dimensão então compreenderemos que a quinta dimensão tem aspectos superior e inferior.

  O aspecto superior está relacionado com os céus acima, que são puros, ao passo que o aspecto inferior está relacionado com o Klipoth, o inferno. Os magos brancos que trabalham com Cristo, trabalham com o aspecto superior da quinta dimensão, os planos mental e emocional. Os magos negros trabalham no aspecto invertido dos planos mental e emocional, no inferno. Os poderes se assemelham em nossa perspectiva de mundo físico. Ouvimos histórias que nos parecem as mesmas; podemos ver manifestações ou chamados milagres e nos parecem os mesmos, entretanto suas fontes são diferentes. Isso ilustrou a história de Simão o Mago. Porém ele e os apóstolos tinham poderes, mas de fundações diferentes. Os poderes que os magos negros têm são muito fáceis de adquirir. Podemos ir agora a uma livraria e encontrarmos centenas de livros que nos ensinarão como adquirir aqueles poderes. Eles ensinam práticas de meditação, clarividência, tantra, pranayama, etc. Ambos os negros e brancos usam as mesmas palavras, explicam as mesmas coisas, mas o negro coloca nelas um sutil veneno.

  Ouçamos nosso coração, nossa alma humana, nosso pessoal Moisés interior, nosso messias interior que pode nos guiar, mas não nos guiará se escutarmos nossa razão. Temos de escutar nosso coração. Isso é difícil uma vez que o coração, a emoção pode também nos confundir por estarmos no corpo emocional astral lunar, o kama rupa. Os magos negros têm poderes nos níveis do emocional e do mental, porém baseados no inferno.

  O inferno é o sistema digestivo da natureza. O inferno é onde a natureza digere e limpa o que é impuro. A humanidade está morrendo. A humanidade está entrando em surtos, em ondas no Klipoth. Tivemos muitas reais e grandes ondas com a primeira e segunda guerras mundiais em que milhões de almas mergulharam no inferno. Os mortos primeiramente flutuaram para dentro do Limbo, então gradualmente entraram através do trato digestivo do planeta onde todas aquelas impurezas são limpas e aqueles elementos são purificados. Os magos negros têm poderes naquele nível. Infelizmente devido ao psicológico da humanidade o mundo físico está afundando no inferno. Eis porque a vida está se tornando tão complicada. Eis porque na maioria das cidades as ruas em que andamos estão repugnantes e imundas. As coisas que vemos nas ruas são horríveis. Isso acontece porque estão afundando para dentro do Klipoth.

  Precisamos definir-nos entre esses dois extremos dentro de nós. Temos um ego e uma consciência em nós e a todo momento estamos utilizando energia. Mesmo se ainda não tivermos os corpos solares estaremos utilizando energia através desses quatro corpos relacionados com os quatro elementos. Mesmo sem os corpos solares produzimos magia, tarefas de sacerdócio porque temos uma alma humana. Porém o sacerdócio é ser negro ou branco dependendo de como usamos nossa energia. Depende de nós.

  Temos de ser muito, muito cautelosos. Nosso discurso pode conter um ato de sacerdócio uma vez que há poder em nossas palavras. Mesmo nossa expressão facial pode completamente, dramaticamente afetar alguém. Todos nós já experienciamos isso. Eis porque no livro de Tiago é dito:

  Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.

  Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.

  Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.

  Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.

  Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.

  A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.

  Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;

  Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.

  Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.

  De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.

  Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?

  Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.

  Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.

  Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.

  Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.

  Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.

  Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.

  Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.

(Tiago 3:10-18).

  Eis como um sacerdote deve se desempenhar de seus atos: com humildade, bondade, caridade, sem parcialidade ou hipocrisia, nunca falando amargamente. Esse discurso não seja exatamente por palavras, mas por ações e também pela mente. Através de ações corretas por nosso corpo, coração e mente, pelo aprendizado de todos os sacramentos e entrando na magia pela extrema unção para nos curarmos através de nossas ações, são esses os níveis pelos quais podemos compreender esta passagem do Êxodo:

"Eis que envio um anjo à frente de vocês para protegê-los por todo o caminho e fazê-los chegar ao lugar que preparei.

  Prestem atenção e ouçam o que ele diz. Não se rebelem contra ele, pois não perdoará as suas transgressões, pois nele está o meu nome.

  Se vocês ouvirem atentamente o que ele disser e fizerem tudo o que lhes ordeno, serei inimigo dos seus inimigos, e adversário dos seus adversários.

  O meu anjo irá à frente de vocês e os fará chegar.

