P. – Jesus
não é o governador espiritual da Terra? No entanto, dizeis que ele veio da
“Esfera dos Amadores”, provavelmente de algum orbe situado muito além do nosso?
RAMATÍS – Mais uma vez tomais a palavra do
espírito pelo espírito da palavra, porquanto não estamos nos referindo a
qualquer situação geográfica ou astronômica nestes relatos. Jesus deixou o seu
reino espiritual apenas quanto à redução de seu campo vibratório e de sua
consciência sideral, mas não veio de
qualquer outra latitude astronômica ou cósmica. (*)
(*) Este parágrafo do Mestre Ramatís identifica perfeitamente a
posição de Jesus quanto a ter estado na Terra como Avatar da Era de Peixes e de
não ter vindo de outro planeta somente para tal e grandioso evento. Temos
observado que o acesso à internet por tantos autointitulados médiuns e canais
“exclusivos”, a compilar trechos de ensinamentos de consagrados autores de
páginas espirituais ou esotéricas, que misturando conteúdos procedentes daqueles autores com
suas próprias palavras e ideias insensatas, vem propiciar a essas pessoas ideais cada vez
mais ambiciosos de despontarem como médiuns especiais e serem reverenciados por
seguidores. Essa vaidade e orgulho descabidos acabam por criar caminhos errados
e sediciosos ao público despreparado sobre tais assuntos. A intenção, uma vez
trabalhada, também traz implícito, além do anseio à fama por esses "coautores", ganhos monetários nos anúncios e ofertas para compras de seus livros e
produtos personalizados. [Rayom Ra].
A Esfera dos Amadores é um conjunto sideral
de almas excelsas e identificadas por seu padrão espiritual semelhante ao de
Jesus. São espíritos eletivos, entre si, que formam um todo ou coletividade
sideral e vibram, felizes, unidos pela mesma natureza angélica. Não se trata de
uma “esfera material” ou planeta físico, mas de um “estado vibratório” peculiar
e de natureza superior. São entidades portadoras de um Amor incondicional; e
sentem-se felizes quando eleitas para qualquer missão redentora nos mundos físicos,
dispondo-se a todos os sacrifícios em benefício dos seus irmãos que ainda se
encontram nesses planos inferiores.
A Esfera dos Amadores pode ser concebida à
semelhança de uma “esfera social”, “esfera militar”, “esfera científica” ou
“esfera religiosa”, em que se agrupam criaturas pela mesma afinidade, simpatia
ou tarefas semelhantes. Jesus foi um “Avatar” eleito da Esfera dos Amadores
para baixar à Terra no tempo predito, porque só um espírito do quilate dessa
esfera seria capaz de tanto amor e renúncia para a missão de redimir o homem
terreno.
No
entanto, desde a origem de vosso orbe, ele jamais deixou de presidir os vossos
destinos, atento ao esquema evolutivo traçado há trilhões de anos terrestres na
elaboração do atual “Grande Plano”, que vos proporciona a aquisição individual
de consciência espiritual.
P.
– Em nossas reflexões concluímos que o amor absoluto e incondicional há de ser,
no futuro, uma qualidade comum a toda humanidade cósmica. Mas em face de vossa
exposição, parece-nos que só a “Esfera dos Amadores” agrupa, realmente, as
almas já cristianizadas por esse amor? Não é assim?
RAMATÍS –Inegavelmente, o Amor é a essência
espiritual indestrutível e o fundamento da angelitude de todo ser; mas o anjo,
como símbolo da alma perfeita, só é completo quando também já adquiriu a
Sabedoria Cósmica. Embora todas as almas afins de Jesus sejam portadoras de
amor tão semelhante quanto ao dele, elas podem se agrupar em conjuntos
diferentes, unidas por outras características e gostos preferenciais.
