terça-feira, 28 de outubro de 2014

As Atividades da Alma Libertada - Aforismo Patânjali / Vyasa

  7. As atividades da alma libertada estão livres dos pares de opostos. As das outras pessoas são de três tipos.

  Notas de Rayom Ra: 1. Iogue na terminologia oriental é, basicamente, o praticante da Yoga. Yoga, entretanto, é um sistema de disciplina, ensino e aperfeiçoamento espiritual bastante extenso na sua filosofia. Quando há referências ao Iogue, como nas compilações dos Aforismos de Patânjali e nas de outros tradicionais autores, a quem os estudos esotéricos são expostos e dirigidos, devemos e precisamos dar aqui no ocidente – segundo entendo – uma forma ou relevo mais abrangente e generalizado ao termo.

  O Iogue é um buscador espiritual, como são os buscadores espirituais do ocidente; assim, este termo oriental pode ser também aplicado no ocidente a um reconhecido esotérico, um ocultista, um aspirante ou neófito dos caminhos internos, um espiritualista: qualquer um que se dedique a buscar a verdade pelos estudos ocultos e suas práticas, e não, unicamente, a um só tipo de praticante da tradicional meditação oriental, segundo a escola adotada, ou especialidade preferida.

  Dentre as muitas faces da Yoga, segundo ainda entendo, há aquela que se molda mais aproximadamente aos movimentos espirituais do ocidente, que é o Karma-Yoga. Esta especialidade é aquela em que o Iogue se coloca investido da idéia missionária, indo ao encontro do mundo para realizar obras de amor, dedicação e entregas absolutas, ou seja, de ajuda incondicional em que a caridade, a filantropia, a religiosidade, a defesa e prática de determinadas ideias políticas justas, mas poderosamente rejeitadas, as árduas e necessárias pesquisas científicas, os inventos tecnológicos, ou outras formas de nelas fazer-se integralmente doador, formam o escopo principal de sua vida. Esse trabalhador, faz parte ou está adentrando na categoria de almas desinteressadas e alheias aos resultados de benefícios pessoais, sem importar-se com sua própria sorte, mantendo-se, assim, norteado por uma idéia nascida e dinamizada em seu íntimo, e por uma vontade férrea de agir sempre como se fora um Salvador do Mundo.

  O mundo viu – e documentou – em tempos mais recentes, o desfile de algumas almas desses naipes que nunca esmoreceram, e assim atingiram patamares elevados nos escalões superiores dos planos espirituais, ou da Hierarquia da Terra.  Felizmente, ainda há almas com iguais disposições que, muitas, agindo no anonimato, segundo seus níveis de entendimento e capacidades, obram incessantemente o Karma Yoga pelos quadrantes do planeta.

  2. Em relação ao Karma, propriamente, é causa e efeito, e não há como não colher os resultados gerados pela mente, desejos e atos físicos. Deste modo, ainda que o conceito de Karma tenha sido revisto pela sabedoria da Hierarquia da Grande Fraternidade Branca Universal, estes aspectos estarão sempre implícitos no Ser.


  Se por um lado, os conceitos revistos visam aliviar a consciência mais experimentada de complexos de culpa ou inferioridade, motivados por indução do inconsciente ou subconsciente (o que é ótimo que os novos conceitos tenham sido recentemente introduzidos), relativamente aos atos presentes ou de passadas encarnações, por outro lado, ações, sendo energias em movimento, quer mentais, astrais ou físicas, aliviam a carga de que somos portadores, quando agindo positivamente, mas quando tratadas negativamente entranham-se em nossas células, causando-nos, nestes casos, desconfortos, pressões e limitações em nossas caminhadas, até que sejam expurgadas.

  Desse modo, continuará existir um regente consciencial a sinalizar orientações para cada unidade-vida ainda não completamente remida, a fim de que cumpra a bom termo o que lhe é necessário e ao que afiançou esforçar-se por alcançar na Terra.  Creio assim.


                                                                  /  /  /  /  /


  Este aforismo expressa o ensinamento em relação à lei do carma de um modo tão caracteristicamente oriental que confunde bastante o estudante ocidental. Uma análise do significado destas palavras e um estudo do comentário do grande instrutor Vyasa podem ajudar a esclarecer o significado. Deve-se também ter em mente que, no quarto livro, estamos tratando dos exaltados estados da consciência, que são alcançados pelos que seguiram os oito meios da ioga e que experimentaram os efeitos da meditação, detalhados no Livro III. O iogue é agora um homem livre, liberto das condições da forma e focalizado em sua consciência, fora dos limites dos três mundos do esforço humano. Ele atingiu o reino do pensamento puro e pode manter sua consciência livre e sem desejo. Assim, embora formule ideias e pensamentos, ele pode efetuar poderosas meditações e controlar “as modificações do princípio pensante”, sem criar condições que possam arrastá-lo de volta ao vortex do plano inferior da existência. Ele está liberto do carma, não dá origem a coisa alguma e nenhum efeito poderá prendê-lo novamente à roda dos renascimentos.