  Prestem culto ao Senhor, o Deus de vocês, e ele os abençoará, dando a vocês alimento e água. Tirarei a doença do meio de vocês. (Êxodo 23. 20-23 e 25)

  A extrema unção vem através da correta ação, pelo seguir ao anjo que vem da Igreja Gnóstica. Dessa maneira aprendemos como realizar a extrema unção.

  Cristo. Descida ao Inferno

  Para fecharmos a palestra lerei a passagem que traz com ela o curso inteiro. Convido-os a escutar com suas intuições e prestar atenção aos profundos significados ocultos desta passagem. Foi retirada do Livro da Revelação, 22:

  “Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que frutifica doze vezes por ano, uma por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações.

  Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão.

  Eles verão a sua face, e o seu nome estará na testa deles.

  Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre.

 O anjo me disse: "Estas palavras são dignas de confiança e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer.

 "Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro".

  Eu, João, sou aquele que ouviu e viu estas coisas. Tendo-as ouvido e visto, caí aos pés do anjo que me mostrou tudo aquilo, para adorá-lo.

  Mas ele me disse: "Não faça isso! Sou servo como você e seus irmãos, os profetas, e como os que guardam as palavras deste livro. Adore a Deus!"

  Então me disse: "Não sele as palavras da profecia deste livro, pois o tempo está próximo.

  Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundície; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se".

  "Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez.

  Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.

  "Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm direito à árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas.

  Fora ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira.

  "Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar a vocês este testemunho concernente às igrejas. Eu sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplandecente Estrela da Manhã."

  O Espírito e a noiva dizem: "Vem!" E todo aquele que ouvir diga: "Vem!" Quem tiver sede venha; e quem quiser beba de graça da água da vida.

  PERGUNTAS E RESPOSTAS:   

  1. P– Aquele anjo que diz   ???... se você não seguir essas regras então colocarei em você um adversário, Satan ???

  R. – Certo. A escritura diz muito claramente que o anjo enviado por Deus é para prover a doutrina e dar ajuda através dos sacramentos e através da extrema unção. Se rejeitarmos aquela ajuda e não seguirmos a orientação daquele anjo, ele se torna nosso punidor. É isto que está escrito no Livro da Revelação. Os anjos de Deus descem para exercer o julgamento de Deus.

  Eis porque sabemos e explicamos que o Klipoth (inferno) foi instituído por Deus. O sofrimento que a alma passa ou nele entra é relativo àquilo que ela mesma criou. Por compaixão Deus proveu o inferno como um meio de limpar a alma a fim de que pudesse mais tarde ter uma nova chance. Ao sentirmos o sofrimento da vida, o primeiro lugar que devemos culpar por aquela dor é nosso íntimo. Não culpemos aquele que envia o carma para nós, porque aquele que nos traz o carma é um anjo. Aquele que nos dá o sofrimento é divino. Não absorvemos isso devido a natureza de nossa mente animal. Culpamos outros por nosso sofrimento quando a verdade é que recebemos aquilo que merecemos.

  2. P – Em espanhol os sacerdotes são chamados “cura” que significa curador.

  R. – Através dos tempos em todas as tradições os sacerdotes sempre foram curadores. Isso ainda acontece na medicina tibetana e na maioria das formas de medicina tradicional. Para ser um doutor precisa ser um sacerdote e para ser um sacerdote precisa ser um doutor. Paracelso disse tanto quanto.

  3. P – Você disse antes que a gnose foi medicina para a alma e veneno para o ego. Então quando alguém coloca a gnose em prática, a vida pessoal se tornará mais fácil, mas ao mesmo tempo mais difícil. Mais difícil por causa do ego e mais fácil por causa da consciência sendo desperta e expandida?

  R. – Sim, a vida se torna mais fácil e mais difícil. É fácil compreender se nos imaginarmos tentando nos descompactar pelo meio. Não nos sentiremos bem, é doloroso, mas é isso que temos de fazer. Precisamos libertar a consciência de sua prisão. Mas não é uma prisão como uma simples caixa e uma porta, é uma prisão de carne que sente. Essa prisão de carne não é física, mas sim matéria da quinta dimensão, especificamente relacionada com a mente e o coração. Acreditamos que somos o ego, nos sentimos no ego. O que sentimos é em maior parte devido a isso, uma vez que nossa consciência está adormecida.

