O conhecimento sobre o antakarana para o mundo não iniciático, não esotérico, revelou um momento em que a humanidade já estava em condições de receber novos ensinamentos mesmo sem a profundidade que os monges budistas, os vedantas e ocultistas orientais conhecem. As escolas filosóficas e seitas do oriente possuem imensas riquezas da sabedoria oculta, do enigma do homem, de sua construção interna, sendo conhecedores das técnicas pelas quais os pretendentes podem encurtar o caminho para a libertação dos grilhões da matéria, desde que, naturalmente, tenham alcançado um pré-amadurecimento.
Da teoria para a prática vão distâncias grandes, bem como de métodos entre escolas. Há escolas de disciplinas muito duras, outras menos e outras ainda que nada exigem senão que o pretendente ele mesmo se disponha ao autoconhecimento na sua busca pessoal.
Os tempos, no entanto, são outros e muito do conhecimento e sabedoria milenar orientais, num processo que parecia natural e espontâneo, começou a ser buscado pelos pesquisadores ocidentais a fim de suprir as lacunas do ocultismo praticado neste lado do mundo. Entretanto, essa tendência já demonstrava o resultado do estímulo prévio da Hierarquia Planetária para o início da mescla de informações entre escolas dos dois hemisférios para um conhecimento mais amplo dos assuntos a fim de se complementarem as práticas subjetivas orientais com as objetivas ocidentais.
O oriente, por milênios, desempenhou o papel de pai-mãe do conhecimento do ocultismo no mundo, desenvolvendo todos os métodos de aprimoramentos espirituais que a Fraternidade Branca determinara, guardando os segredos que somente uns poucos podiam ter acesso, como ainda hoje acontece. Os orientais, sendo de natureza introspectiva e culturas desenvolvidas para intensos valores internos, se transformaram nos grandes celeiros para as escolas do ocultismo no ocidente e base de suas religiões. Não foi sem razão que a última grande religião mundial que inauguraria a era astrológica de Peixes de 2.160 anos, viria, justamente, surgir no oriente médio, perto dos limites geográficos dos hemisférios oriental e ocidental, anunciando com isso a aproximação futura e mais estreita das duas diferentes culturas. O cristianismo marcaria uma nova era para a humanidade ocidental porque Cristo surgiria na Terra com a ampla mensagem de um trabalho interno de purificação e serviço, para resultados semelhantes aos obtidos nos métodos orientais de meditação e ação externa caritativa, que Buda 500 anos antes ensinara.
O papel do ocidente, não obstante, deveria ser e foi o de desenvolver a mente prática e objetiva, às ciências humanas, o desvendamento de segredos da matéria, de seus recursos e transformações em diferentes situações. O culto ao cristianismo, nos seus primórdios, foi sacrificante, mas glorioso para os primeiros cristãos. O mundo ocidental, mediante aqueles heróis seguidores de Jesus, veio a conhecer uma nova ordem de idéias e ideal religioso, diferente das práticas politeístas, de oferendas em sacrifícios e mitologias.
O que se seguiu no ocidente, no primeiro milênio, foi a materialização do que previra o Avatar Cristo para a humanidade. Grandes sofrimentos assolariam os povos; os cristãos seriam perseguidos e guerras aconteceriam. Haveria, no entanto, inversões após a organização e domínio da Igreja sobre reis e governantes. Esse período foi drasticamente cármico para os povos, um expurgo de seus males acumulados desde um passado distante, uma queima de carma mundial que representou em grande medida a purificação de coletivos humanos para realmente permitir a entrada na Era de Peixes, aos seus objetivos maiores. Essa entrada coletiva, no entanto, somente começaria a acontecer em escalas crescentes a partir do segundo milênio, quando o despotismo sacerdotal e escravista da igreja seria seguidamente enfraquecido e o homem começaria a trabalhar a mente racional com maior liberdade, dando ênfase às pesquisas científicas.