Não é difícil comprovarmos que a figura
tradicional do anjo, cultuada pelo Catolicismo, seja realmente um símbolo da
alma completamente livre de quaisquer deveres ou preocupações com os mundos
materiais, e goze do livre arbítrio de doar o seu Amor e Sabedoria a quem
melhor lhe apetecer. O Anjo possui duas asas, mas ele só se equilibra, no
tráfego do “reino dos céus”, quando ambas estão perfeitamente iguais ou
uniformes, porquanto a asa direita simboliza o intelecto ou a razão, e a
esquerda o coração ou o sentimento. A angelitude ou perfeição exige completo e
absoluto equilíbrio entre o Amor e a Sabedoria. Por isso, quem vive na Terra,
humilhado e submetido às provas cruciantes da carne, desenvolve a paciência, o
amor, a resignação e a ternura. E em futuro próximo, há de voltar à Terra ou a
outro orbe, tantas vezes quantas forem necessárias para desenvolver a asa
direita, ou seja, a Sabedoria da razão pura. Em consequência, embora a “Esfera
dos Amadores” congregue espíritos angélicos, cuja característica fundamental é
o amor e a renúncia da própria vida, para o bem do próximo, não é a única nesse
gênero, pois todos os espíritos angelizados e já libertos das encarnações
planetárias obrigatórias, embora sejam sábios, também são amorosos. Mas o amor
também pode ser manifestado de vários modos e conforme a índole psíquica de
cada ser seja um homem ou um anjo. Os Amadores, portanto, são um tipo de
espíritos que depois de eleitos para qualquer missão nas crostas planetárias,
jamais se prendem aos bens do mundo onde atuam. E além do seu amor incondicional
para servir e ser útil em tarefas de altas responsabilidades, a pobreza é a
principal característica de suas vidas. Eles não vacilam em suas lutas
messiânicas, pois as enfrentam desde o princípio com uma decisão heroica e
absoluta renúncia pelo ideal superior que esposam e divulgam. Esse é o tipo dos
espíritos peculiares da “Esfera dos Amadores”.
Embora o amor incondicional e absoluto seja,
realmente, no futuro, uma qualidade comum a toda a humanidade cósmica, tal
sentimento toma características peculiares da índole e do temperamento de quem
o manifesta.
P. – Poderíeis
dar um exemplo mais claro a fim de compreendermos melhor o fato de existirem
manifestações amorosas diferentes, de acordo com os temperamentos dos espíritos
agrupados na mesma esfera angélica?
RAMATÍS – Suponhamos um conjunto harmonioso
de almas, cujo sentimento fundamental também seja o amor absoluto, o qual, no
entanto, é composto de espíritos que se ajustaram à índole dos ingleses,
latinos ou asiáticos. Embora o sentimento predominante entre esses espíritos
seja o amor no mesmo diapasão espiritual, o seu sentimento se há de expressar
em conformidade com o temperamento e a índole de cada uma dessas raças. Assim,
os ingleses seriam fleumáticos e persistentes, os latinos eufóricos e
extrovertidos e os asiáticos místicos e introspectivos, cada um impondo o seu
cunho característico na prática e na manifestação desse seu amor.
Eis porque têm sido tão diversas as
manifestações do amor pelos benfeitores da humanidade. Aqui se desenvolve e
progride a medicina ou a física, graças ao sacrifício ou abnegação de um
Pasteur, Edison ou Marconi: ali Pitágoras, Sócrates ou Spinoza devotam todo o
seu pensamento em amenizar a angústia humana pelo medicamento sutil da
filosofia: acolá, o gênio de Da Vinci, o espírito agitado de Van Gogh, as
privações e a tristeza de Rembrandt, também geraram a beleza e o encanto
misterioso da pintura, manifestando o seu amor ao homem pela magia das cores.
Beethovem, o gigante da música, doa ao mundo a Nona Sinfonia, o testamento do
amor em sons; Mozart extingue-se ainda moço, deixando as mais fascinantes
melodias para a criatura humana; Bach deixa um monumento musical alicerçado no
conceito de que “o objeto de toda música devia ser a glória de Deus”, Tolstoi,
Dickens, Cervantes, Victor Hugo e outros manifestaram esse amor tentando novos
roteiros na esfera social e moral do mundo; Marco Polo, Colombo e outros o
fizeram na tentativa de estreitar as distâncias da Terra para o mais próximo
convívio dos homens!
Portanto, é sempre o amor manifestando-se nos
coloridos mais variados, em conformidade com a índole de cada ser. Muitas vezes
o sábio, o gênio ou o cientista principiam aquecendo o amor em si mesmos, numa
satisfação ainda ególatra; no entanto, eis que transborda esse amor além das
necessidades e da contenção do ser, para se transformar em doação ao mundo e em
benefício da humanidade!
É indubitável que os guias espirituais
precursores de Jesus também serviram à humanidade e a ensinaram para o Bem
porque eram de índole amorosa; mas há diferença entre as formas de pregar esse
amor, se compararmos Jesus a Confúcio, Krishna, Buda, Moisés, Zoroastro, Maomé,
Ghandi e outros. Só ele, enfim, o mais pobre dos homens foi o mais rico em
amor!
P. – Há,
porventura, outros conjuntos de espíritos afinizados pelo mesmo amor e
sabedoria, e que se constituem em esferas semelhantes à dos Amadores?
RAMATÍS: - Existem inúmeras outras esferas
espirituais com denominações simbólicas, para convenientes identificações nos
registros etéricos ou “akásicos” e que também reúnem espíritos afinizados pelo
mesmo sentimento de amor quanto à sua linhagem temperamental. O mundo
espiritual é semelhante a um imenso país cujos estados são constituídos por
essas encantadoras esferas de almas harmonizadas por sentimentos e objetivos
semelhantes, compondo a humanidade venturosa sob o carinho eterno do Pai! É
certo que, em sentido oposto, também existem coletividades satânicas, agrupadas
nas regiões trevosas e formando instituições belicosas, em porfia incessante
contra as entidades do Bem.