  Quando aprendemos esse ensinamento ouvimos que temos de morrer psicologicamente. Isso soa como uma teoria interessante, mas a sua prática  é desagradável. Eis porque muitos estudantes saem a procurar em todas as partes por um caminho agradável de morrer psicologicamente. Eles inventam técnicas ou acreditam em qualquer coisa que os confortem. Nisso os simoníacos levam vantagem para conseguir seguidores. A medicina é amarga; machuca; é dolorosa. Porém através da dor, através da aplicação verdadeira da gnose, a consumação dessa extrema unção é medicina, e mesmo que sintamos dores, dificuldades, frustrações e ordálias, começamos a experienciar a liberdade da alma. É algo inexprimível.

  Lembro-me de uma conversa relacionada a isso. Uma pessoa quis saber qual era a real diferença entre a magia negra que tem a ambição pelo poder e a magia branca que tem a ambição de adentrar no Absoluto. A nós nos parece a mesma coisa. Parecem ambas querer ascender a algum lugar, ter o desejo de adquirir alguma coisa. Entretanto há uma diferença muito potente e importante entre as duas. Uma aspira poder, seja físico, sexual, econômico ou poder na quinta dimensão a fim de dominar os outros, caminhar através de paredes, mostrar seus poderes, fazer diamantes ou o que seja... esses são desejos enraizados no self, enraizados no ego.

  Por outro lado a pessoa que trabalha para libertar sua consciência do ego começa a experienciar o gosto da liberdade que chamamos Éden, felicidade. Quando sentimos como é estarmos do lado de fora da caixa, queremos permanecer fora. Queremos estar libertos da dor, do sofrimento. Isso não é um desejo, mas aspiração. É nosso direito. O iniciado que esteja ascendendo pelos muitos níveis em direção ao Absoluto não está buscando tornar-se alguma coisa mais; ele busca tornar-se alguma coisa menos: tornar-se não “eu”, livre do “eu”. Há uma individualidade ali que chamamos uma personalidade solar, que é uma personalidade do Ser real, que é pura inteligência (Binah) e pura sabedoria (Chokmah). É a inteligência ou a individualidade dentro do Prajna, que é o vazio. Isso nos é inconcebível.

  A pessoa que experienciou isso, a natureza do vazio, experienciou a natureza de Cristo, que não tem individualidade do modo como entendemos isso. O mago branco anseia estar perdido nessa luz, mergulhar naquele oceano. Nosso ego odeia essa ideia porque queremos ser uma individualidade, queremos permanecer a parte, queremos ser diferentes, sermos reconhecidos, notados. Não é o mesmo de estar nos reinos paradisíacos. Se alguém busca ser notado, ser diferente, destacado, esse é o ego. É isso o que eles querem no Klipoth.

  4. P. – No Livro dos Atos quando Pedro e João estão desempenhando a extrema unção, Simão o Mágico deseja saber sobre o mesmo poder. É a mesma extrema unção desempenhada pelo Espírito Santo abaixo, Mayin ou acima, Schamayin?

  R. – No Livro dos Atos os apóstolos estão desempenhando a extrema unção de curar. Simão o Mágico quer aquele poder e tenta compra-lo. O ponto é: aquele que está desempenhando o milagre é o apóstolo, é o poder que pode comprar ou vender? Não. Somente a um pode ser dado aquele poder porque o poder é dado por Deus, uma vez que aquele o conquistou porque é suficientemente puro, suficiente limpo, suficiente cumpridor, suficiente virtuoso para recebe-lo. Eis porque em “Logos, Mantra, Teurgia”, Samael Aun Weor explica a história sobre a cura realizada e quando o sacerdote gnóstico recebeu um pagamento financeiro o Espírito Santo veio para aquele sacerdote e disse: “você está fazendo muito errado”, então o sacerdote entendeu que tinha que devolver o dinheiro porque não havia feito nada. Quem houvera feito a cura fora o Espírito Santo, Deus.

  Eis porque oferecemos esses ensinamentos gratuitamente. Eis porque todo conhecimento verdadeiro é liberto... pelo menos da sujeira do dinheiro. Pagamos por isso, mas não terrenamente, uma vez que tudo custa alguma coisa. Então encontramos professores de espiritualidade que cobram enormes valores em dinheiro por seus ensinamentos ou curas e estão fazendo a coisa errada. Aquele que cura é Deus. O verdadeiro que ensina é Deus. Eis porque no Livro da Revelação é dito: “não se curve diante de mim, Eu sou seu irmão. Venere Deus”.