Isso não foi nem acidental ou casual, e nem se deveu a um coincidente pensamento dos precursores da ciência moderna. A hierarquia oculta sempre trabalhou para conduzir a humanidade com seu carma a esses objetivos, principalmente porque com a Era de Peixes, potentes energias canalizadas do Cristo Cósmico, proporcionavam condições para essas decorrências. Tudo previsto num organograma grande e abarcante no Plano da Criação em favor dos avanços da mente humana e planetária. Os erros e crueldade levados a cabo ou sofridos pelos povos em situações diversas de domínios, conquistas, imperialismos, fanatismo religioso, guerras locais ou mundiais, ou afligidos pelo desemprego, miséria, fome, epidemias, etc., formaram entraves e agravamentos, mas, principalmente, foram drenos do pesado carma das nações que a lei de causa e efeito fazia retornar. Os males da humanidade tiveram sempre a participação de elementos trevosos, sob o amparo de grandes egrégoras de energia destrutiva consolidadas desde épocas muito recuadas, interessados em manter o atraso mental e atrelamento da vontade humana à cegueira material, não nos esqueçamos disto.
Nesse momento, oriente e ocidente se cruzam e se complementam em termos de práticas espirituais, culturais e comércio, pois nos planos superiores a Grande Fraternidade Branca une essas pontas para proporcionar ao planeta as condições de alcançar o seu melhor desenvolvimento. A chegada da humanidade a Era de Aquários traz os avanços que os mestres raciais para isso trabalharam durante milênios, por que essa Era vem acelerar todo um curso do projeto evolucionário para a Terra, para sua cadeia planetária e em alguns aspectos importantes para o sistema solar. O conhecimento de muitos segredos da natureza realmente veio para a humanidade através de pesquisas da ciência objetiva, conforme delineado pelos mestres. As prospecções no reino mineral evidenciaram os grandes e necessários recursos energéticos que jazem nesse reino. Os demais reinos são agora melhor pesquisados e observados num sentido integrador de energias e não mais como fontes químicas ou biológicas naturais destacadas. Os minérios, as plantas e animais são reconhecidos como essenciais para o eco-sistema planetário e precisam estar intrarrelacionados com a vida humana para que suas energias se fundam. É o processo natural de uma vida planetária como a nossa, finalmente entendido.
A consciência da humanidade tornou-se mais perceptível e sensível, mudando rapidamente porque já amadurecia e despertava para dentro e para fora com melhor qualidade e sentido de observação. O homem de hoje incorpora novas energias que antes passavam e não lhe atuavam, mas também está diante de outras cósmicas, irradiadas pelo sol, pelas constelações e estrelas distantes que não podem ser evitadas, pois a todos afetam. É um momento também do infinito cosmos que em projeção no espaço-tempo pervaga nosso sistema solar e planeta a integrar energias e forças com outros universos. Não há como fugir, e a humanidade vem então atingir o umbral de uma era de mudanças radicais no comportamento de um todo, estando a alterar seu curso de vida, visão e padrões vibratórios. Ademais, se assim não fizesse, correria um risco de voltar ao início de uma espiral já percorrida e de novo estaria diante das forças involutivas naturais dos elementos, pelas quais já passou, e de antigos problemas com o mal.
Esse risco, felizmente, não existe por que a massa humana que chega aos umbrais de Aquário potencializada pelas novas energias, dentro de um tempo previsto pelos mestres do conhecimento, despertará os poderes internos que místicos e iniciados de distantes milênios detinham, e avançando sob uma ciência mental transcendente a tudo o que até agora tem conhecido, deixará para trás um passado tumultuado e doloroso. O antakarana é, pois, um elemento que possibilitará à humanidade alcançar seus próprios níveis superiores; é a ponte a construir no caminho que Buda apregoava para a libertação e Cristo enfatizava para o encontro com o Pai.
Voltemos às análises das estruturas internas do homem e seu antakarana.
Tecnicamente o sutratma e o antakarana acabam se fundindo em determinadas funções, porém no fundo tudo é o sutratma. De outro modo, assim nos explica mestre D.K.:
“O fio da vida, o cordão prateado é o sutratma, e ao que o homem concerne é de natureza dupla. O fio da vida, propriamente dito, é um dos dois fios que constituem o sutratma e está ancorado no coração, enquanto que o outro encarnando o princípio da consciência, está ancorado na cabeça.”