  Em seu comentário Vyasa indica que o carma (ou ação) é de quatro tipos, que assim expressa para nós:

  1. O tipo de atividade que é má, traiçoeira e depravada. Esta é chamada negra. Este tipo de ação é da mais profunda ignorância, da mais densa materialidade ou de deliberada escolha.

  Quando for resultante da ignorância, o desenvolvimento do conhecimento provocará gradualmente um estado de consciência no qual não mais se conhece este tipo de carma. Quando o que chamamos de ação errada é proveniente da materialidade densa, o desenvolvimento gradual da consciência espiritual transforma a escuridão em luz e o carma é novamente anulado.

  Quando, no entanto, for resultado de escolha deliberada, ou da preferência da ação errônea, apesar do conhecimento e em desafio à voz da natureza espiritual, este tipo de carma levará ao que o ocultista oriental chama de “avitchi” ou oitava esfera, um termo sinônimo ao que a idéia cristã chama de alma perdida. Esses casos, no entanto, são raríssimos e se relacionam com o caminho da esquerda e com a prática da magia negra. Embora esta condição implique o corte do mais elevado princípio (o do espírito puro, de suas duas expressões, a alma e o corpo, ou dos seis princípios inferiores), ainda assim, a vida, em si própria, permanece, e, após a destruição da alma em avitchi, ser-lhe-á oferecido um novo ciclo de ser.

  2. O tipo de atividade que não é nem toda boa e nem toda má, que é chamada preta-branca. Diz respeito à atividade cármica do homem comum, que é governado pelos pares de opostos, e cuja experiência de vida é caracterizada por uma oscilação para frente e para trás, entre o que é bondoso, inofensivo e resultante do amor, e o que é duro, maléfico e resultante do ódio. Diz Vyasa:

  “O preto-e-branco é provocado por meios externos, pois neste caso, o veículo de ações cresce, ou causando sofrimento, ou agindo bondosamente para com os outros”.

  Torna-se aparente então que o crescimento da unidade humana e suas qualificações dependem de sua atitude para com os demais e do efeito que tem sobre eles. Assim, traz-se de volta à consciência grupal e se gera ou elimina carma. Assim, também, é a oscilação do pêndulo entre estes pares de opostos gradualmente ajustada até o ponto de equilíbrio ser alcançado, e o homem age corretamente, não porque o bem e o mal o atraiam, cada um por seu lado, mas porque a lei do amor, ou da alma, dirige do alto.

  3. O tipo de atividade chamada branca. Este é o tipo de pensamento vivo e de trabalho, praticados pelo aspirante e pelo discípulo. Caracteriza o estágio do caminho anterior à libertação. Vyasa explica assim:

  “O branco é daqueles que se valem dos meios para melhorar, do estudo e da meditação. Isto depende apenas da mente. Não depende dos meios externos, e não é conseguido, portanto, causando-se prejuízos a outros”.

  É evidente, então, que estes três tipos de carma se referem diretamente:

                  A) Ao plano da materialidade               - o plano físico.
                  B) Ao plano dos pares de opostos      - o plano astral.
                  C) Ao plano do pensamento dirigido   - o plano mental.

  Aqueles cujo carma é branco são os que, tendo feito progresso no equilíbrio dos pares de opostos, estão agora empenhados no processo de sua emancipação consciente e inteligente dos três mundos. Fazem isto através de:
  a) Estudo, ou desenvolvimento mental, através de uma apreciação da lei da evolução, de uma compreensão da natureza da consciência e de sua relação, de um lado com a matéria, de outro com o espírito.

  b) Meditação, ou controle da mente e a criação, assim, do mecanismo que dá a alma o controle dos veículos inferiores e torna possível a revelação do reino da alma.

  c) Não agressão. Nenhuma palavra, pensamento ou ação que provoque dano a qualquer forma através da qual a vida de Deus se esteja expressando.

  4. O último tipo de carma é descrito como – nem branco, nem preto. Não se gera carma de espécie alguma; não se produzem efeitos, através de processos iniciados pelo iogue, que possam prendê-lo ao lado forma de manifestação. Agindo como ele o faz, do ponto de vista do desapego, nada desejando para si, seu carma é nulo e seus atos não produzem efeito algum sobre ele próprio.


Fonte: A Iluminação da Alma, Livro IV, Iluminação – A.A. Bailey.
            Lucis Publishing Company, N.Y. –Lucis Press Ltda – London.


Rayom Ra
[Leia mais Rayom Ra (Rayom_Ra) on Scribd | Scribd em páginas on line ou em downloads completos]

Nenhum comentário:

Postar um comentário