  Infelizmente encontramos os muitos chamados “apóstolos, profetas, mestres” que querem ser adorados, que querem que todos os reconheçam e digam: “sim vemos que vocês são mestres e isso e mais aquilo”. Isso não tem nada a ver com Cristo. 

  Cristo dá-nos de graça dele mesmo e não pede nada em troca. Jesus belamente representou isso no mais profundo ato da extrema unção jamais vista, ao morrer na cruz. Ele deu tudo aos outros. Mesmo quando perseguiram-no, puniram-no, chicotearam-no, cuspiram-no, ele disse: “Perdoem-nos pois eles não sabem o que fazem”. Ele não disse: “Ei, sou Jesus, vocês não deviam fazer isso comigo”.

  5. P – O que você poderia dizer a alguém que com estas conversas de táticas de terror em termos de catástrofes de que sempre falam, como de catástrofes externas. O que nos diferencia de qualquer outro grupo que aterroriza pessoas com catástrofes?

  R. – Se vamos ao médico e ele nos diz que temos câncer e duas semanas de vida, acusá-lo-íamos de tática terrorista ou ficaríamos agradecidos por nos ter dito a verdade? Muitas pessoas ficam doidas diante do doutor e o deixam: “vou a outro médico obter outra opinião!” O mesmo acontece aqui. Não queremos a verdade, queremos ser confortados.

  O médico pode não saber exatamente quanto tempo temos de vida, porém é hábil e educado para saber que temos câncer que nos está matando. Ainda, a maioria das pessoas não quer ouvir isso. Estamos ensinando que a humanidade está face a um final de ciclo. Esta raça morrerá e tudo o que existe neste planeta cessará de existir. Isso é um fato e  qualquer um que desperte a consciência pode confirmar. Há outros grupos que ensinam coisas similares. Estamos sempre ouvindo profecias como: “o mundo vai acabar em 2012”, com relação ao calendário Maya e com todas essas diferentes teorias que ouvimos. Porém a diferença é que pela Igreja Gnóstica podemos aprender como acontece do outro lado, a fim de não sermos exatamente uma vítima, mas um conquistador. Esta é a diferença: ensinamos como sobreviver no final.

  Parte do que ensinamos na gnose é que o meio das grandes adversidades é o potencial para a mudança. Essa é uma chave do budismo também. Eis porque os maiores professores, aqueles que realmente alcançaram as profundidades do conhecimento, ensinam que os momentos de completa paz na vida são veneno para a consciência. Para escaparmos da realidade, nos escondermos nas florestas é realmente ruim para nós. Pois como iremos ver nosso ego se estivermos isolados daquilo que o estimula? Se não vemos nosso ego não podemos nos libertar dele?

  Exatamente agora há uma proliferação de conhecimento, como jamais antes visto. Há mais conhecimento publicado disponível e de graça do que nunca houve... sempre. Temos agora acesso a textos raízes de todas as tradições. A doutrina secreta de cada tradição está revelada. Isso por que a Igreja Gnóstica está mostrando a extrema unção para esta humanidade. O conhecimento espiritual é o bálsamo que necessitamos a fim de salvar a alma antes que o corpo morra.

  6. P – Podemos estabelecer que o budismo, a partir de sua relação com Netzach, a mente, seja uma doutrina para a extrema unção nesses momentos do fim?

  R. – Absolutamente sim. Concordaria com isso. O budismo definitivamente é uma medicina muito direta para a mente. É uma forma de extrema unção especificamente focada na mente, em Netzach. E acredito que isso se deu porque Samael Aun Weor deu tal ênfase para a união entre o budismo e o cristianismo e estabeleceu diretamente que após sua ressurreição ele iria para a Ásia a fim de unificar o budismo com o cristianismo. Porém Ásia é Assiah, o mundo físico, e Samael com sua doutrina está unindo o budismo com o cristianismo através de mestres e servidores da Igreja Gnóstica.

  Eis porque estamos vendo tamanha viabilidade de textos e ensinamentos do budismo que pelos recentes milhares de anos esteve oculto.

  Necessitamos desse bálsamo para a mente. Necessitamos das doutrinas de Cristo e Buda trabalhando juntas em nós. Então é extremamente importante para estudantes e instrutores da tradição gnóstica estudar profundamente o budismo em conjunto com o cristianismo, lado a lado.

  O cristianismo esotérico que estudamos em O Pistis Sophia e outros importantes textos relacionam-se diretamente com o caminho do Bodhisattva, especialmente em níveis superiores. Porém para alcançarmos que precisamos criar a mente solar e precisamos limpar nossa mente, a mente lunar, o budismo esotérico, especialmente o tantra, é muito importante nesse esforço. Daí necessitarmos aquela extrema unção.