Temos repetido que o processo da criação da ponte arco íris do antakarana é somente o início. A construção se estende para os planos mais acima, sob o trabalho conjunto da personalidade com a alma. A personalidade trabalha de baixo para cima enquanto que a alma trabalha de cima para baixo. Portanto, o que temos enfatizado é o fato de que os estudantes e praticantes do ocultismo necessitam doar-se no mister de aplicar suas energias mentais para a construção da ponte, utilizando-se da imaginação, concentração e meditação. Não bastam unicamente a conscientização dos elementos envolvidos e as etapas do processo. Nada se constrói sem esforços e nem a alma virá trabalhar sozinha porque seja o estudante bom cidadão, caridoso e cumpridor de seus deveres. O processo de construção necessita basicamente da aplicação da vontade consciente, da força do praticante traduzida em conhecimento e de sua energia transformada em sabedoria.
O homem em suas encarnações veio construindo outros fios ou elementos internos e assim se refere D.K.:
“Os fios que o homem cria são três e com os dois fios básicos criados pela alma constituem os cinco tipos de energia que fazem do homem um ser humano consciente.
Os três fios criados pelo homem estão assentados no plexo solar, na cabeça e no coração.”
Deste modo, os fios da vida e da consciência que procedem diretamente da mônada, virão se juntar com dois dos fios criados pelo homem localizados na cabeça e no coração. Estas posições de fios serão da maior importância conhecer quando no exercício da construção do antakarana, pois o praticante em etapas bem definidas ora visualizará a energia procedendo dos fios criados em direção ao superior, ora visualizará a energia ou força provinda do superior para o inferior. Vejamos outros aspectos:
“Temos dito aqui e noutra parte que a alma está ancorada em dois pontos do corpo.
1. Existe um fio de energia que denominamos aspecto-vida ou espírito, assentado no coração. Como bem se sabe, emprega a corrente sanguínea como agente distribuidor, e por meio do sangue a energia vital é levada a todas as partes do mecanismo. Esta energia vital conduz o poder regenerador e a energia coordenadora a todo o organismo físico e mantém são o corpo.
2. Existe um fio de energia denominado aspecto consciência ou a faculdade de conhecer a alma, ancorado na parte central da cabeça. Controla o mecanismo de resposta que chamamos cérebro e, por seu intermédio, dirige a atividade e permite ao corpo ter consciência por meio do sistema nervoso.”
Num novo resumo detemos o seguinte: há o fio da vida, o sutratma, e o fio da consciência. O primeiro está assentado no coração e o segundo na cabeça. Há o fio criador em três desdobramentos que se ancoram respectivamente no plexo solar, no coração e na cabeça. Um dos aspectos do fio criador veio sendo tecido muito lentamente pelo homem em ciclos passados. Este fato comprova a atividade criadora do homem, pois no seu conjunto, especialmente o discípulo, teceu um forte fio ligado ao plano mental. Sigamos:
“Quando o corpo astral e a natureza mental começam a funcionar como uma unidade e a alma está também conectada, uma extensão deste quíntuplo fio, os dois básicos (fio da vida e fio da consciência) e os três humanos (os três desdobramentos do fio criador), é levada até o centro laríngeo, e quando isto ocorre, o homem pode se converter num criador consciente no plano físico.
Estes três fios principais, que são em realidade seis, se o fio criador é dividido em suas partes componentes, formam o antakarana.”
Consideremos, e é fácil notar-se, que não serão com meras conjeturas e teorias que se conseguirá entrar no verdadeiro âmbito do antakarana. Mais adiante pretendo comentar dentro ainda deste tema, sobre alguns exercícios de aberturas de canais do corpo etérico com práticas do TAO. Necessário, no entanto, que o pretendente às práticas busque no esoterismo sua melhor base, cercando-se de forças em grupos ou fraternidades, tendo em mente o objetivo de realmente avançar. Todas as práticas do ocultismo envolvem energias e forças, não há práticas orientadas para o desenvolvimento de forças internas que não anelem perigos se feitas com atitudes irresponsáveis. Há de existir a conscientização de que práticas mentais no ocultismo devam e precisem ser acompanhadas de uma filosofia de vida completamente diferente daquela levada pelos homens comuns. O grande escudo protetor do esotérico está justamente na sua intenção pura de avançar sem egocentrismos ou ambições por poderes, e na intenção de servir ao próximo como possa e entenda.
Prosseguiremos.
Rayom Ra.
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