À semelhança da comunidade dos Amadores,
citamos a esfera dos “Justiceiros”, constituída por almas cuja jornada
messiânica pelo vosso mundo as faz aliar o seu sentimento fraterno e amoroso à
energia que reprova os desregramentos dos homens, como foram João Batista,
Moisés ou Paulo de Tarso; a esfera das “Harpas Eternas” abrange o conjunto de
espíritos eleitos para impregnar a música humana de respeitosa religiosidade,
como Orfeu, Palestrina, Bach, Shubert, Hendel, Mozart, Gounod, Verdi, Hayden e
outros autores dos mais belos oratórios, missas sinfônicas e trechos
religiosos; a esfera dos “Oráculos dos Tempos”, fonte dos profetas como Daniel,
Ezequiel, Jeremias, Job, Isaias, Miquéias, Elezier, Samuel ou Nostradamus; a
esfera das “Safiras da Renúncia” inspirou Ghandi, Francisco de Assis ou Vicente
de Paula; a esfera dos “Peregrinos do Sacrifício”, almas que se imolaram por
ideias ousadas de esclarecimento espiritual, como John Huss, Giordano Bruno,
Joana D’Arc, Sócrates; a esfera das Pérolas Ocultas”, refere-se às almas
capacitadas para a revelação dos fenômenos excepcionais da vida invisível, como
Antônio de Pádua, Apolônio de Tyana, Dom João Bosco, Tereza Neumann, Home,
Eusapia Paladino e outros; a esfera das “Chamas do Pensamento” abrange as almas
do tipo de Hermés, Zoroastro, Platão, Buda, Pitágoras, Krishnamurti e outros
autores dos novos rumos para a libertação mental do homem: a esfera das
“Estrelas Silenciosas” reúne espíritos mais raros, em cuja vida física eles se
tornam verdadeiros “canais livres” de receptividade à fluência espiritual do
Alto sobre os homens, alimentando seus próprios discípulos só pela sua presença
tranquila e confiante, como Sri Ramana Maharshi, Ananda Moyi Ma, Lahiri
Mahasaya, Girl Bala, Babaji e outros iogas. Na esfera dos “Archotes da
Procura”, salientam-se os espíritos preocupados em investigar a religião pelos
caminhos da Ciência, como Blavatski, Max Heidel, William Croockes, Sinnet,
Leadbeater, Besant, Kardec e Ubaldi.
Insistimos em dizer-vos que essas
denominações correspondem mais propriamente às exigências da linguagem do mundo
físico, a fim de fazerdes uma ideia aproximada das peculiaridades manifestadas
por esses espíritos em seus conjuntos ou esferas siderais, e os motivos
principais que os atraem entre si para uma vida feliz e fraterna. Infelizmente
não podemos alongar-nos no assunto ou expor-vos particularidades que possam
satisfazer a todas as indagações, porque teríamos de esmiuçar-vos a matéria de
complexa tiptologia sideral. Quando mais tarde compreenderdes a verdadeira significação
da paixão de Jesus na Terra, então podereis aquilatar o sentido exato da
terminologia psicológica desses vários grupos de Espíritos, os quais, apesar de
sua maneira de agir, não só se congregam para o mesmo fim espiritual, como
ainda atendem às convocações dos Instrutores Espirituais em suas missões de
sacrifício nas crostas planetárias.
Cada grupo sideral é aproveitado conforme sua
índole e talento, pois enquanto certa parte fica no Espaço, intuindo e guiando
os encarnados para a maior receptividade dos ensinamentos e revelações do
Instrutor situado na matéria, em época devidamente prevista, como aconteceu a
Antúlio, Hermés, Krishna, Buda, Jesus ou Kardec, outros se encarnam na Terra
como antenas vivas propagadoras dos novos conceitos espirituais. Então se pode
observar, no mundo material, que as grandes transformações e os renascimentos
operados nas esferas musicais, na pintura, na ciência, na política ou na
religião, não se cingem exclusivamente ao indivíduo que expõe e divulga a nova
mensagem, mas, em seguida, aderem a elas discípulos seguidores e simpatizantes
atraídos pela natureza do mesmo ideal. No entanto, esta adesão absoluta e
jubilosa em torno de igual mensagem de renovação no mundo é sempre fruto de um
plano inteligente, sensato e evolutivo a se desdobrar na matéria e controlado
pela sabedoria dos Mentores Siderais, assim como ocorreu na propagação do
Cristianismo.
Fonte: O Sublime Peregrino, ditado por
Ramatís, Capítulo VI
Rayom Ra
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