  7. P – Podemos então estabelecer que a melhor medicina de extrema unção neste real momento seja a do budismo?

  R. – Já discutimos as várias formas do conhecimento que recebemos, representados como as três câmaras. Na primeira câmara, nosso principal interesse é o estudo intelectual. Quando adentramos nas outras câmaras entramos em aspectos do ensino que se relacionam com outros cérebros, o cérebro emocional (segunda câmara) e o cérebro motor-instintivo-sexual (terceira câmara) a fim de irmos bem mais fundo naqueles aspectos de nossa psique.

  Não obstante desde o início do conhecimento deste ensinamento precisamos aprender a meditar. A meditação, especificamente, está relacionada com o sacerdócio de Netzach, a magia hermética. Sabemos das técnicas de meditação que se relacionam com outras esferas; sabemos das técnicas de meditação que se relacionam com Malkuth, especificamente com o corpo físico.

  Muitas dessas técnicas são ensinadas e estão se espalhando pelas escolas Shravakayana (fundação níveis de escolas), também chamadas escolas de “insight”, formas de Sutrayana ou de ensinamentos budistas. Esses são níveis introdutórios de meditação e concentração preliminar, normalmente com relax ou objetivando o “insight”. Existem técnicas de meditação relacionadas com Yesod, relativas ao corpo vital. Há imensa variedade de técnicas contidas nessas escolas relacionadas com o corpo vital, bem como existem técnicas de meditação relacionadas com o corpo astral, com as emoções.

  Ensinamos todas essas técnicas na gnose e é importante para os estudantes praticá-las todas para compreenderem como elas se relacionam e quando e porque elas são importantes. Contudo a prática crítica da meditação, o pináculo, o mais importante, está relacionado com Netzach, a mente. Essa prática, para aprendermos a manobrar com a mente, é o modo mais direto para compreendermos a extrema unção.

  Recebemos a doutrina intelectualmente em Malkuth. Começamos por transmutar nossas energias sexuais e trabalhar com o sacerdócio de Yesod, através da magia sexual. Começamos por aprender cerimonial ou ritualística mágica em Hod através do desenvolvimento da devoção, Bhakti. Entretanto o trabalho real, o coração e a alma disso da cura, está em Netzach, a mente, através da meditação. Se evitarmos isso nossa consciência morrerá, visto que a medicina não pode ser aplicada. A medicina que precisamos vem através da meditação. Essa medicina é compreensão, inspiração real, Vipashyana que em sânscrito significa “visão interior especial”. Isso é interiorização que vai além da compreensão e que podemos recebe-la através das formas inferiores da meditação e incluem a auto-observância.

  Através dos sentidos físicos podemos unicamente ver o que é físico e podemos somente ver alguns dos sintomas do que seja mais sutil do que aquilo na quinta dimensão especificamente. Para conseguir chegar na raiz da doença devemos ver de onde vem a doença. Essa doença está no fundo, nos 49 níveis da mente, e o modo como conseguir chegar lá é pela meditação. Não há outro modo. A meditação é a verdadeira base, a fundação verdadeira, o verdadeiro coração da cura que necessitamos. Podemos transmutar toda a energia que queiramos, mas se não meditarmos e compreendermos nossa doença, não podemos ser curados.

  8. P – Qual seria sua recomendação para um novo estudante em termos de meditação?

  R. – Para um novo estudante aprender sobre meditação a primeira coisa que recomendaria é estudar os ensinamentos através do intelecto, de modo equilibrado. Deva ele estudar os ensinamentos e meditar sobre o que estuda. Não exatamente abarrotar a mente com conceitos, mas ler um pouco e então sentar-se, relaxar e pensar sobre aquilo. Meditar sobre aquilo que leu. Conjeturar em como aplicar em sua vida o que acaba de experienciar. Então ir mais além disso; fechar os olhos, relaxar e manter-se meditando, relaxando e penetrando no que haja estudado. Essa é uma forma básica de meditação e pode conduzir a muita compreensão.

  As palestras dadas aqui vêm de nossa própria compreensão do que estivemos estudando. Não meramente em livro de Samael Aun Weor ou em escrituras, porém através de nossa vida pessoal. A gnose nasceu da prática do conhecimento. Significando conhecimento prático. Mas isso vem de nosso esforço individual. Se unicamente ficarmos lendo e acreditando não ganhamos muito. Uma crença não pode mudar nossa situação; isso somente é possível por um real e profundo entendimento. Assim um iniciante pode começar neste caminho, analisando e refletindo, aprendendo como relaxar, como auto observar-se e auto recordar-se. Todas essas coisas são importantes.

  O estudante precisa ir pouco a pouco cultivando a disciplina e a compreensão do que seja a meditação. Não através da força nem por um caminho militarizado... mas gradualmente, pela experiência. E digo isso num caminho específico por uma importante razão. Quando ouvimos este ensinamento e a ênfase que é colocada na meditação, algumas pessoas reagem dizendo: “estarei meditando diariamente por uma hora ou duas”. Essa é uma grande intenção, mas ninguém consegue realiza-la assim. É possível fazer por uns poucos dias, mas exaure; então o projeto é abandonado e fica muito mais difícil recomeça-lo.

  Melhor é começar com menor esforço e ser realista. Gastar uns poucos minutos a cada dia, relaxando e praticando uma técnica. Gradualmente, na medida em que se ganhe experiência entende-se a importância daquilo e se começa a ver o quão importante e necessário aquilo é, e o quanto nutre; então é recomendado que gradual e naturalmente se vá incrementando o conjunto da meditação. Eventualmente alguém alcançará o nível que deve alcançar: meditar de quatro a seis horas por dia, conforme fez Samael Aun Weor.

  Entretanto ao longo do caminho não se deve senti-la como enorme fardo, pois será veneno em seu desenvolvimento. É começar devagar, estar onde está e ouvir a orientação que se obtém do íntimo. Nosso Ser sabe o que necessitamos e nos guia em nossas práticas, se o ouvirmos. Existem centenas de técnicas nessa tradição. Qualquer delas pode nos ser de utilidade no tempo certo. Eis porque não temos uma série de rígidos passos que todos os estudante têm de seguir, porque cada estudante encontra-se numa diferente posição. Seria como um médico que diz a cada paciente que lhe chega que ele tem de tomar a mesma pílula na mesma ordem. Não há sentido nisso e matará ou adoecerá a maioria de seus pacientes. Um médico tem de olhar cada paciente e dizer:”você tem esta doença, você tem este problema, então essa é a medicação que precisa”. Cada paciente tem suas próprias necessidades. Cada um de nós é um paciente. Mas cada um de nós tem um Ser interior que é o seu próprio doutor. Precisamos ouvir nosso próprio doutor.

  O verdadeiro médico em nós é nosso Ser que está interiormente e não fora. Se escutarmos sua orientação através de sonhos, meditações, intuições podemos dizer: “estou me sentindo atraído para esta particular meditação, a esse partícular livro, ou a esse mantra”. Ouçamo-los. Aquela súbita atração, aquele súbito interesse é a orientação que estivemos procurando. Não comecemos a raciocinar: “oh não, não estou pronto”, ou “isso me parece muito difícil”, ou “à isso e isso dizer não”. Ouçamos o íntimo, não o exterior.

  9. P – Então a meditação individual é diferente daquela em grupo?

  R. – Sim, a meditação individual é diferente da meditação em grupo. Ambas têm valor, ambas são importantes, ambas são recomendadas. Se vocês tiverem acesso a uma escola gnóstica prossigam tanto quanto puderem e meditem. Ajudarão porque a energia de grupo é muito, muito forte. Pode ajudar em muito. Outros estudantes de lá que tenham alguma experiência podem ajuda-los não somente com suas presenças mas também com seu conhecimento. Isso é muito importante. 

  10. P – Você disse algo sobre meditação conectada com hermetismo. Pode nos explicar sobre isso?

  R. – A magia hermética vem da tradição de Hermes Trimegistus que é um grande mestre de eras passadas relacionadas com o Egito e Grécia. Hermes em sua raiz está relacionado com Mercúrio. Hermes é outro nome para Mercúrio e Mercúrio está relacionado com a mente, o ar. Então quando falamos sobre magia hermética, o verdadeiro significado é magia relacionada com a mente, com as forças do ar. A forma mais elevada de magia hermética é a meditação.

POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO

PENSAMENTO DO DIA

  Não podemos saber nada sobre Alma e Espírito se nada soubermos de nós próprios”. Samael Aun Weor, Tarot e Cabala

  Fonte: https://gnosticteachings.org/courses/sacraments-of-the-gnostic-church/738-sacrament-of-extreme-unction.html

  Tradução Inglês / Português: Rayom Ra

                                                                  Rayom Ra

                                               http://arcadeouro.blogspot.com.br